Com colaboração de Simone Santos, da TV Jornal
A médica presa na última sexta-feira (19) por suspeita de envolvimento no assassinato do ex-marido, o oficial de Justiça Jorge Eduardo Lopes Borges, de 41 anos, brigava com a vítima na Justiça pela guarda da filha, de 6 anos. Recentemente, o pai havia conseguido o direito da menina dormir na casa dele aos fins de semana.
Foi ao voltar para casa após deixar a filha na casa da ex-mulher, no dia 4 de setembro, que Jorge foi baleado diversas vezes. Ele foi surpreendido por um homem armado em uma moto ao parar o carro em um semáforo do cruzamento entre a Estrada do Arraial e a Rua Sebastião Alves, na Tamarineira, Zona Norte do Recife.
O homem já se aproximou do veículo já atirando com uma arma de fogo contra o oficial de Justiça, que ficou internado durante três dias entre o Hospital da Restauração (HR) e depois em uma unidade particular do Recife, mas não resistiu aos ferimentos.
A Polícia Civil de Pernambuco identificou mensagens em que a médica e o tio acertavam um pagamento no valor de R$ 10 mil, quantia sacada por ela. Ainda, os autos mostram que uma funcionária dela disse tê-la ouvido marcar um encontro com alguém em um hospital do Recife, onde o dinheiro seria entregue.
Na investigação, consta que o encontro entre ela e um possível atirador foi registrado por câmeras de segurança no hospital. Ainda, que, em depoimento, um tio da suspeita indicou que ela procurava uma pessoa ligada a um conhecido grupo criminoso para executar um serviço.
O Tribunal de Justiça expediu o mandado de prisão contra a mulher, que foi levada para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para prestar depoimento. De lá, seguiu para a Colônia Penal Feminina do Recife. Agora, a família do oficial de Justiça deve entrar com um pedido de guarda da criança.
Os advogados de defesa entraram com um pedido de habeas corpus para que a médica cumprisse a prisão temporária em casa, com a alegação de que ela amamenta a filha de um ano do atual relacionamento, mas o pedido foi negado pelo desembargador Evandro Magalhães Melo.
Enquanto isso, a família de Eduardo ainda se recupera do luto. "Isso não traz o meu primo de volta, mas a pessoa que fez isso, um monstro, se foi ela mesmo, é uma sensação de alívio", disse o primo, João Miranda. Segundo ele, o relacionamento do casal era conturbado mesmo após o fim do casamento.
O tio do oficial, Everaldo Borges, ainda processa o que aconteceu. "Perante Deus, de vez em quando tenho um choque de realidade, não acredito e não vejo condições de um ser humano fazer aquilo com ele. Era uma pessoa extraordinária, que amava os animais, os filhos. Uma excelente pessoa", lamentou.