Há exatamente um ano a democracia brasileira resistia a uma das mais absurdas tentativas de golpe. Aquela foi a última, mas não a primeira vez em que o bolsonarismo testou os limites da democracia. Durante quatro longos anos convivemos com ameaças constantes de golpe militar. Inúmeras vezes o próprio Jair Bolsonaro insinuou que faria isso e insuflou seus apoiadores nessa direção. O parlamentar que chocou o no Congresso Nacional, chegou à presidência, e nela passou a atacar a democracia e os direitos do povo brasileiro.
Ao fazer esse resgate, lembro que foi o golpe que depôs a presidenta Dilma que abriu o caminho para todos os horrores que vivemos nos seis anos seguintes. Posteriormente, a perseguição e prisão ilegal de Lula garantiu a eleição de Bolsonaro. E o principal responsável por ela foi recompensado com o ministério da Justiça.
Bolsonaro levou o Brasil de volta ao mapa da fome, retirou direitos e destruiu programas sociais e políticas públicas. As consequências disso vivemos até hoje. Mas foi na pandemia que Bolsonaro cometeu suas maiores atrocidades. Pelo menos 400 mil das mais de 600 mil mortes ocorridas na pandemia durante seu governo ocorreram por responsabilidade dele, como foi apontado na CPI do Senado. Sem esquecer de Manaus, onde o governo usou a população como cobaia humana, algo talvez só equiparável aos experimentos nazistas.
Crime apontado também na CPI. Devido a tudo isso, passou, corretamente, a ser chamado de genocida. Mas não parou por aí. Ao final de seu governo ainda descobriríamos outro
genocídio cometido por ele: o do povo ianomâmi. Após todos esses crimes e pressentindo a derrota eleitoral, Bolsonaro passou a atacar com mais força a democracia. Reuniu embaixadores de outros países para atacar o sistema eleitoral, numa tentativa de buscar apoio internacional para o golpe que planejava. No 2° turno usou de forma escandalosa a PRF para tentar impedir o voto de eleitores do Nordeste. E quando finalmente derrotado nas urnas, recusou-se a aceitar o resultado.
Passando a agir no subterrâneo estimulando seus apoiadores até o fatídico 8/01. Como bem afirmou o ministro do STF, Gilmar Mendes, Bolsonaro foi o grande mentor intelectual da tentativa de golpe. Lembremos ainda que dias antes, bolsonaristas tentaram explodir o aeroporto de Brasília.
Felizmente tudo isso fracassou. E vários golpistas já foram condenados. Mas o triunfo de nossa democracia só será completo quando todos forem punidos, incluindo o seu líder, Bolsonaro. Assim como o pequeno grupo de militares que aceitou participar da trama do golpe, como denunciou em delação o tenente-coronel do Exército, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da presidência. Na verdade, um ajudante de crimes, como ele mesmo confessou.
Bolsonaro precisa ser sempre lembrado. Ele entra para a história como genocida e como o golpista fracassado, que tentou atacar frontalmente a democracia no nosso país. Esperamos que ele seja punido por todos os seus atos, como nos lembra a histórica frase: "para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça". Que o 8 de janeiro seja sempre lembrado como o dia da vitória da resistência democrática.
Viva a democracia brasileira!
Dani Portela, deputada estadual, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Pernambuco, professora de história e advogada popular.