ARTIGO

A economia e as eleições de 2022

"Bolsonaro mostra que está disposto a desmoralizar o Teto de Gastos para ganhar votos, mesmo com a ameaça de instabilidade econômica. Do outro lado, o Lula acaba de anunciar, com os argumentos falaciosos e populistas, que vai revogar o Teto de Gastos se for eleito". Leia a opinião de Sérgio C. Buarque

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SÉRGIO C. BUARQUE

Publicado em 23/06/2021 às 6:03
O estado de São Paulo é o maior colégio eleitoral do País e é um estado decisivo na disputa pela Presidência - Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil

O desempenho da economia exerce sempre uma influência forte na inclinação do eleitorado a partir da sua percepção sobre o ritmo de crescimento e suas implicações na renda e no emprego. Não será diferente em 2022. As previsões de recuperação do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano (apoiadas no crescimento de 1,2% registrado no primeiro trimestre) poderiam levar a um dinamismo econômico no ano eleitoral, principalmente se houver uma vacinação em larga escala até dezembro. Com a recuperação da economia, Jair Bolsonaro poderia compensar o enorme desgaste político da sua criminosa postura diante da pandemia da covid-19.

Mas eis que a natureza entrou em cena para queimar o filme do presidente. A crise hídrica, que parece uma vingança antecipada do descaso do presidente com o meio ambiente, vai atrapalhar muito a recuperação da economia brasileira. Neste ano, a inflação vai estourar a meta, acelerada pela elevação dos custos da energia, o Banco Central iniciou no ciclo de elevação da taxa de juros e a economia não pode crescer, com escassez de energia elétrica. Quem perde mesmo é o Brasil e os brasileiros. Bolsonaro não tem empatia, mas está preocupado com o impacto da crise hídrica na economia e as consequências negativas no humor dos eleitores. Ele perde as chances de se reeleger. Neste caso, ganham Brasil e os brasileiros.

Diante deste cenário, resta ao presidente abrir as torneiras do Tesouro, abandonar as lições, que nunca entendeu, de Paulo Guedes, para ganhar eleitores dispersos com suas benesses, mesmo que aprofunde a crise fiscal e realimente a inflação. Bolsonaro mostra que está disposto a desmoralizar o Teto de Gastos para ganhar votos, mesmo com a ameaça de instabilidade econômica. Do outro lado da disputa eleitoral em 2022, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva acaba de anunciar, com os argumentos falaciosos e populistas, que vai revogar o Teto de Gastos se for eleito. Para alcançar e manter o poder, cada um ao seu modo, não tolera a existência de limites aos gastos públicos. E parecem dispostos a jogar o Brasil de volta aos desmantelos de Dilma Roussef.

Sérgio C. Buarque, economista

 *Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC

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