Maioria dos pacientes com coronavírus em UTIs de hospitais de campanha do Recife são de outros municípios

A maioria dos pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) dos hospitais de campanha do Recife, criados pela Prefeitura para atender pessoas infectadas com o novo coronavírus, são de outros municípios. A informação foi do secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, durante coletiva de imprensa online nesta sexta-feira (12). O gestor explicou que, hoje, são cidadãos recifenses apenas 66 dos 148 indivíduos que estão internados nas unidades dos centros de saúde provisórios. Há, além destes, 141 leitos de UTI desocupados na cidade. Este é um dos fatores que permitiu que a capital pernambucana mantivesse a abertura do comércio local na próxima segunda-feira (15), enquanto outras 85 cidades do Estado não apresentaram condições de progressão, por fatores epidemiológicos.

A retomada das atividades está prevista na quarta etapa do Plano de Convivência com a covid-19, criado pelo Governo do Estado, porém, municípios das regiões de Palmares, Goiana, Caruaru e Garanhuns não acompanharam a tendência de queda no número de casos do novo coronavírus, em comparação a outros municípios do Estado. De acordo com o Governo de Pernambuco, o Gabinete de Enfrentamento à Covid-19 analisou que as 85 cidades precisam manter as restrições por, pelo menos, mais uma semana. O que levou à decisão foi a pressão sobre o sistema de saúde, com aumento da demanda por leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Para reforçar a prevenção à doença, serão realizadas atividades nas regiões, como distribuição de máscaras de proteção, cestas básicas e produtos de higiene.

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Já a flexibilização no Recife segue o cronograma apresentado pelo Estado. Nesta segunda, está prevista a reabertura gradual do varejo de bairro, salão de beleza e serviços de estética, além do retorno dos treinos de futebol profissional. “As condições epidemiológicas avaliadas permitem que se faça a progressão para a nova fase [no Recife, mas] sempre olhando e analisando os dados”, garantiu o secretário. Ele pediu, ainda, para que a sociedade cumpra os protocolos de higiene durante a reabertura. “Todas as atividades que retornam devem enfatizar que novos hábitos devem estar incorporados, [como] uso das máscaras, da lavagem das mãos, do álcool em gel, do distanciamento social, exatamente para que a gente possa ter esse cuidado no nosso dia a dia”, principalmente para pessoas acima de 60 anos ou com comorbidades.

Os dados citados pelo secretário se referem à metodologia anunciada nessa quinta-feira (11) pelo Porto Digital e pela Prefeitura do Recife. No estudo, serão analisadas as ações e impactos das mudanças para a retomada gradual das atividades comerciais, econômicas e sociais na cidade. “O que é importante é que, com os dados, iniciativa apresentada ontem pelo Porto Digital, vai ser possível continuarmos avaliando esses dados de maneira permanente, e olhando também as especificidades do território do Recife. Esse é o ganho esse monitoramento vai trazer daqui em diante”. Com cinco fases de convivência com a pandemia, o plano municipal, no entanto, não deve ir de encontro com o planejamento estadual, segundo a gestão, mas pode avançar ou retroceder a partir da análise permanente dos indicadores de risco e relevância das atividades econômicas.

Entrega de leitos

Durante a coletiva de imprensa, o prefeito Geraldo Julio (PSB) anunciou a entrega de 41 novos leitos de UTI nos hospitais de campanha dos Coelhos, no Centro, e da Imbiribeira, na Zona Sul, que agora chegam a 90 e 80 leitos, respectivamente. Ambos, junto ao localizado na rua da Aurora, no Centro, que nessa quinta teve mais 20 leitos ativados, totalizando 70 vagas, são os três centros médicos com mais UTIs do Sistema Único de Saúde (SUS) de Pernambuco. Agora, a Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife chega a um total de 971 leitos abertos para pacientes com covid-19, sendo agora 289 UTIs e 682 enfermarias. “O isolamento social e a abertura dos novos leitos permitiu que a fila de UTI fosse zerada e que a ocupação dos leitos por pacientes da covid-19 começassem a diminuir nos disponíveis”, afirmou o gestor.

O secretário de Saúde citou a importância de, mesmo com o aumento, haver qualidade técnica e atendimento humanizado nos centros médicos. “Queria registrar o desafio logístico e operacional em gerir e administrar essas unidades e agradecer aos gestores e profissionais de saúde que estão dando conta de cuidar das pessoas com qualidade técnica e sem esquecer das ações de humanização”.

Nos três maiores hospitais provisórios criados pela Prefeitura, há 148 pacientes internados, nesta sexta. Desses, 82 são naturais de outros municípios e 66 são recifenses. “Isso não quer dizer que não haja recifenses internados nas UTIs administradas pelo Estado, mas isso reitera a importância da prefeitura do Recife de criar esses leitos para dar conta desse desafio”, explicou Correia. Nos leitos de enfermaria e UTI dos sete hospitais de campanha da capital pernambucana, já passaram cerca de mil pessoas de outros municípios, segundo o secretário. Ao todo, mais de 10 mil pessoas já foram atendidas e 1.500 receberam alta dos centros médicos, de acordo com a Secretaria de Saúde (Sesau).