Acusada pelo crime de abandono de incapaz com resultado morte de Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, a empresária Sarí Corte Real foi interrogada nesta quarta-feira (15), na segunda audiência de instrução e julgamento relacionada ao caso, no Centro Integrado da Criança e do Adolescente, onde está localizada a 1ª Vara de Crimes Contra a Criança e o Adolescente, no Recife. O menino morreu ao cair do nono andar de um edifício de luxo na área central da cidade, em junho de 2020. A imprensa não teve acesso. No testemunho, segundo a defesa, Sarí, que é ex-patroa da mãe da criança, alegou que tentou convencer Miguel a sair do elevador a todo momento e só parou quando viu sua filha mais nova chorando na porta do apartamento.
"Sarí a todo momento tenta dialogar com Miguel e convencer ele a sair. Ela, inclusive, consegue convencê-lo umas seis vezes. Só que ele ficava correndo e entrando nos quatro elevadores. As filmagens mostram que esse momento durou cinco minutos. Cinco minutos dela tentando tirá-lo na persuasão. Não foi um momento rápido. Demorou", disse o advogado Pedro Avelino.
Sarí estava responsável pela guarda de Miguel enquanto a mãe dele passeava com o cachorro da patroa.
Segundo o advogado, a empresária também afirmou que nunca imaginou o elevador como um local que pudesse oferecer risco à vida da criança. Ele diz, também, que a própria perícia apontou isso.
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"Para Sarí, o elevador do prédio nunca foi sinônimo de risco. Com base nisso, ela nunca imaginou o resultado dessa tragédia. Foi inimaginável. Inclusive, o próprio filho de Sarí, que na época tinha a mesma idade de Miguel, transitava pelo elevador. A própria perícia diz que foi um acidente", explicou.
Além de explicar a cena do elevador, de acordo com o advogado, Sarí fez questão de enfatizar a relação amistosa que tinha com Mirtes, Miguel e Marta, avó da criança. "Ela explicou que sempre teve uma relação de proximidade com Mirtes, Marta e Miguel. Ela corria corria com Mirtes, faziam dietas juntas. Existia uma relação de muita proximidade", destacou.
Revoltante ouvir mentiras calada, diz Mirtes
Mirtes Renata de Souza, mãe de Miguel, esteve presente no depoimento. Segundo ela, a defesa tentou culpá-la e culpar a criança pelo acidente.
"Eles falam, de um forma, como se eu fosse a pior mãe do mundo. A estratégia da defesa deles esteve querendo tirar a culpa dela (Sarí) e Colocar em mim. Questionando a minha educação, questionando a educação que eu dava a meu filho, que minha mãe dava. Se eu fosse a pior mãe do mundo, eu não estaria aqui lutando para que ela seja responsabilizada pela morte do meu filho", afirmou a mulher.
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Mirtes também afirmou que foi doloroso escutar o que ela classificou como "mentiras" em silêncio. "É bastante doloroso relembrar tudo. Além disso, as narrativas que ela utilizou omitiram vários pontos, mesmo que nas imagens estejam de fácil entendimento o crime que ela cometeu. É revoltante, foi difícil ouvir as mentiras calada", declarou Mirtes