Domingo sem barracas e com aglomerações em Porto de Galinhas

Entre as transgressões às regras, estavam grupos grandes de pessoas e a falta do uso de máscaras
Amanda Rainheri
Publicado em 23/08/2020 às 16:00
Dia de Domingo de muito sol, no novo normal da pandemia do coronavírus, na praia de Porto de Galinhas. Não havia nenhum barraqueiro na beira da praia, mas muitos banhistas estavam sem máscaras. Foto: BOBBY FABISAK/JC IMAGEM


Aglomerações e desrespeito às normas sanitárias marcaram o fim de semana de sol no principal cartão-postal do Litoral Sul pernambucano. Na manhã deste domingo (23), a água e a faixa de areia de Porto de Galinhas, em Ipojuca, estavam repletas de pessoas de todas as idades. Entre as transgressões às regras, estavam grupos grandes de pessoas e a falta do uso de máscaras, mesmo após o banho de mar. A exceção aos descumprimentos foi a ausência dos barraqueiros, que seguem proibidos de atuar nas areias

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A manicure Cynthia Pacheco, 58, vive há 38 anos em Ipojuca e caminha pela praia de Porto de Galinhas diariamente. Neste domingo, ela aproveitou o dia para tomar um banho de mar. "Estou aqui me secando e já coloco a máscara, mas nem todo mundo faz o mesmo. Eu acho que as praias podem ser liberadas, contanto que as pessoas obedeçam as regras que são criadas. O mesmo vale para o comércio e as barracas", pondera. 

Ela conta que na última quarta (19) e quinta-feira (20), quando os barraqueiros resolveram por conta própria retomar o trabalho, houve aglomeração e desobediência às regras. "Eles estavam trabalhando como antes da pandemia. Eu sou a favor do retorno. Minha mãe criou dez filhos trabalhando aqui nesta praia e eu sei que essas famílias dependem das barracas, mas não pode ser desse jeito. Tem que limitar o número de pessoas, disponibilizar álcool em gel, higienizar as cadeiras", pontua. 

Barraqueiro há cinco anos em Porto de Galinhas, Luís José da Silva, 50, explicou que a retomada dos trabalhos se deu em tom de protesto. Devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19), as atividades foram suspensas há quase seis meses e estão sem previsão oficial de retomada. "Estamos esperando para podermos voltar a atuar. A prefeitura deu um auxílio mensal de R$ 500 e parte dos trabalhadores também recebeu o auxílio do governo. Foi o que nos ajudou. Mas agora não temos mais certeza se a ajuda da prefeitura vai seguir. A gente precisa voltar a trabalhar, com todos os cuidados", afirmou. 

Outros segmentos, como restaurantes, bares, lojas e passeios de buggy e jangada já retornaram às atividades. Barraqueiros e pessoas que trabalham com mergulhos, no entanto, seguem sem poder atuar. Nessa semana, após colocarem as cadeiras e guarda-sóis na areia, as associações dos ambulantes foram notificadas sobre a infração do decreto estadual, segundo a Prefeitura de Ipojuca. 

Após os dois dias de protesto, os barraqueiros não montaram as estruturas na última sexta-feira (21). A categoria decidiu recuar após a decisão do Governo de Pernambuco de antecipar a retomada das atividades da 10ª para a 8ª etapa do Plano de Convivência. Apesar de não haver confirmação oficial, representantes da categoria afirmaram que existe a promessa de que a liberação do trabalho aconteça no dia 31 de agosto. A prefeitura do município informou, em nota, que foi feita uma solicitação ao Ministério Público, para auxiliar o diálogo entre o poder público e os trabalhadores. Enquanto a situação não se resolve, barraqueiros como Luís José seguem lamentando a perda do movimento. "Tem muita gente vindo para a praia, o movimento está muito bom. Em um domingo como este, eu venderia de 200 a 250 cocos", afirma. 

O comércio local já comemora a retomada das atividades na praia. Hévila Rafaeli, 32, vende peças de vestuário e acessórios de praia e afirma que o movimento tem melhorado. "Está maravilhoso. Em alguns dias, dá para comparar o fluxo de pessoas aos fins de semana antes da pandemia, em baixa temporada", analisa ela, que trabalha há dois anos próximo à entrada principal das piscinas naturais. 

 

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