Com honras militares e muita comoção, o corpo do sargento da Polícia Militar Adelcio Miguel Ângelo foi sepultado, nesta quinta-feira (22), no Cemitério Parque das Flores, em Tejipió, Zona Oeste do Recife. A cerimônia foi marcada pela tristeza de familiares, amigos e companheiros de farda. O policial, que trabalhava como motorista da vice-governadora Luciana Santos, foi morto a tiros no Sítio dos Pintos, na tarde da quarta-feira (21).
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Ângelo deixou esposa e dois filhos. Durante a cerimônia, sua companheira, Adriana Oliveira, estava muito abalada e não saiu de perto do caixão. Mais cedo, no Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro, ela falou sobre o crime. "Foi uma tragédia. Fizeram isso com a pessoa errada. Ele era uma pessoa tão boa. O carro dele estava com as cestas básicas que ele doava para os carroceiros. Eu não entendo", afirmou emocionada e entre soluços. Ela também disse que Ângelo não tinha dado nenhum detalhe sobre a entrega que iria fazer.
O sargento estava a disposição da Casa Militar e trabalhava há quatro anos como motorista da vice-governadora. No dia do crime, ele estava de folga e tinha ido fazer a entrega de um vídeo game no local. A investida foi feita por dois homens, que se passaram por clientes, e atiraram no sargento enquanto ele tentava fugir. "Almoçávamos todos os dias juntos. Ontem, ele disse que não iria, pois tinha que fazer a entrega. Depois, não tive mais contato", informou a esposa do militar.
Ângelo estava há 14 anos na Polícia Militar de Pernambuco e havia servido no Batalhão de Choque. Durante o sepultamento, ele foi homenageado pelos amigos de farda. O veterano do exército Rivaldo Morais relembrou a missão da Organização das Nações Unidas (ONU), que serviu ao lado do militar na época das forças armadas. "Era uma pessoa extremamente profissional e experiente. Ficamos perplexos e surpresos com o que aconteceu".
A vice-governadora Luciana Santos também compareceu ao enterro e prestou solidariedade a família do motorista e amigo pessoal. "Ele era uma pessoa muito tranquila e dedicada. A gente desenvolveu um respeito muito grande pelo seu profissionalismo e um afeto pessoal, devido ao cotidiano. Todos nós estamos consternados com a perda precoce", afirmou.
Investigações
Um dos suspeitos de 23 anos foi preso em flagrante na quarta (21) próximo ao local e confessou o crime. Ele foi levado para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde apresentou duas versões dos fatos. A primeira foi de que mais dois suspeitos teriam participado do assassinato. A Polícia Militar realizou buscas no local, mas eles não foram encontrados. Na segunda versão, ele disse ter agido sozinho e ter sido ameaçado pelo policial militar.
O advogado da família afirmou que no momento não é possível descarta nenhuma versão para motivação do crime. "Será tudo apurado e levantado para sabermos se o assassinato teve ligação com o cargo que ele exercia", pontuou Emerson Beltrão. Uma briga que aconteceu há dez anos também está sendo avaliada pelos policiais.
De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco (PC-PE), as forças de segurança estão trabalhando de forma integrada nas investigações sobre o homicídio. Conforme as investigações iniciais, o militar foi vítima de um possível latrocínio, roubo seguido de morte.
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) instaurou inquérito e está reunindo elementos, informações e provas sobre o crime.
Leia a íntegra da nota da PC-PE:
As forças de segurança estão trabalhando de forma integrada nas investigações sobre a morte de um policial militar, em Sítio dos Pintos, no Recife, no início da tarde de hoje (21/07). Ele estava de folga, quando foi vítima de um possível latrocínio, conforme as investigações iniciais. Ao ser baleado, não resistiu aos ferimentos.
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa instaurou inquérito e está reunindo elementos, informações e provas de modo a esclarecer os fatos com maior brevidade e punir os responsáveis. Um suspeito foi preso em flagrante, pelo crime de latrocínio, por policiais do 11º Batalhão da PMPE, responsável pelo policiamento ostensivo nessa área. Os trabalhos prosseguem.
O policial militar tinha 14 anos de PMPE e há 4 anos estava à disposição da Casa Militar. Deixou esposa e dois filhos. A Polícia Militar, assim como a Casa Militar, estão prestando assistência aos familiares. Essa é uma perda irreparável para a corporação, a segurança pública, companheiros de trabalho, amigos e parentes.