O deputado estadual Romero Albuquerque (União Brasil) agrediu fisicamente um homem nesta sexta-feira (25/3), no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife, e publicou o vídeo nas redes sociais. A vítima da agressão seria um homem com histórico de violência contra animais.

O vídeo, inclusive, foi editado antes de ser postado no Instagram do parlamentar, que já foi vereador do Recife nos anos de 2017 e 2018, sendo eleito deputado estadual posteriormente.

A edição destaca o momento em que o parlamentar bate no rosto do homem, que não teve a identidade revelada. Romero Albuquerque usa a defesa dos animais como bandeira política.

Nas redes do deputado é possível ver um vídeo em que o homem espanca um cachorro.

O deputado usa imagens das agressões contra o animal gravadas por uma ativista na noite anterior. Seria um filhote de pitbull que estava sendo mantido acorrentado e era alvo de pauladas.

No vídeo, Romero Albuquerque diz ao dono do cão: “Olha para mim. Por que tu não bate em mim? Eu não sou do teu tamanho?”.

Em seguida, diz um palavrão e agride o rapaz no rosto. O homem não reage. E as pessoas que estão ao lado do deputado apenas observam.

O vídeo encerra com o deputado pedindo: “Cadeia para os maus-tratos” contra os animais. Também mostra o homem sendo detido e colocado numa viatura da Polícia Civil.

POLÍCIA CIVIL

A agressão é presenciada por uma equipe da Secretaria Executiva dos Direitos dos Animais do Recife (Seda), assessores e seguranças do deputado.

Nas imagens, é possível ver também uma equipe da Polícia Civil, mas tanto o deputado como a instituição garantiram que os policiais só chegaram depois da agressão. Mas um inquérito para apurar a agressão teria sido instaurado.

“Os policiais civis chegaram depois da agressão. Eles não viram nada disso. O vídeo foi editado e dá a entender que os policiais estavam ao meu lado. Mas não é verdade. Quem detém o rapaz é o meu motorista, que usa o direito constitucional de qualquer cidadão de dar ordem de prisão”, afirmou ao JC Romero Albuquerque.

A Polícia Civil teve um posicionamento oficial que coincide com a versão do parlamentar:

“A Polícia Civil de Pernambuco esclarece que os policiais não estavam presentes na ocorrência no momento em que o acusado de maus-tratos a um animal foi agredido pelo parlamentar. Isso ficou claro após todas as partes serem ouvidas.

No momento da agressão as pessoas que estavam ao lado do deputado e da vítima eram amigos do deputado que contiveram e ataram as mãos do homem conforme o próprio deputado afirmou à delegada do caso.

Policiais chegaram só depois desse momento, fazendo, dentro da lei, a condução da ocorrência à Delegacia de Polícia do Meio Ambiente (Depoma). As investigações sobre todas as circunstâncias do fato prosseguem”, afirmou por nota.

ARREPENDIMENTO

“Sei que errei, mas perdi a cabeça depois de ter visto tanta violência contra o animal de 30 centímetros. E da ironia do agressor, que fez pouco caso quando exibi o vídeo que flagrou a agressão. Decidi publicar o vídeo nas redes sociais porque muita gente presenciou o fato e temi que ele fosse divulgado da forma errada, sem considerar o que tinha acontecido anteriormente com o animal. Até eu conseguir explicar a verdade, demoraria muito”, explicou Romero Albuquerque.

O deputado ainda disse que, apesar da agressão e da edição do vídeo, é contrário à violência. "Infelizmente aconteceu. Não fiz isso para me vangloriar, mas não aguentei. Eu não apoio nenhum tipo de violência nem a chamada justiça com as próprias mãos. Foi um caso isolado na minha trajetória política e já pedi desculpas, inclusive ao rapaz agredido. Vou responder pelo que fiz. Não fui exemplo para ninguém”, disse.