Entre bancas escolares e colchões espalhados pelo chão, a manicure Gabriela Marques, 28 anos, tenta consolar os dois filhos caçulas, uma menina de 2 anos e um bebê de 5 meses. Desde sábado, sua moradia é uma das salas da Escola Municipal Casarão do Barbalho, na Iputinga, Zona Oeste de Recife. A água invadiu sua casa, na comunidade do Cajá, também na Iputinga, arrastando móveis e pertences.
Somente na capital pernambucana, segundo a prefeitura, há 2.630 pessoas desabrigadas ou desalojadas pelas fortes chuvas que caem no Estado desde a semana passada. Para acolher essas famílias, 41 prédios municipais foram transformados provisoriamente em abrigos, sendo 19 escolas ou creches.
"Consegui salvar geladeira, cama, fogão e botijão de gás. Mas perdi sofá, guarda-roupa, cômoda, roupas. Moro na beira do canal. Quando abri a porta de trás de casa foi uma onda para cima de mim, alagando tudo", conta Gabriela. Além dos dois caçulas há mais dois filhos, com 10 e 7 anos.
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"Os mais novos estão irritados, não conseguem dormir direito. Ficar no abrigo ajuda porque não tenho para onde ir, mas queria mesmo era uma casa para morar com meus filhos sem tanto aperreio", diz Gabriela. O marido está em Olinda trabalhando como ajudante de pedreiro.
Na Escola Casarão do Barbalho há 120 pessoas alojadas. A dona de casa Aparecida Oliveira, 35, foi para lá com os dois filhos de 4 e 8 anos. "A água invadiu até o teto da minha casa. Ganhei lençol, cobertor, estamos recebendo alimentos", diz Aparecida. Ela cria os filhos sozinha com R$ 400 que recebe do Bolsa Família. Mora na comunidade conhecida como Ponte da Salvação, também na Iputinga.
DOAÇÕES
O secretário municipal de Educação do Recife, Fred Amancio, pede que as pessoas entreguem doações nos pontos de coleta definidos pela prefeitura, em vez de levar diretamente para os abrigos. "Porque assim fazemos a triagem e direcionamentos melhor as doações", explica Fred. Ele está coordenando os espaços municipais que foram disponibilizados como abrigo.
A prefeitura montou 23 locais oficiais para receber donativos na campanha Recife Solidário. As doações podem ser entregues no edifício-sede da Prefeitura, no Cais do Apolo; no Sítio da Trindade, em Casa Amarela; e no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem.
Os interessados também podem fazer doações de roupas, alimentos, produtos de higiene pessoal e de limpeza e colchões nos shoppings RioMar, Recife, Tacaruna e Boa Vista. Também estão disponíveis como locais para doações as lojas da rede de supermercados Big de Casa Forte, da Avenida Caxangá, de Boa Viagem, na Avenida Recife e no Shopping Tacaruna. E nas 11 lojas da Drogaria São Paulo.
Pessoas físicas ou jurídicas interessadas em participar do movimento solidário para doação de produtos ou serviços podem entrar em contato com Central de Arrecadação da prefeitura, por meio dos números (81) 98791-2705 e 3355-9412 ou enviar e-mail para doacaorecifesolidario@gmail.com.
OLINDA
Em Olinda, a gestão municipal contabilizou 396 pessoas que estão em sete locais transformados em abrigos (seis escolas e um órgão público). Quem quiser ajudar as famílias, há três pontos de arrecadação: Caic de Peixinhos (Avenida Presidente Kennedy, s/n); Escola Pró-Menor (Rua C 6, n° 15, Rio Doce) e a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (Avenida Getúlio Vargas, 536, Bairro Novo). Na secretaria, as doações podem ser feitas até 22h.