Com informações da repórter Suelen Brainer, da TV Jornal
O motorista de aplicativo Gleisson Ramos da Silva Galindo, de 37 anos, foi até a Delegacia de Afogados, na Zona Oeste do Recife, registrar um boletim de ocorrência e negar que tenha tentado dopar uma passageira durante uma corrida - o chamado "golpe do cheiro".
O caso teria acontecido no último sábado (16), quando uma jovem solicitou uma viagem na Mangueira com destino ao Cais do Apolo, no Centro da capital pernambucana.
“Ela entrou no carro, bom dia, bom dia, a gente começou a andar. Eu disse: como hoje está chovendo, o tempo está nublado ou é impressão minha? Uma conversa normal, como tenho com todos os passageiros”, contou ele.
Em determinada distância, o motorista teria perguntado a ela se estava sentindo um cheiro bom no carro, porque, como havia chovido na noite anterior, rodava com um aromatizador no veículo.
“E ela disse: 'moço, estou passando mal', e eu disse: 'quer que eu te leve na Policlínica?', e ela disse 'não, quero descer do seu carro'. Encostei o carro, ela abriu a porta e desceu”, relatou.
Após isso, ela divulgou o ocorrido nas redes sociais com o objetivo de alertar outras mulheres. “Logo quando eu percebi que estava começando a ficar desconcertada, olhei para a mão dele e ele estava segurando um frasco, perguntando o que eu estava sentindo, aí eu corri do carro”, disse ela em mensagem.
Com a repercussão, Gleisson teve a conta bloqueada no aplicativo e ficou sem trabalhar. À TV Jornal, ele defendeu que o que havia na embalagem era apenas um aromatizador de ambientes.
Golpe do cheiro
Há mais de um mês, vários relatos foram publicados em redes sociais por mulheres de diversas partes do País que alegam ter sido vítimas do "golpe do cheiro" ou do "perfume", como também é chamado, durante viagens nos veículos de aplicativo.
As denúncias são de que os motoristas deixam apenas a janela deles aberta, enquanto as outras ficam fechadas. Além disso, estão usando máscaras. Posteriormente, um spray é disparado e, em pouco tempo, as vítimas começam a se sentir mal. Queixas como essas estão sendo apuradas em sigilo pela Polícia Civil de Pernambuco, segundo a coluna Ronda JC.
Uma recomendação do Departamento da Polícia da Mulher (DPMul) é que as possíveis vítimas façam prints das informações sobre o motorista, como placa do veículo, para ajudar nas investigações. E também para que as empresas desse serviço fiquem cientes e apurem a conduta dos profissionais. Queixas relacionadas ao "golpe do cheiro" podem ser registradas em qualquer delegacia do Estado.
AMAPE questiona relatos
Ao NE10, a Associação dos Motoristas e Motofretistas por Aplicativos de Pernambuco (AMAPE) também se pronunciou. Questionam a veracidade dos relatos, classificando como "desinformação", e apontam "falta de provas materiais". Veja íntegra da nota:
"A AMAPE - Associação dos Motoristas e Motofretistas por Aplicativos de Pernambuco, vem a público esclarecer:
1 - Está circulando nas redes sociais, DESINFORMAÇÃO, a cerca de supostos casos de tentativa de intoxicação com gás, em carro de aplicativo.
2 - Além de informações desencontradas, se percebe claramente que não há nenhum tipo de prova material.
3 - Temos recebido relatos de exposição de motoristas, sem provas, em redes sociais, o que caracteriza crime de calúnia contra estes profissionais, além da divulgação de informação falsa.
4 - Uma plataforma, informou, através de posicionamento, que até agora, só existe um caso, no Rio Grande do Sul, que teve o inquérito encerrado por falta de prova.
5 - Por isso, nossa orientação é que os motoristas de aplicativos de Pernambuco gravem em áudio e vídeo, todas as viagens.
6 - Vale uma reflexão: o gás não afetaria também o motorista?"