Uma rota alternativa rodoviária para o transporte de cargas e para a mobilidade contornando o trânsito intenso da Região Metropolitana do Recife, a exemplo do que existe em outras partes do país e do mundo, não deveria ser um projeto difícil de se implementar. Mas em Pernambuco, é. Faz cerca de três décadas, desde os anos 1990, que a necessidade dessa via é defendida, discutida e, aparentemente, aceita. Mas a resistência da polêmica e os descaminhos da burocracia travaram, até agora, a realização de uma das obras estruturais mais importantes para o desenvolvimento estadual – e se inserimos a localização estratégica do trajeto, temos inequívoca relevância regional, que não tem recebido a devida atenção política dos decisores de governo, repita-se, até agora.
Graças ao bom relacionamento entre o Palácio do Campo das Princesas e o Palácio do Planalto e a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, o início das obras pode estar mais próximo do que longe de acontecer. Pelo menos é a expectativa gerada, após a visita do ministro dos Transportes, Renan Filho, ao estado, há poucos dias. O governo federal assumirá um pedaço da construção de um trecho de 27 quilômetros de extensão, do Cabo de Santo Agostinho à BR-232, e de lá até a BR-408, na altura de Paudalho. Já seria um bom começo. Desafogaria parte do trânsito embolado por veículos de diferentes trajetos. De acordo com o governo do Estado, as licitações podem ser lançadas ainda este ano, caso o projeto executivo seja concluído até outubro – o que é da responsabilidade do governo de Pernambuco.
O Arco Metropolitano inteiro compreenderá uma rodovia duplicada com 65 quilômetros de extensão, ao custo total estimado em R$ 1,2 bilhão. O problema para que ganhe, enfim, a realidade, mora no trecho do lote 1, entre as cidades de Paudalho e Goiana. A passagem pela área de proteção ambiental (APA) Aldeia Beberibe já suscitou protestos e atrasos, sem que o poder público tenha se decidido a resolver a questão. A pressão do tempo de espera cobra uma posição, e uma escolha entre pelo menos três traçados alternativos, com impactos diferentes sobre o meio ambiente. O importante é que os impactos ambientais sejam respeitados, sem que a necessidade da rodovia seja descartada.
O anúncio da parceria entre os governos federal e estadual para, finalmente, dar partida na construção do Arco Metropolitano, ainda que no tocante aos projetos que precisam ser elaborados e das licitações, configura um avanço, depois de absurda demora. Pernambuco já perdeu tempo demais com a hesitação e a indefinição de governos anteriores, na direção de uma obra que provocará um respiro na mobilidade urbana, e poderá representar um novo eixo para o desenvolvimento econômico e social do estado. O percurso para o projeto sair do papel continua longo, para a urgência da demanda – mas as notícias dos últimos dias renovam a esperança em ações consequentes por parte da gestão pública.