O Instituto JCPM de Compromisso Social lançou o programa “Fomento de Capacitação da Juventude Negra”. Ainda em caráter inicial, o projeto piloto oferece oito bolsas anuais de até R$ 3 mil para custear projetos de desenvolvimento de carreiras de jovens negros que já tenham passado por alguma atividade do IJCPM. Das vagas ofertadas, uma será para um candidato trans e outra para candidato com deficiência. Clique aqui para se inscrever.
Mesmo representando cerca de 56% da população brasileira autodeclarada, a população negra está em apenas 5% dos cargos de liderança. Os dados são da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD 2019).
Para participar do projeto é preciso que os candidatos tenham entre 21 e 29 anos e estejam há, ao menos, dois anos no mercado de trabalho. Além disso, os jovens precisam residir ou já ter residido no bairro de Brasília Teimosa ou Pina, na Zona Sul do Recife. As inscrições dos projetos seguem até o dia 17 e são gratuitas.
O IJCPM atua nos bairros do Pina e Brasília Teimosa, na Zona Sul da cidade, desde o final de 2007. Dentre os assistidos pelas suas iniciativas, cerca de 70% são negros. “Temos debatido muito sobre como podemos adotar políticas afirmativas com o objetivo de apoiar e fomentar o desenvolvimento da carreira de jovens negras e negros, que enfrentam, em suas trajetórias, tantas dificuldades e desvantagens em função do racismo estrutural. É preciso atuar para mudar essa fotografia secular”, comenta Juliana Martorelli, gerente de Desenvolvimento Social do Grupo JCPM.
Segundo o instituto, cada inscrito poderá apresentar um projeto que será analisado por uma banca. As demais etapas seguirão o critério amplo de seleção. O desembolso poderá ser feito em, no máximo, 12 meses, com custo mínimo de R$ 500,00 e valor máximo, somando os 12 meses, de R$ 3 mil.
Durante o desembolso, serão observados atestado de frequência, comprovante de pagamento dos cursos, e monitoramento do desempenho na capacitação. O resultado dos aprovados será divulgado no dia 24 de janeiro de 2022.
"Acompanhamos a dificuldade de jovens negras e negros em conseguir oportunidade no mercado de trabalho. Pensamos na oportunidade aos que já estão inseridos para que possam ter a possibilidade de um fomento, uma bolsa, de até três mil reais. Fizemos uma escuta com essa juventude e entendemos que a maior dificuldade é de fomento, de investimento à capacitação. Só capacitando eles conseguem ascender e alavancar a carreira. Não vemos políticas afirmativas e programas antirracistas que façam com que jovens permaneçam no mercado de trabalho. Então, nossa aposta é na manutenção para que permaneçam", destacou Juliana Martorelli.
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A jovem Alice Karla, de 24 anos, teve os primeiros contatos com o mercado de trabalho por conta do IJCPM. Por meio de uma parceria do Instituto com sua escola, em 2014, ela participou do seu primeiro curso na instituição. "No meio do curso, surgiu uma vaga de aprendiz em uma drogaria. Também fiz curso de aperfeiçoamento para o mercado de trabalho, com foco em jovem aprendiz. Concluí esse curso, fiz o jovem aprendiz na área de vendas. Após isso, surgiu outra vaga de aprendiz na área administrativa do RioMar Recife. Passei por dois setores diferentes, atendimento e departamento pessoal. Hoje, estou efetiva na empresa, graças ao curso de aprendizagem do IJCPM", comentou.
Entre aprendizagem e funcionária efetiva, Alice já está no RioMar há quatro anos. Ela destacou o apoio de membros do IJCPM durante todo o período. "Sempre me ajudavam no Instituto. Me indicavam vagas, me ofereciam cursos e eu sempre procurava me integrar. Tudo que sou hoje foi graças a eles, nunca me deixaram só, me ajudaram muito. No instituto, participei de aulão, cursos como aperfeiçoamento para o mercado de trabalho, inglês e libras", comentou.
Ela explica que o instituto tem sido para uma "porta de sucesso" para jovens de comunidades. "É a partir de lá que nascem gerentes, auxiliares, atendentes e mais. Eles sempre procuram incluir você. Isso, para mim, foi um divisor de águas. Digo que o instituto foi minha casa, onde aprendi muitas coisas, passei muito tempo e sempre fui tratada bem", concluiu.