agressão policial

Vídeo mostra momento da agressão da PM contra homem que perdeu a visão em manifestação contra Bolsonaro no Recife

Nas imagens, o armador Jonas Correia de França, 29 anos, aparece obedecendo a ordem dos policiais para retornar na Ponte Princesa Isabel e, mesmo assim, é ferido no olho

Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 01/06/2021 às 8:00 | Atualizado em 01/06/2021 às 9:26
Jonas Correia ficou cego do olho direito após ser atingido pelo tiro de elastômero na Ponte Princesa Isabel - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

As imagens não revelam a identidade dos policiais do Batalhão de Choque de Pernambuco (BPChoque), mas deixam claro o excesso da PM para dispersar os manifestantes que no sábado (29/5) protestaram contra o governo Bolsonaro no Centro do Recife. Nelas, é possível ver que o armador Jonas Correia de França, 29 anos, ferido com um tiro de bala de borracha no olho direito e sob risco de perder a visão, é agredido mesmo após obedecer à ordem dos policiais para retornar na Ponte Princesa Isabel, onde passava de bicicleta voltando para casa, em Santo Amaro.

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Manifestação acabou com confronto com a Polícia Militar de Pernambuco - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Jonas Correia e o adesivador Daniel Campelo da Silva, 51 anos, foram baleados quando passavam pela manifestação, um na Ponte Princesa Isabel e outro na Ponte Duarte Coelho, sem sequer estarem no ato. Jonas tinha ido comprar carne no Centro do Recife e retornava com um amigo para casa. E Daniel Campelo saiu de casa, nos Torrões, para comprar adesivos na Rua da Concórdia, quando também foi ferido no olho esquerdo pelos PMs.

As imagens, enviadas pelas redes sociais, mostram o pelotão do Batalhão de Choque “empurrando” os manifestantes pela Rua da Aurora, até que alguns policiais desviam pela Ponte Princesa Isabel ordenando que as pessoas retornem. Jonas e o amigo já estão empurrando as bicicletas e parecem argumentar que querem passar. Mas recuam. Jonas filma os policiais, o que parece que os irrita. De repente, um dos PMs atira e Jonas cai no chão, na rua, com a bicicleta. Nesta segunda-feira, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaurou inquérito civil para apurar os excessos da PM.

A instituição ainda pede à população que repasse informações e imagens dos atos violentos, o que pode ser feito sem identificação pela Ouvidoria do órgão - Hugo Muniz / Divulgação

REVOLTA

“Meu pai foi comprar adesivos no Centro, na Rua da Concórdia. Ainda disse que era trabalhador, mas a polícia não quis saber. Atirou para todo lado. Ele nunca participaria de protesto contra governo, seja de direita ou de esquerda. Ele disse que era um trabalhador, mas os policiais ignoraram”, denunciou a filha do adesivador, a dona de casa Daniela de Sena. Em imagens divulgadas nas redes sociais é possível ver Daniel ferido, no chão da ponte, pedindo ajuda. “Eu sou um trabalhador, por favor me ajudem”, apela, enquanto é socorrido por pessoas que estavam no ato.

Jonas, jovem que levou tiro no olho durante os protestos - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Roberto Rocha Leandro é presidente da Comissão de Direito Parlamentar da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB) e foi agredido com dois tiros na perna e dois nas costas disparados pelos policiais militares. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Jonas Correia de França, vítima de bala de borracha disparada pela polícia durante protesto no Recife. Ele nao participava do protesto - GENIVAL FERNANDES/DIVULGAÇÃO
Daniel Campelo, 51, passava próximo à manifestação quando acabou atingido pelo tiro de bala de borracha no olho esquerdo e vai perder a visão - HUGO MUNIZ/DIVULGAÇÃO
A Corregedoria da Secretaria de Defesa Social já instaurou procedimento para investigar os fatos, garantiu o governador - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Protesto no Recife contra o governo do Presidente Bolsonaro, termina em confusão pelas ruas do centro. - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Manifestação acabou com confronto com a Polícia Militar de Pernambuco - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Manifestação acabou com confronto com a Polícia Militar de Pernambuco - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Manifestação acabou com confronto com a Polícia Militar de Pernambuco - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Manifestação acabou com confronto com a Polícia Militar de Pernambuco - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

A mesma revolta é compartilhada pela família do arrumador Jonas Correia de França, que passava de bicicleta pela Ponte Princesa Isabel, quando foi atingido por dois tiros de borracha disparados . “Nós moramos em Santo Amaro e ele foi ao Centro para comprar a carne do almoço porque é mais barata. Tinha acabado de desligar o telefone comigo, dizendo que ia demorar um pouco por causa do protesto. De repente, sem ele fazer nada, levou os dois tiros. Estava empurrando a bicicleta pela ponte. As imagens mostram ele ferido, caindo, enquanto um amigo tenta ajudá-lo. Foi muita violência e despreparo da PM”, critica a esposa do arrumador, a dona de casa Daniela Barreto de Oliveira.

O DRAMA DE JONAS

 COMO TUDO COMEÇOU

O ato contra o governo de Jair Bolsonaro que aconteceu na manhã deste sábado (29) no Centro do Recife foi surpreendido pela ação de forças policiais, que usaram spray de pimenta e bala de borracha para dispersar a multidão. O protesto era, até então, pacífico, mas aconteceu em descumprimento ao decreto estadual que proíbe aglomerações de pessoas devido à crise sanitária causada pela covid-19. Por volta das 13h, o grupo de protestantes já estava disperso. Há relatos de militantes feridos e presos.

Pouco tempo depois, o governador Paulo Câmara anunciou que havia determinado o afastamento do oficial que comandou ação da PM e do policial que teria jogado spray de pimenta contra a vereadora do PT Liana Cirne. “A Corregedoria da Secretaria de Defesa Social já instaurou procedimento para investigar os fatos. O oficial comandante da operação, além dos envolvidos na agressão à vereadora Liana Cirne, permanecerão afastados de suas funções enquanto durar a investigação”, disse o governador.

Os policiais montaram uma barricada em cima da Ponte Duarte Coelho, e avançaram contra os manifestantes, que afastavam-se do confronto em direção à Rua da Aurora. Bombas de gás lacrimogênio foram lançadas contra os militantes. Havia cerca de dez viaturas da PM no local. Ainda, um helicóptero da Secretaria de Defesa Social (SDS) rondava a Avenida Conde da Boa Vista.

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