A desconexão da escola pública brasileira com o mundo digital é gritante. Numa sociedade disruptiva, a falta de conectividade nas escolas, dificuldades na formação do professor e no uso pedagógico de tecnologias digitais aumentam a distância entre o Brasil e países da primeira liga mundial. Das 140 mil escolas públicas no país, 20% não tem internet e apenas 6% das conectadas têm velocidade adequada para uso pedagógico. Para não ficarmos para trás na sociedade do conhecimento, o Brasil precisa de um pacto social pela educação, que passa pelo acesso de todos os alunos da rede pública ao ambiente digital.
Nessa jornada pela educação de qualidade, temos uma excelente notícia. O lançamento da MegaEdu, organização sem fins lucrativos, focada em levar internet de alta velocidade para todas as escolas públicas. Inspirada no projeto EducationSuperHighway, uma organização da sociedade civil dos Estados Unidos que ajudou a levar fibra óptica para as escolas públicas americanas, a MegaEdu trabalha com diretores, secretários e gestores de secretarias, gestores de políticas públicas federais, e com empresas de telecomunicação para criar soluções simples que liguem quem tem direito ao acesso e quem pode ajudar a transformar a educação.
Apoiada pela Fundação Lemann, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Imaginable Futures e UK Government., a MegaEdu defende que a internet na escola pública é um direito e uma ferramenta básica para educação. A integração entre sociedade civil e agentes públicos para acelerar o processo de inclusão digital é fundamental. Em 2017, quando fui ministro da Educação, lançamos a Política de Inovação Educação Conectada, numa parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, para ampliar a rede terrestre de banda larga, os serviços de conectividade, a infraestrutura de wi-fi e formar articuladores locais.
Investimos para promover a universalização do acesso à internet de alta velocidade nas escolas, universidades e centros de pesquisa e fomentar o uso pedagógico de tecnologias digitais na educação básica. Programas como o Amazonia Conectada e o Nordeste Conectado foram incluídos com foco nas regiões que têm a maior parte das escolas sem conexão. Segundo levantamento feito pela MegaEdu, hoje metade das escolas está em áreas com cobertura de fibra ótica. No entanto, 22% delas estão desconectadas, precisando apenas instalar os cabos. Neste momento em que a Política de Inovação Educação Conectada pode ser incrementada com recursos do FUST e do edital do 5G para ampliar a infraestrutura de conexão digital, iniciativas como a MegaEdu são urgentes e a relevantes para dar o primeiro grande passo para garantir internet em todas as escolas.
Mendonça Filho, ex-ministro da Educação e Consultor da Fundação Lemann.