Amanda Rainheri
Publicado em 17/04/2020 às 20:05
Entre as mudanças na rotina trazidas pela quarentena em virtude do novo coronavírus (covid-19), uma das que mais preocupa os especialistas é a alteração dos hábitos alimentares. Isso porque a ansiedade trazida pelo isolamento pode levar as pessoas a comerem mais e de forma desequilibrada ao longo do dia. Não bastasse a má alimentação, a impossibilidade de praticar exercícios em academias ou nas ruas também se torna fator de risco para o aparecimento de doenças.
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"As pessoas tendem a ficar mais ansiosas em casa e irem até a geladeira ou os armários como forma de reduzir o estresse, já que alimentos, principalmente ricos em açúcares, podem trazer sensação de prazer. Em casa, com maior acessibilidade aos alimentos, a tendência é que se acabe fazendo maior ingestão calórica", argumenta a nutricionista Nathalia Fidelis, professora do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE).
A orientação da profissional é organizar a rotina alimentar. "O ideal é manter a rotina de alimentação, com café da manhã, lanche, almoço, lanche, jantar e ceia e evitar comer fora desses horários." Segundo a nutricionista, é necessário buscar alimentos de diferentes grupos alimentares. "Quanto maior a variedade, melhor. A alimentação deve ter frutas, verduras, hortaliças e cereais. Isso ajuda a fortalecer o sistema imunológico, o que é muito importante neste momento de pandemia que estamos vivendo."
Evitar alimentos industrializados ou delivery em excesso também é aconselhável. "Essas comidas prontas têm maior quantidade de sódio e de gordura. Isso além de não sabermos o controle higiênico dos alimentos, de que forma eles foram preparados."
Para a nutricionista, a quarentena pode ser uma oportunidade de convivência da família, inclusive na hora das refeições. "Podemos aproveitar o momento de convívio para fortalecer laços e bons hábitos alimentares. A rotina muitas vezes não permite uma reunião à mesa, com maior foco na alimentação."
Na casa da advogada Ana Carolina Lessa, 43 anos, a demanda das filhas Ana Clara, de nove anos, e Maria Antônia, de seis, por alimentos aumentou. "A gente tem percebido que vira e mexe elas têm sinalizado que estão com fome em um curto espaço de tempo. A gente tinha uma rotina antes da quarentena e tem mantido neste período, com ingestão de frutas e legumes. O que temos permitido é um chocolate, por exemplo, mas sempre depois de comer algo saudável", afirma a mãe.
A nutricionista alerta que o grupo das crianças merece atenção especial. "Meninos e meninas em idade pré-escolar estão em formação de hábitos alimentares, que irão perpetuar ao longo da vida. É preciso ter cuidado com a alimentação, como maior consumo de biscoitos, salgadinhos e sorvete, e dar preferência a alimentos mais saudáveis e in natura, para fortalecer o sistema imunológico". Além disso, é preciso cuidar da hidratação. "Crianças e idosos são mais vulneráveis à desidratação. Os dias estão muito quentes, é necessário se hidratar sempre bem."