Com quantos holandeses se faz uma nação? Se tratando de Brasil, nenhum. Foi só com a expulsão do povo que viveu entre 1630 e 1654 em terras tupiniquins que o sentimento coletivo de pátria se formou, a partir da Insurreição Pernambucana - que também deu início ao Exército Brasileiro. Para tornar essa importante história ainda mais conhecida no Estado, as forças armadas brasileiras desenvolvem o “Projeto Cultural Memória Militar - Origens do Exército”, que deve incluir os principais locais da guerra, alguns ainda pouco visitados, em um roteiro turístico e cultural.
Mesmo em fase de planejamento, o projeto já tem parcerias com o Grupo de Coordenação e Integração integrada por representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), secretarias Estaduais e Municipais, Universidades, lideranças comunitárias, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), entre outros. Ainda será feito um mapeamento de micro e pequenas empresas que podem ser beneficiadas por ele e a formação de guias turísticos e recuperação dos locais que serão inseridos.
Novas ferramentas, como realidade virtual, um centro administrativo e exposições serão instaladas, a fim de contribuir para a divulgação e preservação da história e do protagonismo de Pernambuco na formação do País para grupos de estudantes, turistas, instituições e sociedade em geral.
"A profundidade da cultura pernambucana é fundamental para a história do Brasil. Aqui está o berço da nacionalidade brasileira. O simbolismo da Batalha dos Guararapes tem tudo a ver com o Exercito. Aqui está também a gênese do próprio exercito brasileiro. Isso ficou com uma marca muito profunda, tanto que Pernambuco é muito calcado pelo patriotismo e pela brasilidade", disse o comandante Militar do Nordeste, Richard Fernandez Nunes, em entrevista à Rádio Jornal este mês.
Pontos turísticos
O principal local da Insurreição Pernambucana e, consequentemente, do roteiro histórico-cultural, está no município de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, cidade que já na entrada estampa, orgulhosa: “A pátria nasceu aqui”. Isso porque foi em seu território onde ocorreram as duas Batalhas dos Guararapes contra as tropas flamengas em 1648 e 1649, onde hoje é o Parque Histórico Nacional dos Guararapes, comandadas pelo índio Felipe Camarão, negro Henrique Dias e pelo senhor de engenho Fernandes Vieira.
No sítio histórico, há monumentos, igrejas e sítios que relembram o período, e que hoje passam por revitalizações para melhoria de circulação, do mirante, de cercamento e da sinalização, conforme a reportagem do JC viu na última quarta-feira (1º). “Já estamos fazendo algumas obras de infraestrutura para a população. A partir de 2022, adaptaremos o entorno para revitalizar o parque, construindo quatro vias de acesso e cercando o parque para evitar invasões”, disse o gestor do Parque Histórico, o Tenente Coronel Azevedo. Além de acesso gratuito, serão feitas nele ações pedagógicas em parcerias com as escolas municipais, estaduais e particulares e projetos de pesquisas junto às faculdades.
O circuito também englobará o Arraial Velho do Bom Jesus, o Arraial Novo do Bom Jesus, as igrejas de Nossa Senhora da Graça e Seminário de Olinda e de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes e fortes da Região Metropolitana do Recife como o do Brum, hoje um museu que será o ponto de referência do projeto para partida de ciclovias e guias, com centro de referência para estudos. Em Itamaracá, o Forte Orange também ganhará destaque.
É previsto que o roteiro fomente eventos culturais e convença agências de turismo a incluí-los nos pacotes de viagem. "Agência de viagens e operadores já se interessam por isso. Isso vai permitir o emprego de pessoas locais como guias nessas atividades. Esse já é um projeto em andamento que só vai avançar se houver um interesse da sociedade em enxergar nesse projeto oportunidade de crescimento. Todo nosso patrimônio vai ser empregado nessa realidade", garantiu o comandante Nunes.