Apesar de isolamento social, Grande Recife teve aumento de 131% no número de pessoas baleadas

Numero de vítimas de balas perdidas teve aumento de 256% desde o início da quarentena
Douglas Hacknen
Publicado em 22/09/2020 às 19:58
Números são da plataforma Fogo Cruzado Foto: JC Imagem/Arquivo


Mesmo com o isolamento social em Pernambuco, nos últimos seis meses, houve um aumentou de 131% no número de pessoas feridas por arma de fogo na Região Metropolitana do Recife (RMR). O levantamento feito pela plataforma "Fogo Cruzado" também aponta crescimento de 256% no número de vítimas por balas perdidas. De 21 de março a 20 de setembro, a plataforma informou ter registrado uma média de cinco tiroteios por dia na RMR; 927 tiroteios e disparos por arma de fogo no período.

>> Número de pessoas mortas e feridas por arma de fogo no Grande Recife mais que dobrou em julho, segundo plataforma 

Se comparado com o mesmo período de 2019, houve um aumento de 62% nos registros de tiroteios. No ano anterior foram 573 trocas de tiros.

Assim como o número de ocorrências, foi contabilizado o aumento no registro de pessoas baleadas. De acordo com a plataforma, 620 foram mortas e 430 ficaram feridas, totalizando 1050 pessoas baleadas. Com números 131% maior do que no ano passado (que contabilizou 186 feridos).

O município do Recife liderou o ranking de tiroteios nesses meses de quarentena, com 359 registros, seguido de Jaboatão dos Guararapes (151), Olinda (92) e Cabo de Santo Agostinho (86), respectivamente.

Em seis meses, a quantidade de pessoas vitimadas por balas perdidas no Grande Recife, apesar das medidas de isolamento social, impostas devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19), foi documentado aumento de 256% no número de vítimas de balas perdidas. Das 32 pessoas atingidas, 4 morreram. Em 2019, o quantitativo foi de 9 vítimas, tendo falecido o total de 3 pessoas.

Vitimas de balas perdidas são classificadas pela plataforma como "a pessoa que não tinha nenhuma participação ou influência sobre o evento no qual houve disparo de arma de fogo, sendo, no entanto, atingida por projétil". 

No ranking dos bairros mais afetados por tiroteios, os Coelhos, na área central do Recife, ocupa o primeiro lugar com 21 tiroteios, seguido pelo bairro da Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes, com 17 ocorrências, Ponte dos Carvalhos, no Cabo de Santo Agostinho e Cohab, na zona sul da capital, ambos com 16 tiroteios, completam a lista.

A reportagem do Jornal do Commercio buscou posicionamento da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE). E nota, a SDS-PE "desconhece esses dados, sua metodologia de coleta e, portanto, não comenta essas estatísticas".

Detalhamento

  • Por faixa etária

Entre as 1050 pessoas baleadas durante a quarentena, 58 tinham idade entre 12 anos e 18 anos incompletos; 7 eram crianças menores de 12 anos e 7 eram idosos com idade a partir de 60 anos. Do número total de baleados, 34 adolescentes, 1 criança e 4 idosos não resistiram aos disparos e faleceram. 

  • Por sexo

Das 70 mulheres baleadas na RMR, 31 foram mortas e 39 ficaram feridas. O quantitativo de homens foi maior. Entre os 976 homens foram baleados durante a quarentena, 588 morreram.

  • Em casa

De acordo com o aplicativo que reúne dados colaborativos sobre tiroteios e disparos de arma de fogo, o número de pessoas baleadas dentro de residências foi de 108 (88 pessoas mortas e 20 ficaram feridas). Em comparação com o mesmo período de 2019, quando 58 foram mortas e 14 feridas dentro de casa, o aumento ficou em 52% no número de mortos e 43% de feridos.

  • Profissão

Quatro vendedores ambulantes e 2 motorista de aplicativo foram baleados. Entre os 7 agentes de segurança baleados no período, 4 morreram. No mesmo período de 2019, foram 8 agentes baleados, 3 deles morreram. 

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