Dois dos oito tripulantes da embarcação de carga "Thais IV" continuam desaparecidos após o barco naufragar na última quarta-feira (22) a aproximadamente 111 km de Cabedelo, na Paraíba, quando estava a caminho do arquipélago de Fernando de Noronha.
Duas pessoas, que não tiveram a identidade divulgada, foram encontradas mortas nessa sexta-feira (24). A Marinha do Brasil informou que o Navio Patrulha Grajaú trouxe os corpos até o Porto do Recife neste sábado (25).
Outros quatro tripulantes - o marinheiro de máquinas, dois marinheiros de convés e o cozinheiro - foram resgatados com vida e trazidos até o Porto do Recife na manhã da quinta-feira (23) no Navio Mercante “Nazenin”. Os náufragos em bom estado de saúde.
Segundo o Porto do Recife, o navio, chamado "Thaís", atracava na capital pernambucana a cada duas semanas para embarcar suprimentos para Fernando de Noronha. Assim, às 14h20 dessa terça-feira (21), saiu do ancoradouro com 100 toneladas de cargas diversas para abastecimento da Ilha, e deveria ter chegado ao destino por volta das 6h da quinta-feira (23).
A empresa responsável pelo barco, a Jaqueline Transportes, afirmou à TV Jornal na última quinta que está acompanhando as buscas e prestando assistência aos resgatados. "Desde ontem estamos em contato com a Marinha, prestando esclarecimentos pare tentar resgatar todos os tripulantes", disse o gerente de operações Bartolomeu Aguiar.
Por fim, a Marinha informou que "um inquérito foi aberto para apurar causas e as circunstâncias do ocorrido".
Família de comandante conta o que ele disse sobre viagem
Elozine Campos, esposa do comandante da embarcação, relatou à TV Jornal, na quinta, a última conversa que teve ele. Por telefone, Ivanildo Ferreira Campos, de 65 anos, contou estar "apreensivo com o tempo", que estava deixando o mar perigoso, com ondas agitadas. Ele segue desaparecido junto a outros três tripulantes.
"Ontem, eu falei com ele uma única vez, e ele disse que estava tudo bem com a embarcação, só que estava apreensivo com o tempo, porque as ondas estavam muito agitadas. Ele pediu para eu rezar para que ele tivesse uma viagem boa, porque o mar estava perigoso", disse a mulher.
Ao saber do naufrágio, a família do comandante veio de Natal, no Rio Grande do Norte, onde mora, e chegou até o Recife por volta das 7h da manhã diretamente ao Porto do Recife, em busca de informações. A esposa, um casal de filhos e a nora de Ivanildo não foram autorizados a entrar, e passaram horas do lado de fora. A filha do homem, Rayssa Campos, relatou indignação.
"Estou com meu pai desaparecido, sem notícias. não sabemos o que realmente aconteceu. é uma angústia. a gente só soube do acidente porque vimos nas redes sociais, ninguém ligou para a gente para dizer que o tinha acontecido. queremos saber como foi o acidente para saber se existe possibilidade dele estar vivo", disse ela.
No ano passado, outra embarcação desapareceu em Noronha
Em 27 de maio de 2021, a embarcação de turismo Maria Bonita VI desapareceu no Arquipélago de Fernando de Noronha quando estava ancorada nas proximidades do Porto de Santo Antônio. Não havia tripulantes a bordo.
O barco foi encontrado somente em julho, a 234 quilômetros da costa da Guiana Francesa, um território francês localizado no norte da América do Sul.