6 DE MARÇO

Terezinha Nunes provoca discussão para Data Magna virar feriado nacional; entenda

"Nos 100 anos da Revolução de '1817, o Brasil se curvou a Pernambuco e foi feriado nacional", disse Terezinha Nunes

Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 06/03/2024 às 13:06
Para a Terezinha Nunes, o movimento de 1817 teve mais importância para o País do que a Inconfidência Mineira, lembrada com um feriado nacional - TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM

A Data Magna se tornou feriado estadual em 2017, em meio às celebrações pelos 200 anos da Revolução Pernambucana, por proposta dos então deputados estaduais Isaltino Nascimento e Terezinha Nunes. 

Nesta quarta-feira (6), durante o Passando a Limpo, da Rádio Jornal, Terezinha Nunes, jornalista e ex-deputada estadual conversou sobre o assunto com a professora e advogada Margarida Cantarelli, presidente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP).

Durante o programa, Terezinha questionou Margarida Cantarelli sobre a possibilidade de, no futuro, a Revolução de 1817 ser reconhecida a ponto de virar um feriado nacional. "Nos 100 anos da Revolução de '1817, o Brasil se curvou a Pernambuco e foi feriado nacional. A gente passou esse tempo todo para conseguir, a duras penas, o feriado estadual", disse Terezinha. 

Para Margarida Cantarelli, o movimento colocou em prática a primeira república brasileira e se tornou o único movimento anticolonial que chegou às vias de fato. "É uma data muito desconhecida da população. Foi uma revolução que aconteceu durante quase três meses. Pernambuco e os vizinhos foram independentes de Portugal, e a Inconfidência Mineira nunca aconteceu, porque houve uma delação que levou o movimento a não eclodir; era mais para efeitos financeiros de cobrança de impostos. Mas o nosso dizia respeito à independência, soberania, constituição", destacou Margarida, ao explicar por que o movimento de 1817 teve mais importância para o País do que a Inconfidência Mineira, lembrada com um feriado nacional. 

"Queríamos que outras províncias se juntassem a nós. É um equívoco dizer que a Revolução de 1817 foi separatista. A revolução queria que outros províncios aderissem, como Paraíba e Ceará, e nós não fôssemos apenas três estrelas (sobre o fato de a bandeira do movimento ter três estrelas, representando PE, PB e CE). Seriam todas as províncias numa estrela única, de um Brasil independente. Era para separar Brasil de Portugal, e não para dividir o Brasil", analisou a presidente do IAHGP. 

O jornalista Fernando Castilho, titular da coluna JC Negócios, deste JC, também formou a bancada do Passando a Limpo desta quarta-feira (6) e questionou Margarida Cantarelli sobre a dívida histórica com a revolução, que é o fato de o governo e a população não darem o devido valor à Data Magna. 

"Por ter sido um movimento tão forte e expressivo de liberdade, a própria historia que era feita na corte tratou de minimizar o movimento e praticamente eliminá-lo dos livros de história. Ainda hoje, a Revolução de 1817 é tratada como uma coisa muito menor do que foi. Não interessava à corte mostrar ao mundo, a geraçõs seguintes, um movimento que tinha consistência, ideais, formulação de um estado novo, independente, soberano", respondeu. 

Ela acrescentou que foram colocadas "nuvens de fumaça" sobre o movimento. "À corte interessava que não se fizesse independência. Mas Pernambuco nunca se curvou. A nossa independência foi muito anterior ao 7 de Setembro. Nós fomos independentes antes do 7 de Setembro."

Desde 2107, no Estado, a Data Magna é comemorada todos os anos em evento oficial, com o hasteamento solene da bandeira de Pernambuco no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo, no bairro de Santo Antônio, no Centro do Recife.

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