Desde a noite da última terça-feira (08), tremores de terra assustaram os moradores de Caruaru, no Agreste de Pernambuco. A incidência de abalos é relativamente comum na região, por conta de falhas geográficas na Placa Sul-Americana, mas não deixa de assustar as pessoas. De acordo com o coordenador da Defesa Civil do município, Kleber Santana, aconteceram, aproximadamente, 40 episódios sísmicos nas últimas 24 horas em Caruaru.
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Santana informou também, por meio de vídeo, que apenas 13 foram sentidos pela população. "Os outros são de magnitude muito pequena e acabam sendo imperceptíveis ao homem, sendo apenas captados por equipamentos", explicou. Ele definiu os abalos sísmicos sendo como de baixa magnitude, mesmo o maior deles alcançando o nível de 2,5 graus na escala Richter, na manhã desta quarta-feira (09).
Ainda segundo o coordenador da Defesa Civil de Caruaru, não há registros de danos relacionados aos tremores de terra registrados na cidade, mas o órgão continua atento fazendo o monitoramento da região.
O município vai receber, em uma data não informada, uma visita de agentes do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para que possa ser realizado o mapeamento, de forma concisa, dos epicentros dos abalos, e tentar identificar o motivo dos fenômenos que estão acontecendo no município.
O tremor de terra em Caruaru chegou a ficar entre os assuntos mais comentados no Twitter. Confira a repercussão.
No dia 27 de agosto, informações cedidas pelo Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN) apontaram que dois tremores aconteceram em Caruaru, o primeiro às 3h01, com magnitude de 1.9, e o segundo às 3h19, com magnitude 1.8. No dia 23 de agosto, um tremor de magnitude 1.5 já havia abalado a cidade. Assim como na segunda-feira (24), quando o chão voltou a tremer, com magnitude de 1.7 graus na escala Richter.
De acordo com o geofísico do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Eduardo Menezes, os tremores no Estado ocorrem por causa de falhas geológicas da Placa Sul-Americana. "Na realidade estamos no meio de Placa Sul-Americana. No meio dela, nós temos áreas em que ocorrem os chamados 'tremores intraplaca'. Nós temos várias áreas que possuem falhas geológicas, que entram em atividade em função dos esforços que atuam no interior da Terra que geram essas vibrações", esclarece.
O laboratório estuda há mais de 20 anos a região e identificou áreas com falhas ativas como Caruaru, São Caetano, Belo Jardim, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe. No entanto, os tremores não são exclusivos de Pernambuco. Recentemente, tremores foram sentidos em 43 municípios do Vale do Jiquiriçá e no Recôncavo da Bahia.
O geógrafo Lucivânio Jatobá, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), lembrou que os terremotos não são tão incomuns no Nordeste. “A gente sempre aprendeu que o Brasil estava livre de terremotos. No entanto, o Nordeste é a região campeã de abalos sísmicos no Brasil”, afirmou em entrevista à Rádio Jornal.