O recomeçar tem sido, sem dúvidas, o maior desafio para as vítimas da maior tragédia do século XXI em Pernambuco. Pensando em facilitá-lo, a ONG Habitat para a Humanidade Brasil vem promovendo restaurações emergenciais nas moradias de 63 famílias em vulnerabilidade social do Grande Recife - que viram a construção de uma vida ser tomada pelas chuvas.
Tem sido feitas reparações como pintura, revestimento, telhado, piso, instalações elétricas e melhorias nos cômodos, que tem ajudado famílias do Recife e de Jaboatão dos Guararapes a retomar a vida, já que o auxílio financeiro dado pelo poder público não é suficiente para reconstruir o que levou uma vida para ser erguido.
Em Recife, foram beneficiadas famílias da Várzea (com apoio do GRIS Solidário), Ibura Paz e Amor (com apoio do Centro Mário de Andrade), Morro da Conceição (Ana Paula Guedes), Passarinho (Espaço Mulher), Caranguejo Tabaiares (Caranguejo Resiste) e Vila de Santa Luzia (CEPAS).
Já em Jaboatão dos Guararapes, a comunidade beneficiada foi Muribeca, com apoio da Somos Todos Muribeca.
A gerente de Programa da Habitat Brasil, Mohema Rolim, relembrou a necessidade de, além de dar suporte às vítimas, pensar em urbanizar áreas de risco, para que "tragédias recorrentes como essas não voltem a ocorrer".
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“Esse projeto é uma resposta imediata da Habitat Brasil, junto aos nossos parceiros, a esses desastres. É muito importante oferecer apoio às famílias que foram atingidas, que, mesmo não estando com seus imóveis com risco de desabamento, necessitam de apoio para que fiquem ao menos na condição que estavam antes das chuvas. Afinal, com uma tragédia como essa aumentam as possibilidades de desabamento e de adoecimento físico e mental da família”, contou Rolim.
Além de Pernambuco, a iniciativa também engloba a comunidade Sarinha, localizada na cidade de Itabuna, na Bahia, que também sofreu com enchentes neste ano. Lá, as restaurações já foram finalizadas e beneficiaram 20 famílias.
A ação contou com parceria e o apoio da ONG Aldeias Infantis SOS, no atendimento direto à comunidade, com foco na 1ª infância, na etapa de diagnósticos, seleção e acompanhamento das famílias.
Nos dois estados, cerca de 400 pessoas, entre mulheres, crianças e idosos, serão contempladas diretamente pelas obras, que devem ser finalizadas até o final deste ano. A iniciativa recebeu investimento de aproximadamente 500 mil reais da organização e aporte financeiro da General Mills e da Votorantim Cimentos.
“O momento da enchente foi muito desesperador, não só para mim, como para todos da comunidade. Esses reparos na minha casa me trouxeram esperança e um sentimento de recomeço. Quando tudo aconteceu, fiquei sem meus materiais de trabalho, meu forno ficou sem funcionar e não consegui mais vender meus bolos. Hoje, voltei a trabalhar graças ao projeto”, relata a confeiteira Alane Batista, de Itabuna.
Em entrevista, a diarista de Itabuna Alba Regina de Jesus Silva, de 53 anos, falou sobre a insegurança que estava vivenciando antes de ser contemplada com o projeto.
“Sou nascida e criada em Itabuna e mãe solo de uma adolescente de 14 anos. Com a enchente, minha casa foi rachada no meio e houve até risco de desabamento. Toda a equipe trabalhou com muito amor e carinho para que os reparos fossem feitos e todos deixaram minha casa linda, em ótimo estado e toda pintada. Eu não teria condições de fazer isso sozinha na minha casa tão cedo, por isso, só tenho que agradecer”.