Maria do Carmo Alcântara sonha em ser cientista da computação. A paixão pela área foi despertada durante o curso de programação de jogos e aplicativos que fez durante os quatro anos em que é aluna do Instituto João Carlos Paes Mendonça de Compromisso Social (IJCPM). Nesse período, também fez pré-vestibular, robótica e Jovem Aprendiz na instituição, que proporcionou sua primeira experiência no mercado de trabalho. Agora, graças a outra iniciativa do instituto, ela está um passo mais próxima de realizar o sonho da graduação. Maria é um dos 15 jovens beneficiados pelo projeto Internet em Casa, que leva conexão de internet a jovens de comunidades, para que tenham acesso à educação a distância.
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"Moro em uma casa pequena e somos em nove pessoas. Não tínhamos condições de pagar internet", conta Maria, que tem 19 anos e vive em Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife. Sem acesso à rede, ela recorria a livros emprestados para poder estudar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). "Também usava internet emprestada dos vizinhos, mas era complicado, porque muitas vezes não pegava. A partir de agora vai ser mais simples, não preciso ir para a rua para pegar sinal de internet, vou poder estudar na minha própria casa e ter acesso a vários conteúdos", comemora.
A iniciativa também beneficiou Lucas Gabriel dos Santos, de 16 anos. Morador do Pina, também na Zona Sul, ele é aluno do IJCPM desde o início de 2020. Cursando o segundo ano do ensino médio na Escola Estadual Assis Chateaubriand, ele estava sem acesso à internet e às aulas remotas que a instituição de ensino tem oferecido. "Agora vou poder estudar, ver as atividades, assistir videoaulas, vídeos e poder realizar atividades de lazer", afirmou.
Coordenador de projetos sociais do IJCPM, Carlos Duarte conta que a iniciativa se deu após um levantamento entre os 618 jovens atendidos pelo instituto, que mostrou que 15 não tinham acesso à internet. "Para esses, o IJCPM resolveu disponibilizar rede em casa. Contratamos uma empresa local, que fez a instalação de internet de fibra com roteador e uma boa velocidade, para que os jovens pudessem utilizar a internet com qualidade." O gestor salienta que esta é uma forma de diminuir as desigualdades sociais. "Alguns desses jovens ainda estão estudando na rede pública, por isso é interessante que eles tenham acesso amplo à rede, não apenas para realizar as atividades do instituto. Eles poderão assistir aulas e ter acesso a conteúdos que aumentam o leque de informações e diminui o hiato da diferença social."
O IJCPM atua em seis unidades localizadas em quatro Estados e atende 1,7 mil jovens neste primeiro semestre de 2020. Com a chegada da pandemia do novo coronavírus e a necessidade do distanciamento social, o instituto precisou adaptar as atividades para atender através da internet. Em Pernambuco, segundo Carlos Duarte, as aulas remotas acontecem nas áreas de comunicação, reflexões numéricas e inglês.