''Sei que errei, beber e dirigir é errado'', diz réu responsável por colisão que deixou três mortos na Tamarineira
João Victor Ribeiro está preso desde 2017 acusado por triplo homicídio doloso duplamente qualificado e por dupla tentativa de homicídio.
''Não tenho vergonha de dizer que estou errado, sei que eu errei, beber e dirigir é errado''. A declaração é de João Victor Ribeiro, 29, que está sendo julgado nesta quinta-feira (17) por homicídio triplamente qualificado e dupla tentativa de homicídio, resultantes de uma colisão de trânsito no bairro da Tamarineira, no Recife, em 2017.
O julgamento entrou no terceiro dia, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, com o interrogatório da defesa do réu. Durante três horas e meia, João contou sua história de vida, desde muito cedo envolvida em um consumo abusivo de álcool e drogas, internações, uso de medicamento e quebras constantes de confiança da família. "Não tenho medo de assumir a minha responsabilidade hoje, antes eu tinha. Hoje, não", disse João.
Ele foi tratado por diversos psiquiatras e começou a tomar ansiolíticos. O réu contou sobre os empregos que teve, seja como representante comercial, seja como supervisor de obras na empresa do pai. "Com dinheiro, comecei a frequentar bares, virar a noite, usar cocaína novamente com frequência. Comprei um palio vermelho e comecei a trabalhar, trabalhar, usando cocaína, bebendo, mentindo, dizendo que estava em casa de namorada, mas com estava com outras pessoas usando droga", disse.
Confira imagens do julgamento:
Apaixonado por carros, ele trocou de veículos e muitas vezes teve esses tomados pelo pai, por envolvimento com drogas. Logo depois de um tempo, segundo ele, a confiança era retomada e ele voltava a dirigir. A ida e vinda de internações também aconteceu, por conta de recaída no álcool. "Me acostumei a tomar cerveja com caldinho, depois dose de alcatrão com mel e limão e cachaça e onde tivesse álcool eu ia colocando na boca e depois de bêbado só queria cheirar pó. Ia atrás de cocaína".
O fatídico dia da colisão
Sobre o dia da colisão, João Victor narrou que tudo começou com um chamado do amigo, Matheus Peixoto, para fumar um cigarro de maconha. "Nos encontramos em Zé Perninha (bar em Olinda), ele pediu uma cerveja, uma Itaipava, nunca tinha tomado Itaipava, estava cinza, gelada, tomei um copo, não estava bebendo, mas tomei um gole depois do outro. Não tenho vergonha de dizer que estou errado, enfatizo isso porque sei que estou errado, sei que eu errei beber e dirigir é errado", disse. "Esse dia para mim jamais será esquecido", completou.
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No fim da tarde, após beber todo o dia, eles seguiram para Casa Forte e, segundo João, houve uso de maconha no carro no caminho. "Comi dois pães de alho, acordei preso na algema, na cadeira de rodas entrando num hospital, e quando olhei para a frente, um mundo de gente, e meu pai", disse ele explicando que não lembra de nada sobre a colisão.
"Eu ocorri em acidente trágico, morreram duas mulheres, uma criança, ficou um homem vivo, um pai de família, uma criança sequelada, e eu me sinto hoje que sou condenado pro resto da minha vida, tendo cadeia ou não, só sendo psicopata para viver com a mente tranquila sabendo que destruiu famílias, fiquei mais de 20 dias sem comer pensando no que aconteceu", concluiu João.
Acusação
Responsável pela colisão, João Victor Ribeiro de Oliveira, 29, está preso desde 2017. O réu é acusado por triplo homicídio doloso duplamente qualificado e por dupla tentativa de homicídio. A perícia do Instituto de Criminalística revelou que João Victor trafegava a uma velocidade de 108 km/h. O máximo permitido na via, entretanto, era de 60 km/h. Ele ainda avançou o sinal vermelho. O teste de alcoolemia realizado no motorista registrou nível de 1,03 miligrama de álcool por litro de ar, três vezes superior ao limite permitido por lei.
A vítima, Miguel Arruda da Motta Silveira Filho, perdeu no acidente a esposa Maria Emília Guimarães da Mota Silveira e o filho Miguel Arruda da Mota Silveira Neto. Além disso, a filha, Marcela Arruda da Mota Silveira, ficou com sequelas devido ao trágico acidente no cruzamento da Rua Cônego Barata com a Estrada do Arraial, no bairro da Tamarineira. A babá das crianças que também estava no carro, Roseane Maria de Brito Souza, também morreu com a colisão.