Mesmo com comércio impedido de abrir, Feira da Sulanca atrai multidão em Caruaru

Município foi um dos 85 de Pernambuco, de um total de 185, que foram impedidos de dar continuidade ao Plano de Convivência das Atividades Econômicas com a Covid-19 por alta de casos
JC
Publicado em 22/06/2020 às 10:48
Governo de Pernambuco anunciou avanço das atividades na semana passada Foto: RENATA ARAÚJO/RÁDIO JORNAL CARUARU


O município de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, está entre os 85 que foram impedidos de dar continuidade ao Plano de Convivência das Atividades Econômicas com a Covid-19, elaborado pelo Governo do Estado para retomar gradualmente o comércio e outro setores econômicos. O motivo disso foi pelas cidades não terem mostrado tendência de queda no número de casos do novo coronavírus. Pelo contrário, apresentaram aumento na demanda por leitos de terapia intensiva. Na manhã desta segunda-feira (22), no entanto, apesar das lojas físicas estarem fechadas, informais tomaram conta da Feira da Sulanca, no Parque 18 de Maio, que tem cenário semelhante ao observado antes da pandemia. As informações são da repórter Renata Araújo, da Rádio Jornal.

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Até esse domingo (21), dia da divulgação do último boletim feito pela Prefeitura de Caruaru, a cidade registrou 1.534 casos da covid-19 e 106 óbitos. Duas semanas antes, período de incubação do coronavírus, havia 911 casos e 60 mortes, ou seja, do dia 7 de junho ao dia 21, foram registrados mais 623 casos e 45 mortes pela doença. No mesmo período, foram realizados mais 1.631 testes, entre rápidos e moleculares. Ao todo, Caruaru testou 4.974 pessoas, segundo a gestão municipal. O pico de casos novos na cidade foi em 17 de junho, com 92.

A alta das números não impediu que uma multidão de comerciantes vendessem seus produtos nas ruas, calçadas e em malas de veículos do Parque 18 de Maio, onde a Feira acontece. O presidente da Associação dos Sulanqueiros, Pedro Moura, defende que haja a regulamentação do comércio em Caruaru, tendo em vista que os vendedores estão há cerca de 90 dias parados. "A associação defende a abertura das feiras seguindo todo o protocolo das autoridades sanitárias. Estamos há 90 dias parados, as pessoas têm necessidade de vender, de levar o pão de cada dia para suas casas. As vendas pela internet são muito boas, no entanto não dão vencimento a essa demanda e nem todas as pessoas dominam essa ferramenta", disse.

O secretário de Serviços Públicos de Caruaru, Ytalo Farias, afirma que a Prefeitura vem conscientizando a população por meio de ações para que fique em casa e que há, desde a paralisação das atividades na Feira da Sulanca, intensa fiscalização. "A gente está aqui diariamente na Sulanca verificando toda a movimentação, desde a parada da execução da sulanca devido à covid-19. O que a gente vê hoje é uma intensificação muito grande do fluxo de pessoas e veículos vindo para Caruaru na tentativa de comprar e vender os produtos oriundos da sulanca. Toda essa situação está sendo monitorada pela prefeitura, que vem intensificando as ações de educação para que a população migre apenas para serviços essenciais. Notificações vêm sendo efetuadas aqui no Parque 18 de Maio para que a gente possa inibir a abertura de lojas, bancos e feiras que não estão dentro da essencialidade".

O gestor da pasta afirmou, ainda, que já há um plano de reabertura para a Feira da Sulanca. "O que se aguarda é uma real estabilização dos índices de contágio da covid-19 na região, para que ele possa ser posto em prática". Farias recomenda, ainda, o uso da plataforma "Delivery Sulanca Caruaru", plataforma criada pela prefeitura da cidade como estratégia para ajudar na entrega de mercadorias vendidas pelos sulanqueiros aos seus clientes, que vão até o estacionamento do Polo Caruaru, nas segundas-feiras, sempre das 5h às 17h, retirar os produtos de maneira previamente agendada no site deliverysulanca.caruaru.pe.gov.br.

Potencial semelhante ao das capitais

Texto de Cinthya leite

Caruaru é apontado como cidade do interior que tem potencial de propagação da covid-19 semelhante ao de capitais. A análise vem de um estudo feito por pesquisadores das universidades Federal de Ouro Preto e Estadual Paulista (Unesp), em parceria com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais. O levantamento, fruto de um projeto apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, revela que, assim como Caruaru, Ribeirão Preto (São Paulo) e Campina Grande (Paraíba) também podem ajudar a acelerar a interiorização da epidemia de covid-19, ao servirem de rota para disseminar a doença para outros municípios com os quais têm conexões.

Se fizermos um recorte de cada macrorregião de Pernambuco, observamos que os casos da infecção têm extrapolado, dia após dia, a Região Metropolitana do Recife. O Agreste, o Sertão, o Vale do São Francisco e Araripe vivem agora o que a capital pernambucana vivenciou em março. Os municípios do interior querem mais tempo para preparar hospitais voltados a pacientes graves. A questão é que justamente agora muitas cidades colocam em prática o relaxamento das medidas de isolamento social – a principal intervenção para reduzir as infecções pelo novo coronavírus. Ou seja: mal a onda epidêmica dá sinais de estabilidade no Recife, o interior já pensa na retomada de atividades, num momento em que a assistência hospitalar de suas macrorregiões ainda se estrutura para receber pacientes em leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) e enfermaria.

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