Em colaboração com Emerson Pereira, da TV Jornal
O Edifício Holiday, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, foi alvo de uma operação na manhã desta quinta-feira (2), após uma denúncia de que pessoas estariam vivendo no prédio - que, judicialmente, deve ser mantido desocupado.
Então, dois oficiais de Justiça, acompanhados por equipes da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco (CBMPE), da Secretaria de Mobilidade e da Neoenergia foram ao local a fim de cumprir a determinação.
Hoje, ninguém foi encontrado no prédio, mas foram encontrados colchões, sofá, roupas até panelas, o que indica que ele, de fato, vem sendo frequentado. Então, para evitar novas invasões, os órgãos fecharam um buraco no muro, enquanto guardas municipais faziam a vigilância na área.
Com uma imensa estrutura em formato de meia lua, o Edifício Holiday foi construído em 1957 como símbolo da expansão imobiliária na capital pernambucana, com 17 andares e 476 apartamentos que eram ocupados para estadia de veraneio.
Com o passar dos anos, no entanto, várias das residências começaram a ser repassadas por meios irregulares, acumulando inadimplências condominiais e problemas por falta de manutenção. Apesar da estrutura física também precisar de ajustes, não corre risco de queda, tendo sido a precária fiação elétrica o principal motivo pela interdição do imóvel.
Então, em 13 de março de 2019, o juiz Luiz Gomes da Rocha Neto, da 7ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), atendeu a um pedido da Prefeitura do Recife e determinou a desocupação completa do imóvel até o dia 20 do mesmo mês. O processo segue em andamento.
Na briga pela recuperação e contra uma eventual demolição do Holiday, há muitas mãos. Pesquisadores e estudantes da Universidade de Pernambuco (UPE) fizeram projetos para reparos elétricos e estruturais para o prédio, por exemplo, que serão apresentados ao Grupo Neoenergia.
Enquanto isso, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE) levantou, junto ao cartório de registro de imóveis, quem são os donos dos apartamentos do prédio - um mistério até então.
No final de 2022, o juiz nomeou um interventor para organizar a documentação dos moradores e a do próprio prédio. Contudo, segundo a antiga moradora Josiane Miranda, não foram feitas reuniões para isso, nem novas eleições para eleger novos síndicos que representem o condomínio perante o poder público.
"O juiz nomeou um interventor que não quer receber ninguém. Já terminou o prazo para regularizar quem tem documentação e quem não tem no prédio para fazer a eleição. O certo era fazer uma reunião e chamar todo mundo", contou.