O número de infectados pelo novo coronavírus (covid-19) em Pernambuco aumentou de 19 para 22 nesta quarta-feira (18). De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), os três novos casos, do Recife, são de transmissão local e/ou comunitária. Atualmente, são monitorados 485 casos suspeitos da doença.
"Temos casos suspeitos em todo o Estado", afirmou André Longo, secretário de Saúde de Pernambuco em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (18).
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Entenda a diferença entre caso importado, transmissão local e transmissão comunitária
Caso importado: pessoas que se infectaram em outro país.
Transmissão local: a identificação do caso suspeito ou confirmado em que a fonte de infecção seja conhecida ou até a 4ª geração de transmissão.
Transmissão comunitária: incapacidade de relacionar casos confirmados através de cadeias de transmissão para um grande número de casos ou pelo aumento de testes positivos através de amostras sentinela (testes sistemáticos de rotina de amostras respiratórias de laboratórios estabelecidos).
Com o primeiro registro de transmissão comunitária, nessa terça-feira (17), Pernambuco entrou na fase de mitigação, buscando, a partir desta quarta-feira (18.03), notificar e identificar a ocorrência da enfermidade nos casos internados, assim como já é realizado para a influenza nos pacientes com síndrome respiratória aguda grave (Srag).
O Governo de Pernambuco anunciou nesta quarta-feira (18) a abertura de 400 novas vagas de UTI, além de 600 leitos de retaguarda em todo o Estado. Para isso, a gestão estadual fará a aquisição administrativa de duas unidades de saúde: o Hospital Nossa Senhora das Graças, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, e o Hospital Unicordis, no Torreão, Zona Norte da cidade.
O antigo Unicordis terá 20 leitos de UTI, além de 35 a 40 leitos de enfermaria. Já o Hospital Nossa Senhora das Graças será exclusivamente dedicado à covid-19. Ao todo, serão 230 leitos, sendo 100 somente de UTI.
"O objetivo, é claro, é o enfrentamento da epidemia do covid-19. Ambos os hospitais estão desativados. O Estado vai fazer uma aquisição administrativa no intuito de colocá-los em funcionamento exclusivamente para atendimento de pacientes com sintomas do covid-19", explicou o governador Paulo Câmara.
Segundo ele, as medidas não ficarão restritas à Região Metropolitana do Recife. A ampliação de vagas para UTI e de leitos de retaguarda também atenderá os municípios de Caruaru, Serra Talhada, Araripina e Petrolina, alcançando assim o Agreste e o Sertão do Estado.
"Este é um esforço conjunto, porque parte desses leitos serão viabilizados pela prefeitura, junto à rede pública municipal e à rede de instituições filantrópicas, com um esforço que vai além do que é a rotina dos municípios", defendeu o prefeito do Recife Geraldo Julio.
Atualmente, a rede estadual de saúde de Pernambuco conta com 1.018 vagas de UTI, entre leitos próprios e contratualizados junto à rede credenciada. De acordo com levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), divulgado no final de 2018, o Estado está entre os 10 do País que atendem às recomendações de proporção de leitos de UTI para a população, ocupando o primeiro lugar no Norte/Nordeste. De acordo com a Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a proporção ideal é de um a três leitos de UTI na rede pública para cada 10 mil habitantes usuários do SUS. Em Pernambuco, essa proporção é de 1,09.
Teleatendimento
Uma parceria entre as secretarias de Saúde do Estado e do Recife também colocará à disposição da população um telefone para o esclarecimento de dúvidas sobre a doença. "É um serviço de teleatendimento, com 150 posições para orientar a triagem de casos em regulação de leitos. As pessoas vão poder ligar para um número gratuito e serão orientados a procurar o serviço medico mais próximo ou permanecer em casa, dependendo do caso", informou o governador.
Cirurgias eletivas
O Estado ainda anunciou a suspensão das cirurgias eletivas nas unidades de saúde a partir da próxima sexta-feira (20). "Nossa intenção com a suspensão é liberar o maior número possível de leitos para o tratamento de pacientes infectados pelo coronavírus", justificou o governador.
Abastecimento
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico comandou uma reunião na manhã de ontem (17) para assegurar o abastecimento de alimentos e gêneros de primeira necessidade em Pernambuco. Foi criado um comitê de monitoramento, com a participação de representantes da Associação de Atacadistas e Distribuidores de Pernambuco (ASPA), Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Associação Pernambucana de Supermercados (Apes), Complexo Industrial Portuário de Suape, Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Ceasa. O comitê irá monitorar os pontos de venda e assegurar a manutenção dos itens à disposição dos consumidores.
Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31 de dezembro de 2019, após casos registrados na China.
Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
De acordo com o Ministério da Saúde, a transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:
O período médio de incubação por coronavírus é de 5 dias, com intervalos que chegam a 12 dias, período em que os primeiros sintomas levam para aparecer desde a infecção.
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse no dia 11 de março que a epidemia de Covid-19, que infectou mais de 110.000 pessoas em todo mundo desde o final de dezembro, pode ser considerada uma pandemia.
"Estamos profundamente preocupados com os níveis alarmantes de propagação e de gravidade, bem como com os níveis alarmantes de inação" no mundo, declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em entrevista coletiva em Genebra.
"Consideramos, então, que a Covid-19 pode ser caracterizada como uma pandemia", afirmou.