Seis pessoas que ficaram feridas durante um ataque de abelhas ocorrido na tarde dessa segunda-feira (14) no Centro de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, receberam alta hospitalar. Após o ataque, que aconteceu nas proximidades do Cemitério Campo das Flores, as vítimas foram socorridas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levadas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade. Com ferimentos leves, depois de receberem medicação, foram liberadas. Na ocasião, uma mulher ficou ferida e foi encaminhada para um hospital particular do município. Um idoso, de 71 anos, faleceu no local.
De acordo com a Prefeitura de Petrolina, foram identificadas quatro colmeias nas imediações, sendo três dentro do Cemitério, e uma do lado de fora. Das quatro, a gestão acredita que apenas uma foi responsável pelo ataque, já que as abelhas das outras não estavam atacando. "O que a gente imagina é que alguém mexeu nesse enxame. Não é comportamento normal da abelha, ela só ataca se for atacada. Ao chegarmos lá isolamos a área, fizemos um levantamento e vimos que havia um enxame ativo, que acreditamos ser antigo pelo tamanho. Ele estava muito próximo ao local do ataque", comenta Marcelo Gama, diretor-presidente da Agência de Vigilância Sanitária de Petrolina.
Ele explica que as abelhas envolvidas no ataque são da espécie Apis mellifera, também chamada de abelha europeia ou italiana. Este é o tipo mais encontrado no Brasil e em Pernambuco. "É a abelha que normalmente é encontrada nos criadouros. Ela proporciona mais mel, e acredita-se que ela seja do norte da Europa", acrescenta. Os enxames podem conter de 5 a 100 mil abelhas, dependendo do tamanho e do tempo. No caso ocorrido nessa segunda, tanto pessoas ligadas ao SOS Abelha, quanto equipes do Corpo de Bombeiros foram acionadas para isolar a área e controlar o ataque.
O SOS Abelha é um projeto coordenador pela Vigilância Sanitária do município, formado por servidores treinados pelo Centro de Manejo de Fauna e Caatinga (Cemafauna) da Univasf e pelos Bombeiros. O ataque causou tumulto entre os moradores de Petrolina, visto que motoristas e pedestres que passavam pela região foram atacados. As pessoas chegaram a abandonar seus veículos e parte do comércio da área foi fechado. Alguns, inclusive, utilizaram extintor de incêndio para tentar dispersar as abelhas.
Marcelo Gama comenta que ataques de enxames não são comuns na cidade. O que acontece são casos envolvendo uma ou duas pessoas, mas não de forma comunitária como ocorrido nessa segunda-feira. Diariamente, o SOS Abelha trabalha recebendo denúncia de colmeias e enxames na cidade do Sertão de Pernambuco, há cerca de dois anos. Após o telefonema, uma equipe do projeto vai ao local e faz um levantamento do que está ocorrendo, durante o dia.
À noite, as abelhas são resgatadas e encaminhadas para uma associação de apicultores. "Esse transporte não pode ser feito durante o dia, porque, neste momento, as abelhas não estão dentro da colmeia, estão trabalhando. À noite, elas retornam", diz. No caso das abelhas que estavam no Cemitério, o SOS Abelha ainda não havia recebido chamados para o local anteriormente. "Os animais estavam dentro de uma catacumba, não tinha denúncia. Por isto acreditamos que elas conviviam lá tranquilamente. Alguém atiçou essas abelhas e foi a primeira vez que tivemos um ataque deste tipo".
Para realizar denúncias no SOS Abelha, basta ligar para o telefone (87) 3867.4774, de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. O diretor-presidente da Vigilância Sanitária relata que não há um mapeamento das abelhas, mas que as ocorrências ocorrem no município como um todo. Nos meses de setembro, outubro e novembro, as denúncias se intensificam por causa da estação, já que na primavera as abelhas migram para a área urbana procurando alimentos. Apenas na terça-feira (8), o SOS Abelha havia recebido 23 denúncias. Em setembro, até esta terça (15), foram 66 contatos.
A orientação para quem se deparar com um enxame é resguardar a vida. O ideal é tentar isolar a área e evitar se aproximar dos animais. "O mais importante é não mexer com as abelhas, porque pode acontecer o que ocorreu ontem. É importante respeitar o espaço delas. Lembrando que exterminar abelhas é um crime ambiental. Temos que prevenir os acidentes e resguardar esses animais, que são importantes para a nossa sobrevivência", alerta Marcelo. Caso a pessoa seja alérgica à picada da abelha, deve procurar imediatamente auxílio médico.
"Abelha é o animal que mais mata no mundo, ainda é a abelha porque ela existe em todos os continentes, não existe abelha em pequenas quantidades. Cemitério é um local tranquilo, onde elas podem achar ambiente adequado para fazer suas colmeias", explicou o veterinário Doralécio Lins e Silva, em entrevista ao programa Passando a Limpo da Rádio Jornal, na manhã desta terça-feira (15). Segundo ele, um cavalo pode morrer com apenas 400 picadas do inseto e, dependendo do grau de alergia, idade e resistência da pessoa, apenas uma abelha pode matar um ser humano.
O especialista ainda afirmou que não existe soro para tratar picadas de abelha. "Como primeiros socorros, você deve retirar os ferrões. A abelha só pica uma vez porque ela deixa o ferrão na pele e, ao lado do ferrão, é possível ver uma bolsa. Essa bolsa é a que contém o veneno. Então, quanto mais cedo você tirar esses ferrões, melhor", declarou. De acordo com ele, a retirada não deve ser feita com a mão. O ideal é que seja realizada na forma de raspagem. "Pode utilizar uma faca, uma régua, uma folha de papel dobrada, alguma coisa que raspe a pele, nunca pegando. Se você tiver uma pinça, ótimo".
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