Foi iniciada, nesta segunda-feira (21), na Ilha de Fernando de Noronha, a quarta fase do estudo epidemiológico, que avalia a circulação do novo coronavírus (covid-19) entre os moradores da ilha. Desde o mês de maio, cerca de 900 pessoas, entre homens e mulheres, participam do estudo, respondendo questionários e realizando exames.
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Na nova etapa, os agentes comunitários, agentes de endemia e integrantes das equipes de saúde de Fernando de Noronha inicialmente vão fazer entrevistas com as pessoas, para manter os dados atualizados sobre a presença do coronavírus na comunidade. A etapa de coleta de exames, do tipo RT-PCR e o de identificação de anticorpos, está marcada para ocorrer a partir do dia 4 de janeiro de 2021.
Para esta penúltima fase, um teste diferente será realizado. Em vez do teste sorológico rápido, como vinha sendo aplicado até agora, será feita a pesquisa quantitativa de IgG (com amostras de plasma), no equipamento da empresa Abbott, que fornece respostas mais precisas na detecção dos anticorpos para a doença. O material coletado será encaminhado à Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope), na Zona Norte do Recife, para ser processado, o resultado ainda deve ser mais conclusivo, avaliando se a pessoa já teve a doença e se apresenta imunidade contra a covid-19.
O administrador de Fernando de Noronha, Guilherme Rocha, afirmou que a pesquisa se mostrou importante desde o início, contribuindo para a reabertura gradual do turismo na ilha, que entrou na terceira etapa de flexibilização para os visitantes também nesta segunda-feira. “Considerando o retorno das atividades turísticas e o cenário epidemiológico atual, com o aumento do número de casos da Covid e o retorno da circulação do vírus na ilha, é importante garantir a continuidade da pesquisa para manter a vigilância ativa da população e colaborar com o controle da doença em Fernando de Noronha”, diz o gestor.
A pesquisa foi denominada de "Incidência e Prevalência da Covid-19 no Arquipélago de Fernando de Noronha" e monitora a transmissão do vírus na ilha, fornecendo informações para as ações da vigilância em saúde, com medidas restritivas, como o fechamento do aeroporto, do comércio e das atividades turísticas no auge da pandemia, para conter o avanço da doença no território noronhense. Ao longo das três primeiras fases do estudo foram realizados mais de 4,8 mil testes sorológicos e RT-PCR.
Na primeira fase do estudo epidemiológico, aprovado na Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), foram identificados 46 casos, sendo 42 novos e quatro antigos, já identificados pela Vigilância em Saúde. Na segunda fase, a pesquisa encontrou mais quatro casos, todos já curados, com anticorpos para a covid-19, diagnosticados a partir do exame sorológico rápido. Todos os exames do tipo RT-PCR realizados na segunda fase foram negativos. Já na terceira fase, foram identificados mais dois casos novos pelo RT-PCR, totalizando 52 casos da covid-19 identificados pelo estudo. Todos os casos positivos foram para o isolamento, com acompanhamento da Vigilância Epidemiológica local.
Como a doença voltou a circular na ilha, inclusive com vários participantes testando positivo entre uma fase e outra, é importante saber se o contato com o vírus o protegeu, lhe dando imunidade.
“Ao longo da pandemia, a pesquisa foi importante para orientar as ações de vigilância e controle da covid-19, assim como apoiar as decisões da administração na retomada das atividades sociais e econômicas em Fernando de Noronha. Na última fase do estudo, prevista para maio de 2021, compreendendo um ano do início do estudo, a expectativa é ser realizada com a população já vacinada. Então, o estudo epidemiológico vai contribuir com a avaliação da efetividade da vacina, ao verificar por meio do teste sorológico a presença de imunidade contra o vírus na população da ilha”, comentou Regina Brizolara, coordenadora do estudo epidemiológico, tecnologista na área de doenças transmissíveis, especialista da Secretaria Estadual de Saúde.
Fernando de Noronha registrou, até o momento, 303 casos do novo coronavírus, sendo 231 casos em Noronha e 72 casos importados. Desse total, 279 pessoas já estão curadas e 24 permanecem em quarentena. Nenhum óbito, ou caso mais grave, aconteceu por conta do coronavírus no arquipélago.