Por causa da pandemia do coronavírus, a comemoração do São João será diferente este ano para os pernambucanos acostumados a pular fogueiras e soltar fogos. E para reforçar a recomendação contrária a essas atividades juninas, que já é alvo de campanha do MPPE, TJPE e TCE e decretos em várias cidades do Estado, o Governo de Pernambuco, através da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), resolveu lançar nesta quinta-feira (18) o livro digital, disponível na página do CPRH, intitulado “Um balancê diferente”. O objetivo é conscientizar a população sobre essas restrições.
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Em forma de poema ritmado e com ilustrações sobre a própria tradição junina, o ebook alerta para que as pessoas permaneçam em casa, não soltem balões e fogos ou acendam fogueiras, lembrando das pessoas e animais que podem ser prejudicadas quando expostas a essas atividades. “De acordo com as autoridades da área de saúde, as fogueiras e os fogos podem aumentar a quantidade de pessoas necessitadas de atendimento médico, seja por conta da fumaça ou em decorrência de queimaduras. Tem também a questão dos animais silvestres e o próprio desmatamento para a queima das árvores”, explicou o diretor-presidente da CPRH, Djalma Paes.
A fogueira, de fato, pode afetar pessoas com problemas respiratórios, como explica Vera Magalhães, médica infectologista e professora titular de doenças infecciosas da UFPE. “As fogueiras podem agravar quadros de asma e, em correlação com um cenário de pandemia de uma doença respiratória, pode ser ainda pior”, explica. “Dou um exemplo próximo, meu marido que é asmático, precisa viajar nesse período para evitar a exposição. Mas do ponto de vista médico, as fogueiras, nesse período junino, emitem substâncias tóxicas que prejudica esse grupo de pessoas”, esclarece.
Por essas razões, a alegria junina vai ter que se limitar “às comidas típicas, ao som do bom forró e à esperança de dias melhores.” O diretor reconhece a importância da data para Pernambuco, mas lembra que o grande problema é o coronavírus. “Sabemos que a tradição é muito forte. Porém, mais forte que o desejo de manter a tradição viva, deve ser a nossa decisão de viver bem. Não podemos esquecer que a covid-19 é uma realidade cruel e que cada pessoa é muito importante para combater o aumento da disseminação do vírus”, comentou.