A mãe do jovem assassinado na última sexta-feira (8) por um empresário de 50 anos no Edifício Morada dos Navegantes, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, prestou depoimento nesta quinta-feira (14) sobre o caso. Abalada, a comerciante Maria Laudjane afirmou querer respostas sobre o caso.
"A única coisa que eu desejo, do fundo do meu coração, é ver a filmagem completa. Não pegou ele (o suspeito) entrando no prédio e no elevador? Tem que ter pego quando a porta abriu. Quero ver como aconteceu, quem chegou primeiro e por que a ambulância não socorreu. Só quero apurar os casos", disse ela.
O estudante Breno Felipe Machado, de 28 anos, era o namorado da enteada do suspeito, que, após atirar contra Breno, a ex-companheira e a ex-enteada, tirou a própria vida.
Com um tiro no peito, Breno foi socorrido até o Hospital da Restauração (HR), na área central do Recife, onde deu entrada às às 9h28, mas veio a óbito às 10h15. Em outras ocasiões, a mãe já havia questionado a demora no atendimento do rapaz e o por que dele não ter sido levado para o mesmo hospital onde as duas outras vítimas foram socorridas.
"Se tiver mais alguém [responsável], quantas pessoas forem necessárias, que haja a culpabilidade mínima que seja, que essas pessoas também sejam responsabilizadas. Este é o desejo de justiça que a clama e que vai cessar um pouco essas dores", disse o advogado de Maria, Fábio Fonseca advogado.
Além de Breno, morreu também a sogra dele, que é a ex-companheira do suspeito, uma empresária de 50 anos. Ela havia sido levada junto a filha de 20 anos até o Complexo Hospitalar Unimed Recife, na Ilha do Leite, mas morreu na madrugada da última quarta-feira (13), um dia depois da filha receber alta.
Nessa quarta-feira (13), a polícia ouviu o síndico e zeladores do prédio. "Estamos ouvindo testemunhas e os familiares para poder embasar, principalmente, a motivação do que levou a essa tragédia. Tudo o que tiver de ser apurado, será apurado nesse caderno inquisitorial", afirmou o delegado Caio Morais.
Síndico disse não ter visto alternativa
Em entrevista, o síndico do prédio, Anderson Borges, afirmou que os trabalhadores não viram alternativa para impedir o homem de entrar e subir até o apartamento onde baleou três pessoas - das quais duas morreram.
"Infelizmente, o elevador só pode ser travado na casa de maquina, que fica no 20º pavimento. Não haveria tempo o suficiente para ir até lá em cima, principalmente para os porteiros, que estavam embaixo. Por outro lado, se os disjuntores das áreas comuns fossem desligados, não adiantaria, porque tem geradores que mantêm os elevadores ligados", explicou ele.
O empresário havia se separado há poucos dias da ex-companheira e não aceitava o fim do relacionamento. Os funcionários já haviam recebido ordens de que ele não podia mais subir. Então, ele rondou o prédio onde eles moravam por horas até conseguir entrar pela garagem quando um carro estava saindo.
Ele pegou o elevador, subiu até o 4º andar e atirou contra os ocupantes do apartamento: a ex-companheira, de 50 anos, a filha dela, de 20 anos, e o namorado da filha, de 28 anos. Depois, tirou a própria vida.
Um dos zeladores do prédio, Roberto dos Santos, também prestou depoimento nesta manhã. Ele foi uma das pessoas que falou com o empresário antes dele cometer o crime, mas recuou ao ver que ele estava armado. Ele contou estar abalado com o caso. "Vimos a cena, tivemos que limpar tudo. Fica travado na mente. Eu só vim conseguir comer ontem. Fica uma angústia por dentro", revelou.
A esposa do síndico e também moradora do prédio, Tatiana Borges, explicou ainda que, após a invasão do homem, a equipe do condomínio avisou por telefone para a moradora que o empresário estava indo ao apartamento.
"Temos uma imagem mais interna dele, que a imprensa não teve acesso, com a arma à mostra. Na hora que ele entrou, o zelador correu para falar com ele para ele não entrar, e o porteiro ficou na portaria já ligando para avisar que ele tinha entrado. Ela estava ciente que ele tinha entrado", afirmou.