FERNANDO DE NORONHA

"Estava apreensivo". Esposa detalha o que desaparecido em naufrágio de embarcação a caminho de Noronha disse sobre viagem

O comandante Ivanildo Ferreira Campos é um dos quatro tripulantes da embarcação

Cadastrado por

Katarina Moraes

Publicado em 23/06/2022 às 17:16 | Atualizado em 23/06/2022 às 17:57
"Thaís IV" costumava atracar no Porto do Recife a cada duas semanas para embarcar suprimentos para Fernando de Noronha - REPRODUÇÃO

Com informações do repórter Emerson Pereira, da TV Jornal

Elozine Campos, esposa do comandante da embarcação que naufragou nessa quarta-feira (22) a caminho do arquipélago de Fernando de Noronha, relatou a última conversa que teve com o marido. Por telefone, Ivanildo Ferreira Campos, de 65 anos, contou estar "apreensivo com o tempo", que estava deixando o mar perigoso, com ondas agitadas. Ele segue desaparecido junto a outros três tripulantes.

"Ontem, eu falei com ele uma única vez, e ele disse que estava tudo bem com a embarcação, só que estava apreensivo com o tempo, porque as ondas estavam muito agitadas. Ele pediu para eu rezar para que ele tivesse uma viagem boa, porque o mar estava perigoso", disse a mulher à reportagem da TV Jornal na manhã desta quinta-feira (23).

A embarcação "Thais IV" havia saído do Porto do Recife às 14h20 da terça (21) carregando 100 toneladas de cargas diversas para abastecimento da Ilha, e deveria ter chegado ao destino por volta das 6h desta quinta-feira (23). No entanto, naufragou por volta das 4h30 da quarta (22) a aproximadamente 111 km de Cabedelo, na Paraíba.

Até o momento, quatro pessoas foram resgatadas - o marinheiro de máquinas, dois marinheiros de convés e o cozinheiro. Eles foram trazidos até o Porto do Recife na manhã desta quinta-feira (23) no Navio Mercante “Nazenin”.

Segundo a Marinha do Brasil, os náufragos resgatados encontravam-se, aparentemente, "em bom estado de saúde" e foram encaminhados para avaliação médica.

Ao saber do naufrágio, a família do comandante veio de Natal, no Rio Grande do Norte, onde mora, e chegou até o Recife por volta das 7h da manhã desta quinta ao Porto do Recife, em busca de informações. A esposa, um casal de filhos e a nora de Ivanildo não foram autorizados a entrar, e passaram horas do lado de fora. A filha do homem, Rayssa Campos, relatou indignação.

"Estou com meu pai desaparecido, sem notícias. não sabemos o que realmente aconteceu. é uma angústia. a gente só soube do acidente porque vimos nas redes sociais, ninguém ligou para a gente para dizer o que tinha acontecido. queremos saber como foi o acidente para saber se existe possibilidade dele estar vivo", disse ela.

A empresa responsável pelo barco, a Jaqueline Transportes, por outro lado, afirma estar acompanhando as buscas e prestando assistência aos resgatados. "Desde ontem estamos em contato com a Marinha, prestando esclarecimentos pare tentar resgatar todos os tripulantes", disse o gerente de operações Bartolomeu Aguiar.

O comandante tem experiência no mar desde os 18 anos, quando ingressou na Marinha do Brasil. Mesmo aposentado, resolveu continuar trabalhando. "O mar sempre foi a paixão do meu pai, mesmo de folga ia para a praia todos os dias. Ele amava. a gente brigava muito com ele para ele não fazer mais esse trabalho, mas era muito feliz fazendo isso", contou Rayssa.

Ainda acostumado com a função, Ivanildo já havia dito ao filho, Eriberto Campos, que onde ele naufragou era um "trecho perigoso". "Principalmente quando estava chovendo, porque a visibilidade é muito ruim." Ainda, o filho disse que "o barco estava em Natal na semana passada fazendo manutenção, porque apresentava problemas."

A Força Aérea Brasileira continua fazendo buscas na região nesta quinta-feira (23) com o uso de duas aeronaves. A Marinha do Brasil informou que "um inquérito foi aberto para apurar causas e as circunstâncias do ocorrido".

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