Leila Beltrão, do Instituto do Fígado, fez uma homenagem ao empresário pernambucano Ricardo Brennand, que morreu na madrugada deste sábado (25), aos 92 anos, vítima de complicações após contrair o novo coronavírus. Em nota, ele é reconhecido pela ajuda no nascimento do instituto, ação feita junto ao empresário João Carlos Paes Mendonça. Leia texto na íntegra:
"Um homem além do seu tempo seja como empresário bem sucedido ou um colecionador incansável também desbravou o lado do empreendedorismo social. Mas talvez poucos conheçam o seu lado social. Ajudou várias instituições no anonimato mas foi há 15 anos atrás que resolveu mostrar a sociedade que um sonho pode se tornar realidade. Sobre sua liderança, juntou um grupo de empresários pernambucanos, a exemplo de João Carlos Paes Mendonça, e fundamos o instituto do fígado e transplantes de Pernambuco -IFP, instituição privada sem fins lucrativos destinada ao atendimento dos pacientes do SUS. Não mediu esforços para fazer do IFP uma referência não apenas para Pernambuco mas para o Brasil. Sempre ao meu lado, me ensinando como empreender e aprendendo conosco a importância da medicina social, sedimentamos um atendimento de ponta para os pacientes do SUS. Com o perfil determinado e obstinado de um grande empresário, partiu sempre a meu lado para mais um desafio - a construção da unidade hospitalar do IFP que seria o primeiro hospital de fígado e transplantes do Brasil para o SUS. Uma medicina quaternária teria seu início. Viajamos com uma equipe técnica multidisciplinar para Londres, Paris e Miami para que este projeto pioneiro trouxesse para Pernambuco uma obra inovadora para nossa região tão carente. Mais uma página do calendário dos sonhos do IFP estava a se concretizar. Com o terreno de quase 4 hectares doado pelo Governo de Pernambuco e um aporte de R$ 30 milhões de empresas privadas capitaneado pela sua pessoa foi edificado 40% da obra. Com a crise dos anos de 2018/19 que o nosso país passou a enfrentar, a construção foi interrompida mas o sonho de ver a sua obra nascer permaneceu viva. Na sua última visita ao IFP em dezembro passado, uma frase sua ficou registrada e hoje imortalizada dentro de mim. “ Fillhoca, como carinhosamente me chamava, estou com 92 anos e não sei se conseguirei ver o hospital do IFP em pleno funcionamento, mas terei a certeza que as pessoas que compõem o conselho deliberativo do IFP e a sua obstinação semelhante a minha vai conseguir tornar o seu sonho que passou a ser meu e todos nós em uma realidade”.