ESTUDO

Pesquisadores da UFPE identificam carga genética do novo coronavírus inativo em esgotos sanitários do Recife

As amostras foram coletadas semanalmente, entre maio e agosto de 2020

Cadastrado por

Rute Arruda

Publicado em 27/05/2021 às 19:04 | Atualizado em 27/05/2021 às 20:06
A pesquisa foi realizada pelo Laboratório de Saneamento Ambiental (LSA) - DIVULGAÇÃO/UFPE

Um estudo realizado por pesquisadores do Laboratório de Saneamento Ambiental (LSA) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) identificou carga genética do novo coronavírus inativo no esgoto sanitário do Recife. As amostras foram coletadas entre maio e agosto de 2020.

A pesquisa também monitorou as águas de drenagem urbana, pois estão contaminadas pelos esgotos. As amostras foram coletadas semanalmente, em três estações de tratamento de esgotos, um hospital e oito canais de drenagem urbana.

"A quantidade do vírus nos esgotos aumentava quando os casos da doença na cidade subiam, e diminuía quando decresciam os índices de pessoas infectadas", explicaram os cientistas.

O estudo foi coordenado pelas professoras Lourdinha Florêncio e Sávia Gavazza, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental. 

De acordo com os pesquisadores, foi possível identificar o micro-organismo nos esgotos sanitários porque o vírus é expelido pelas fezes dos infectados, sejam eles sintomáticos ou assintomáticos.

 O estudo destaca que ainda não foi encontrado o novo coronavírus viável nas amostras coletadas, provavelmente porque essas águas também contêm detergentes e outros produtos químicos que inativam o vírus. 

"Isso é uma boa notícia, pois, pelo menos até agora, as pesquisas mostram que não é possível se contaminar com o coronavírus através dos esgotos sanitários; nós estamos medindo o esgoto bruto mesmo, na entrada, antes que siga para o tratamento, que é o pior cenário. Mesmo assim, o vírus já não estava mais vivo. Até agora, nenhum país encontrou o vírus vivo em sua rede de esgoto. Pode ser que isso mude com as novas cepas, mas isso precisa ser investigado para eventual confirmação", explicou a professora Lourdinha Florêncio. 

Para os pesquisadores, o estudo pode ajudar o Governo a "diagnosticar" bairros ou áreas mais afetadas pela covid-19, de modo coletivo, sem a necessidade de sempre realizar os exames individuais, mas sem substituir esses testes. 

Com isso, as ações podem ser desenvolvidas de forma mais específica nas áreas mais afetadas como, por exemplo, o fechamento de comércios locais, instauração de lockdown, toque de recolher e também uma maior rapidez na vacinação dos moradores dessas regiões.

"Esse acompanhamento da presença do genoma viral pode fornecer informação sobre a prevalência da Covid-19 na população da área pesquisada, incluindo os assintomáticos e subnotificados pelo sistema de saúde, ou seja, seu foco é a coletividade", pontuou uma das coordenadoras da pesquisa. 

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