Matéria atualizada às 20h50
Apesar das aulas presenciais da rede municipal de ensino do Recife voltarem nesta quinta-feira (22), a coordenadora do Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino da Rede Oficial do Recife (Simpere), Cláudia Ribeiro, afirmou em entrevista à Rádio Jornal, na tarde desta quarta (21), que os professores não retornarão às salas de aula.
"Nós, professores, decidimos em assembleia que vamos permanecer em atividade remota, atendendo as crianças remotamente. Não voltaremos às atividades presenciais enquanto não tivermos com nosso esquema vacinal completo", declarou.
As escolas e creches do Recife estão fechadas desde março de 2020, quando teve início a pandemia do novo coronavírus.
Os trabalhadores em educação da rede municipal de ensino do Recife foram incluídos pela Prefeitura do Recife no grupo prioritário do Plano Recife Vacina desde o dia 29 de abril e, desde então, estão sendo imunizados. Ao todo, a rede municipal do Recife conta com 320 escolas e creches, que atendem 92 mil alunos e onde atuam 5.400 docentes.
Nesta quarta-feira, o prefeito do Recife João Campos, afirmou ser importantíssimo o retorno das atividades escolares, deixando claro que o Executivo não pretende recuar da decisão. "Não abro mão disso. Nós vamos sim voltar com segurança e preservando a vida. Entendendo que a educação, ou a gente prioriza na prática, ou a gente não avança", declarou o gestor, em entrevista à Rádio CBN Recife.
A reabertura das escolas da rede municipal de todo o Estado foi liberada pelo Governo de Pernambuco há quase dois meses, em 26 de abril. No entanto, a capital pernambucana manteve apenas as aulas remotas.
De acordo com o cronograma da Secretaria de Educação do Recife, nesta quinta-feira, voltarão para aulas presenciais as turmas dos 8º e 9º anos do ensino fundamental. Na semana seguinte, em 27 de julho, será a vez dos alunos dos 4º, 5º, 6º e 7º anos do fundamental. Por último, em 3 de agosto, voltarão para a escola as crianças dos 1º, 2º e 3º anos do fundamental e todos da educação infantil. Também nessa data retomarão às atividades presenciais os estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Segundo Cláudia Ribeiro, a decisão não significa que a categoria não tem o desejo de voltar para as escolas, mas que não faz isso por motivo de segurança. "Queremos retornar às atividades presenciais, contudo, a gente entende, por todos os argumentos sanitários científicos e porque a pandemia não acabou, que não é seguro", disse.
A coordenadora também citou medo da variante Delta do coronavírus. Os dois primeiros casos de contágio pela nova cepa foi registrados em tripulantes filipinos de um navio atracado no Porto do Recife.
"Vamos continuar na luta para manter as escolas fechadas e garantir a vida das criança, trabalhadores da educação e comunidade", afirmou Cláudia.
Protocolos de segurança
A retomada das atividades presenciais conta com um protocolo sanitário elaborado pela Secretaria de Educação, em parceria com a Secretaria de Saúde, que foi baseado no protocolo do Governo de Pernambuco.
O órgão também investiu na compra de itens que possam promover a segurança dos profissionais das escolas, assim como dos estudantes. Segundo a Secretaria, foram comprados mais de 300 mil máscaras; 7.500 face shields; mais de 600 termômetros; além de totens para álcool gel; dispensers; tapetes sanitizantes; pulverizadores e porta-papéis toalha, entre outros.
Além disso, novas pias foram instaladas em todas as unidades para higienização das mãos. O órgão garante ainda que melhorou a estrutura para fortalecer o acesso à água, inclusive com ampliação da capacidade de armazenagem em várias escolas e creches.
"As face shields estarão disponíveis para todos os funcionários das escolas que optarem por fazer uso delas, apesar do protocolo não estabelecer como um item obrigatório. Vamos distribuir máscaras para todos os estudantes e empregados. Além disso, pias foram instaladas nas áreas externas, ou seja, fora dos banheiros para que os alunos possam estar lavando as mãos", informou o secretário de Educação do Recife Fred Amancio.
Segundo o secretário, a princípio, todas as escolas terão um rodízio de alunos, e cada instituição de ensino irá definir a sua logística. "O que irá determinar o rodízio será o distanciamento de 1,5 m de aluno para aluno. Como cada sala tem um formato que varia de acordo com a escola, o sistema é consequência da necessidade de cada uma delas, portanto ele também irá variar", declarou Fred.
Para Cláudia, no entanto, o protocolo não garante a segurança dos alunos e profissionais da educação. "Desde quando protocolos seguram o vírus? Vacina é que é importante", disse a coordenadora do Simpere.
O protocolo elaborado pela Secretaria de Educação ainda prevê que sejam mantidos lugares fixos para os alunos tanto em sala, quanto nos refeitórios. A realização de eventos com grandes concentração de pessoas, atividades coletivas e utilização de parquinhos infantis estão suspensas.
Não será permitido o compartilhamento de alimentos e objetos de uso pessoal, como copos, pratos, talheres, objetos de higiene pessoal, roupas íntimas, entre outros. Também é necessário adotar a utilização de garrafas individuais ou copos para consumo de água, evitando o contato direto da boca com as torneiras dos bebedouros.
O protocolo determina limpeza e a desinfecção das superfícies mais tocadas (mesas, teclados, maçanetas, botões, etc.), pelo menos duas vezes ao dia, além da higienização e desinfecção dos banheiros, instalações, áreas e superfícies comuns, antes, durante e após o expediente.