Moradia

Desafio da Prefeitura é garantir moradia no Centro do Recife, afirma secretária

Em entrevista, a coordenadora do Recentro, Ana Paula Vilaça, afirmou que o objetivo da prefeitura é manter o centro da cidade vivo

Carol Guerra
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Carol Guerra
Publicado em 06/07/2023 às 17:45
BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
DESABITADOS Edifícios históricos na Rua do Imperador estão desocupados há anos e com riscos estruturais. Alguns, ao menos, contam com rede de proteção para evitar acidentes - FOTO: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

As tentativas de habitar o Centro do Recife não trouxeram o efeito esperado, inicialmente, pela Prefeitura do Recife. A ausência de respostas positivas às iniciativas que foram colocadas em ação, até o momento, não surtiram o efeito esperado para a gestão municipal, que coloca a ocupação dos bairros da área central como "o grande desafio". 

Apesar da criação de programas para incentivo ocupacional do centro, como o Yolo coliving, Recife Acolhe, além da Lei Municipal 18.869, que concede a isenção total do IPTU e do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis por Ato Oneroso, as ações ainda não foram suficientes para ocupar um número significativo dos imóveis inativos.

"O nosso grande desafio é garantir moradia para o nosso centro, para manter o centro com vida 24 horas por dia seja morando ou consumindo. As melhorias que estamos fazendo não acontecem rapidamente, de forma muito perceptível pela população, porque são anos de esvaziamento. Nosso centro perdeu a moradia, que é o que dá vida a uma região" afirma a chefe do Gabinete do Centro do Recife (Recentro), Ana Paula Vilaça, à Rádio Jornal.  

Entre os impasses enfrentados pela prefeitura está a dificuldade na adesão aos programas de incentivo à moradia nos bairros localizados na área central da cidade.

"O Plano Diretor elencou alguns imóveis como prioritários para estudo, são os Imóveis Especiais de Interesse Social. O que estamos fazendo neste momento é enquadrar eses imóveis nos parâmetros do Minha Casa Minha Vida Retrofit, que ainda está em formato de modelagem. Foram mais de 40 imóveis mapeados aqui no Centro, entre São José, Santo Antônio, Boa Vista. Estamos, inclusive, identificando imóveis que pertencem a um único proprietário para que a gente possa reofertar", esclarece.

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Imóveis em ruínas na Rua do Imperador, no Centro do Recife - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

Em contrapartida, os prédios abandonados da região passaram a ser ocupados por famílias sem-teto. Além disso, a gestão também encontrou resistência na transferência das pessoas em situação de rua para pousadas, por meio do projeto Recife Acolhe. 

"Temos o Retrofit, onde vamos reocupar alguns imóveis com moradias sociais, que pode ser adquirida por diversas faixas de renda. Então, o Minha Casa Minha Retrofit vai dar esse olhar para ocupação de centros históricos ao invés de apenas construir conjuntos nas periferias", explica. 

A gestão municipal chegou a comemorar o resultado de uma pesquisa que apontava para um aumento no de novos edifícios no Centro do Recife. Contudo, a maioria das construções seria voltada para a classe média. Sobre o foco do mercado imobiliário, Ana Paula Vilaça defendeu que as novas ações da prefeitura visam atrair um público diverso. 

"A gente quer uma moradia para todas as faixas de renda. Queremos um mistura de atividades, de uso, de comércio, serviços. Então, estamos trabalhando uma Parceria Público Privada (PPP) de locação social, junto com a Caixa Econômica Federal, com BID, para fazer um formato diferenciado de habitação social, subsidiado pela prefeitura. Tivemos recentemente o lançamento do coliving, que é essa moradia compartilhada para atingir o público mais jovem no bairro do Recife", garante. 

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RUA DO IMPERADOR // Situação de abandono da Rua do Imperador, no centro do Recife. - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

Paralelo ao esvaziamento da área central da cidade está o sentimento de insegurança, que assombra a cidade. Um dos casos mais recentes - que chamou atenção para o descaso da área - foi o assalto e esfaqueamento de um casal de turistas alemães na Avenida Dantas Barreto, próximo à Igreja de Nossa Senhora do Carmo. 

"Temos um comitê integrado que une a Guarda Municipal, Policia Militar e Polícia Civil com trabalho focado no centro do Recife. Em breve teremos uma inspetoria da guarda que será específica para a área", informou a gestora. 

Reforma de prédios históricos

O abandono dos prédios históricos do Recife complementa a lista de cobranças relativas à gestão. De acordo com coordenadora, as reformas dos imóveis está entre os pontos discutidos pela prefeitura. 

"O prédio do Diario de Pernambuco é do Governo do Estado, mas iniciamos as tratativas para ocupação do imóvel. Nós reformamos a praça no ano passado e estamos fazendo uma série de projetos para o coração da cidade".

Com promessas de reforma e possível transformação em centro cultural, como forma de homenagem à escritora, a estrutura - que está sob a administração da Santa Casa de Misericórdia - caiu em desuso. A porta principal está bloqueada por tijolos, a fachada foi tomada por lixos e pichações, além dos danos à estrutura, como furos no telhado e buracos nas paredes.

"Com relação à Casa de Clarice Lispector, também iniciamos as tratativas, com a Santa Casa de Misericórdia e a Fundaj, que tem um projeto para lá. Inclusive temos em frente uma praça emblemática, que é a Praça Maciel Pinheiro, que também estamos fazendo um trabalho de revitalização", finaliza. 

 

 A Prefeitura do Recife anunciou a realização de um leilão público, nesta quinta-feira (6), para a venda de um prédio histórico localizado no Bairro do Recife. Também conhecido como “ferro de engomar”, o imóvel está localizado no Recife Antigo, região de grande valor histórico e cultural, que abrigou por décadas a famosa lanchonete "As Galerias". 

"Esse é um dos imóveis emblemáticos, é o famoso ferro de engomar. A gente acredita que ele pode ter um uso pelo privado para diversas atividades. É um prédio que tem seis pavimentos, próximo ao Marco Zero. Cada quadra do nosso centro tem todo um parâmetro urbanístico, respeitando o nosso Plano Diretor. Mas, de modo geral, [nos imóveis podem funcionar] qualquer tipo de atividade: restaurante, lanchonete, museu, centro cultural. Todo esse tipo de uso é permitido para aquela região ", elucida. 
 

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