Jhonny Lucindo Ferreira, de 17 anos, foi assassinado com um tiro na cabeça no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR) na tarde da terça-feira (5). O adolescente, que havia pego carona de moto com um amigo, teria sido abordado por policiais militares enquanto voltava da oficina de seu avô, onde trabalhava. A fatalidade aconteceu na Rua Sete de Setembro.
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Uma testemunha, que preferiu não se identificar, contou à reportagem da TV Jornal que o disparo fatal teria sido efetuado por um dos policiais.
"[Os policiais] já chegaram atirando, nem mandou eles [os jovens] pararem. Se eles queriam que eles parassem porque não atiraram no pneu da moto? Porque não atiraram na perna? Mas deu um tiro na cabeça dele."
Ainda segundo a testemunha, o garoto foi socorrido na própria viatura da polícia e levado para uma unidade de saúde próxima, mas não resistiu aos ferimentos.
O amigo de Jhonny, um estudante de 18 anos que pilotava a moto, foi conduzido para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste da cidade. Segundo o tio do rapaz, ele também estaria voltando do trabalho.
O policial suspeito de efetuar o disparo também compareceu ao DHPP para prestar esclarecimentos, mas não quis gravar entrevista.
Em nota, a Polícia Militar de Pernambuco (PM-PE) alegou que no dia da ação, os agentes haviam ordenado que os dois garotos parassem a moto, mas eles não obedeceram. Ainda segundo a PM, o disparo do policial aconteceu após um dos rapazes colocar a mão na cintura e "parecer estar armado". De acordo com informações da polícia, um simulacro de arma havia sido apreendido com o adolescente que foi morto. Em entrevista à TV Jornal, o amigo da vítima negou a acusação.
"A gente estava chegando ali na ponte, em frente ao mercadinho, e mandaram a gente parar, quando mandaram a gente parar eu coloquei a mão na cabeça e quando eu olhei pra trás já tinham atirado na cabeça dele e ele já tinha caído no chão. [...] Ele não tava com simulacro não, ele estava apenas com o celular dele na cintura, e eu vi", disse.
Revoltados com a fatalidade, familiares, amigos e moradores do bairro em que Johnny morava realizam protesto na BR 101 desde a manhã desta quinta-feira (6). Os manifestantes pedem por justiça e fazem acusações contra a Polícia Militar, alegando que as câmeras de segurança da rua em que o adolescente foi morto foram retiradas à pedido dos policiais para dificultar a investigação do caso.
Neste mesmo protesto, dois jovens foram presos pela polícia militar. A informação, dada pela comunidade, é de que os manifestantes teriam sido apreendidos por estarem filmando o protesto com seus celulares. Os policiais não explicaram o motivo da detenção.
Por meio de nota, a Polícia Civil de Pernambuco (PC-PE) também se pronunciou a respeito do caso e informou ter instaurado inquérito para apurar a morte de Johnny Ferreira. Além disso, a polícia anunciou que, até o inquérito ser concluído, não serão dadas mais informações para os trabalhos não serem prejudicados.
Leia as notas da PM-PE e da PC-PE sobre o caso
Polícia Militar:
"A Polícia Militar de Pernambuco esclarece que, na tarde de ontem (5), policiais militares do 6º BPM realizavam rondas em Prazeres quando receberam informações acerca de uma dupla em uma motocicleta que estava praticando assaltos na região. Nesse momento, os PMs se depararam com duas pessoas em uma moto, em atitude suspeita. Ao dar ordem de parada, eles não obedeceram e fugiram, mais adiante, eles pararam e um deles correu, enquanto o outro, colocou a mão na cintura, parecendo estar armado, momento em quem o policial atirou. O efetivo realizou o socorro para a UPA do Sovate e, posteriormente, para o Hospital da Restauração, onde não resistiu e morreu. Na ação, foi encontrado um simulacro. Os policiais se apresentaram no DHPP, que investigará o fato e em seguida, para a Delegacia de Polícia Judiciária Militar, que vai instaurar um inquérito para apurar o ocorrido."
Polícia Civil:
"A Polícia Civil informa que instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da morte de um rapaz de 17 anos, na tarde de ontem (05), em Jaboatão dos Guararapes. Informações iniciais dão conta de que o jovem estava em uma motocicleta, acompanhado de outro rapaz, quando desobedeceu a uma ordem de parada, em uma ronda da Polícia Militar no bairro de Prazeres. Segundo os policiais militares envolvidos na ocorrência, que compareceram ao DHPP para prestar esclarecimentos, o jovem de 17 anos estaria armado e tentou escapar da abordagem. Foi alvejado e socorrido pelos policiais, inicialmente, para a UPA Sotave e depois para o HR, mas não resistiu. Com ele, foi apreendido um simulacro de arma de fogo. O DHPP já iniciou as investigações e colherá todos os elementos disponíveis, com seriedade, dedicação e técnica, para elucidar o fato e dar os devidos esclarecimentos à sociedade. Até que o inquérito seja concluído, não serão dadas informações para não haver prejuízo aos trabalhos."