O que se sabe sobre as investigações do novo ataque de tubarão na Praia de Piedade
Mais um banhista foi mordido pelo animal na Praia de Piedade, na Igrejinha, no Grande Recife, nesse domingo (25). Incidente aconteceu duas semanas após homem também ter sido atacado e morrer
Duas semanas após a morte de um banhista, outro também foi vítima de um ataque de tubarão no mesmo ponto da Praia de Piedade, na Igrejinha, nesse domingo (25). A proximidade dos dois eventos e a similaridade dos casos, já que ambos os homens estavam em águas rasas, revelaram a urgência da tomada de ações educativas e preventivas por parte do Governo de Pernambuco e da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes no litoral de Pernambuco.
O episódio mais recente será discutido em reunião convocada pelo Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) e realizada a portas fechadas às 16h desta segunda-feira (26) no auditório da Secretaria de Defesa Social (SDS), no bairro de Santo Amaro, Centro do Recife.
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Segundo apurou o JC, foram convidados representantes da gestão municipal e pesquisadores da Universidade Rural de Pernambuco (UFRPE) especializados em tubarões, que devem contribuir junto ao Cemit com sugestões de medidas que podem ser tomadas no litoral pernambucano para evitar que novos ataques de tubarão aconteçam.
Heverton Guimarães Reis, 32 anos, foi atacado durante a tarde pelo animal na coxa esquerda e foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros até o Hospital da Aeronáutica; depois, transferido para o Hospital da Restauração (HR), onde passou por uma cirurgia ainda no domingo. Nesta manhã de segunda, ele estava consciente e com quadro estável, e deve ser transferido para a enfermaria ainda hoje, segundo assessoria do centro médico.
Ainda não se sabe qual espécie de tubarão o atacou, de qual porte e idade. O doutor em engenheira de pesca da UFRPE Jonas Rodrigues disse acreditar que o Laboratório de Dinâmica de Populações Marinhas (DIMAR), do qual faz parte, também fará o trabalho de reconhecimento do animal assim como fez no último caso, mas que este ainda não foi iniciado.
A identificação é feita a partir de resultados de pesquisas que a universidade já possui catalogados e de imagens dos ferimentos da vítima.
Dias após o ataque que levou o auxiliar de serviços gerais Marcelo Costa Santos, 51 anos, à morte, o pesquisador havia enviado ao Cemit um laudo técnico com uma série de recomendações que poderiam ser tomadas em praias de grande risco para ataques, como ampliação da sinalização.
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“Existe uma série de circunstâncias que podem ser feitas ali, além da placa. [Poderiam] colocar uma sinalização de maior risco de cuidado com tubarão, com bandeirolas vermelhas, com instruções à população com serviços de educação ambiental”, afirmou. Caso as orientações não fossem seguidas pela população, Jonas recomendou a interdição de áreas de maior risco.
Jonas disse que há diversos fatores explicam a recorrência e proximidade temporal dos dois incidentes. “Por exemplo, o período de chuvas, estarmos no inverno, aquela é uma área de mar aberto. Além disso, estamos na lua cheia, que é um fator que faz com que as marés sejam mais altas e que façam com que a probabilidade do animal chegar à faixa de areia aumente”, explicou.
Incidentes em Pernambuco
Quando o caso deste domingo for confirmado, o Estado passará a ter 68 registros de ataques ou incidentes com tubarão em seu litoral registrados pelo Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) desde 1992.
Foram 63 ataques no continente, sendo 27 no Recife, 25 em Jaboatão dos Guararapes, seis no Cabo de Santo Agostinho, quatro em Olinda, um em Paulista e outro em Goiana. Em Fernando de Noronha, quatro pessoas foram vítimas dos tubarões. Há, ainda, dois casos em análise pelo Cemit em Noronha, que ainda não foram oficialmente incluídos no relatório.