DIREITOS HUMANOS

Um ano após lançamento de edital, apenas uma hospedagem acolhe pessoas em situação de rua no Recife

Desde o anúncio, a iniciativa recebeu resistência da rede hoteleira. Gestão municipal afirmou que o edital foi relançado e segue aberto para inscrever novos interessados

Katarina Moraes
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Katarina Moraes
Publicado em 26/08/2022 às 15:44 | Atualizado em 26/08/2022 às 15:45
BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
A Prefeitura do Recife lançou no dia 14 de junho o programa Recife Acolhe, com iniciativa voltadas a pessoas de situação de rua - FOTO: BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
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Lançado em junho de 2021, o Programa Recife Acolhe, que pretendia abrigar 200 pessoas em situação de rua em hotéis e pousadas da cidade, conta com apenas uma hospedagem credenciada. É a Pousada Solar do Lazer, na rua Bernardo Guimarães, em Santo Amaro, que acolhe, hoje, 60 moradores que têm as estadias custeadas pelo município.

O poder municipal explicou que essas pessoas são encaminhadas pelos serviços da Assistência Social e levadas até a pousada de forma gradativa, "a partir de uma seleção de perfil e possibilidade de adaptação". Ainda, afirmou que o edital foi relançado e segue aberto para inscrever novos interessados.

Desde o anúncio, a iniciativa, no entanto, recebeu resistência da rede hoteleira. À época, a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira em Pernambuco (ABIH-PE) disse que o orçamento destinado à iniciativa contribuía para a baixa adesão e sugeriu outras alternativas como a adoção de casas de passagem.

Atualmente, a rede de acolhimento institucional da Prefeitura conta com 16 unidades, incluindo o Abrigo Emergencial, que acolhe famílias que ficaram sem moradia devido a alguma situação de calamidade pública, e as vagas de hospedagem social.

São 619 vagas, das quais 80% estão ocupadas. Segundo o município, de 2021 pra cá, a rede de acolhimento institucional da Prefeitura do Recife ampliou de 539 para 619 as vagas disponíveis, representando um aumento de 14%.


Ainda assim, não é suficiente para a quantidade de pessoas que vivem ao relento na cidade - 1.400, segundo última contagem da Prefeitura do Recife, feita em 2019. Um novo censo é feito em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), com previsão de que seja concluído em dezembro.

"A política pública da Assistência Social do Recife é garantida à população em situação de rua a partir da atuação dos profissionais do Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS). Tais profissionais trabalham diariamente realizando escuta ativa e ofertando os serviços de acolhimento institucional", pontuou a gestão.

Centros Pop

Hoje, Recife conta com dois Centros Especializados de Atendimento da População em Situação de Rua (Centro POP), que atendem a população em situação de rua que vive no Centro e na Zona Oeste. Os Centros POP ficam na Rua Bernardo Guimarães, nº 135, Santo Amaro, o Centro POP Glória; e na Rua Dr. João Coimbra, nº 66, Madalena, o Centro POP Neuza Gomes. Mensalmente, os equipamentos atendem, juntos, cerca de mil usuários.

O equipamento oferta para as aquelas pessoas que usam as ruas como local de sobrevivência e/ou moradia serviços como banho, alimentação, guarda de pertences, além de orientação e encaminhamentos para outros serviços da rede municipal.

A Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Política sobre Drogas (SDSDHJPD) prevê a abertura de mais um na Zona Sul do Recife - inicialmente previsto para Setúbal, em Boa Viagem, na Zona Sul. Um grupo de moradores, no entanto, protestam contra a instalação - já recolheu 4 mil assinaturas em um abaixo-assinado e realiza passeatas semanalmente.

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