Mudanças climáticas

Em simulação, pontos do Recife aparecem submersos pela água por conta da elevação do nível do mar; veja imagens

Os pontos simulados são de Casa Amarela e dos entornos do Estádio dos Aflitos, ambos na Zona Norte do Recife

Cadastrado por

Vanessa Moura

Publicado em 19/10/2021 às 9:41 | Atualizado em 19/10/2021 às 10:15
Casa Amarela com aumento de 4ºC na temperatura média global - Reprodução/Climate Central

Recife é considerada a 16ª cidade mais ameaçada do planeta pelas mudanças climáticas com o aumento do nível do mar, de acordo com o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas da ONU (IPCC). Sabendo disso, a organização Climate Central produziu simulações de como ficariam alguns pontos da cidade se o planeta não alcançar as metas de redução de emissões de carbono.

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Os pontos simulados são de Casa Amarela e dos entornos do Estádio dos Aflitos, ambos na Zona Norte do Recife. A simulação começa nos dias de hoje, com a elevação do nível do mar atual, e vai até 2050, com aumento de até 4ºC na temperatura média global. Nas imagens, é possível perceber o aumento gradativo das águas invadindo a cidade. Veja imagens:

Aflitos:

Estádio dos Aflitos com nível atual do mar - Reprodução/Climate Central
Estádio dos Aflitos com aumento de 1,5ºC na temperatura média global - Reprodução/Climate Central
Estádio dos Aflitos com aumento de 2ºC na temperatura média global - Reprodução/Climate Central
Estádio dos Aflitos com aumento de 3ºC na temperatura média global - Reprodução/Climate Central
Estádio dos Aflitos com aumento de 3ºC na temperatura média global - Reprodução/Climate Central

Casa Amarela:

Casa Amarela com nível atual do mar - Reprodução/Climate Central
Casa Amarela com aumento de 1,5ºC na temperatura média global - Reprodução/Climate Central
Casa Amarela com aumento de 2ºC na temperatura média global - Reprodução/Climate Central
Casa Amarela com aumento de 3ºC na temperatura média global - Reprodução/Climate Central
Casa Amarela com aumento de 4ºC na temperatura média global - Reprodução/Climate Central

Soluções

De acordo com o professor do Departamento de Oceanografia e vice-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Moacyr Araújo, é preciso se adaptar à elevação e pensar em soluções. “O que nós observamos ao longo das décadas, quando você começa a analisar os dados de aumento do nível do mar, de 40 anos atrás até agora, você percebe que quanto mais você se aproxima de 2021, mais rápido o nível do mar está subindo”, explicou o docente, em entrevista ao JC.

O vice-reitor, que tratou do tema “O caso do Recife: elevação do nível do mar”, no Fórum Internacional Recife Exchange Netherlands (RXN), realizado de forma remota pela UFPE até o dia 15 de outubro, explica que o que aumenta a vulnerabilidade da capital do Estado é a combinação das suas características geofísicas (maré, vento, correntes, etc) e sua capacidade de reagir a intensidade destes fenômenos. “Recife se localizou e se implantou em uma região de delta. Os rios Capibaribe e o Beberibe se juntam aí e o Recife nasceu nessa região, que é de baixa altitude”, disse Moacyr.

A partir disso, somado aos efeitos das mudanças climáticas que, segundo o relatório do IPCC, já estamos perto de atingir o limite de 1,5°C de aumento da temperatura global, especialistas começam a traçar estratégias de convivência com o avanço do mar. “Nós vamos ter que nos adaptar e conviver com isso da melhor forma possível”, destaca o docente.

E quais seriam as soluções? Uma das primeiras medidas a serem pensadas é a engorda das praias, um processo que não pode ser visto como um resultado único. Em Jaboatão dos Guararapes, foram investidos mais de R$ 41,5 milhões no processo de engorda de 5,8 quilômetros da orla. Medida semelhante tem sido estudada pela Prefeitura do Recife para a Praia de Boa Viagem.

Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife - Fernando Castilho/JC
Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife - Fernando Castilho/JC
Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife - Fernando Castilho/JC
Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife - Fernando Castilho/JC

Especialistas também apontam para outras medidas, como a proteção dos recifes naturais e das áreas de mangue. Outra ação importante é com relação ao olhar integrado do município com seus rios e canais, que estão relacionados diretamente aos alagamentos da cidade devido aos poucos avanços em termos de infraestrutura.

“Talvez a gente tenha, daqui para o final do século, que conviver com algumas áreas da Região Metropolitana do Recife, que vão ser periodicamente lavadas, quando houver uma alta intensidade do vento empurrando a água, combinado com a maré alta alcançando até três metros de altura, e quando houver a coincidência destes fenômenos pode sim ter algumas regiões de Recife, que vão ficar inundadas”, afirma Moacyr Araújo.

A criação de um observatório que possa abrigar uma rede de pesquisa também poderia ajudar no monitoramento do nível do mar. “Todas essas informações estão dispersas. Nós precisamos de um sistema de monitoramento mais rigoroso. Quanto antes começarmos a ter um registro de confiança, com um sistema de medidas acumuladas, maior será a nossa capacidade de mitigação dos efeitos desse aumento”, sugere o especialista.

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