URBANISMO

Olinda investirá R$ 31,6 milhões na Operação Inverno, que carece de estrutura de abrigos e alertas

Cidade anunciou obras de macrodrenagem, impermeabilização de barreiras, corte de vegetação, entre outras ações em preparação para as chuvas

Cadastrado por

Katarina Moraes

Publicado em 16/04/2024 às 15:47 | Atualizado em 16/04/2024 às 15:53
Ações da Operação Inverno foram divulgadas nesta terça (16) pelo prefeito Professor Lupércio - Sandro Barros/Secom Olinda

A Prefeitura de Olinda divulgou, nesta terça-feira (16), a Operação Inverno 2024, que terá investimentos de R$ 31,6 milhões voltados para obras de macrodrenagem, impermeabilização de barreiras, corte de vegetação, entre outras ações. Contudo, ainda não apresentou estrutura de emergência para chuvas extremas, como alertas, simulados ou abrigos para a população eventualmente afetada.

A falta de uma estrutura de prontidão às vítimas foi justamente um dos principais erros das gestões municipais na tragédia de 2022 em Pernambuco. Desabrigadas e desalojadas às pressas, moradores de áreas vulneráveis não tiveram para onde ir em meio às tempestades que os pegaram de surpresa.

De acordo com o município, “os locais de abrigamento são montados mediante o acionamento do plano de contingência. Este, por sua vez, está sendo atualizado e, em breve, será apresentado em audiência pública, com atualizações nos passos subsequentes”.

Leia Também

Segundo a Prefeitura, ações da Operação Inverno estão acontecendo desde o início do ano em localidades como Caixa D’Água, Águas Compridas, Córrego do Abacaxi, Córrego do Abacate, Alto Nova Olinda, Passarinho e Alto da Bondade.

"Aqui é o momento da apresentação, mas já estamos nas ruas há muito tempo e estarei acompanhando de perto toda limpeza de canais e as obras de contenção", ressaltou o prefeito de Olinda, Professor Lupércio.

Foram aplicadas lonas plásticas em 95 m² pela cidade e retiradas 265 árvores que podem movimentar barreiras. Auxiliam nos trabalhos da Defesa Civil 36 caminhões, entre modelos truncados, munck, hidrojato e toco, além de quatro escavadeiras.

OBRAS PÚBLICAS

A macrodrenagem será levada aos 27 canais do município, a exemplo dos cursos d'água já em execução, como o da Malária, no Varadouro; Ouriço do Mar, em Ouro Preto; e Lava Tripas, em Peixinhos. Já a microdrenagem é feita nas ruas, com limpeza de canaletas e galerias em todos os bairros.

Além disso, as Secretarias de Obras e de Urbanização Integrada também fazem a instalação dos sistemas de drenagem sob o investimento de R$ 4,5 milhões e limpeza em 27 canais.

A tecnologia de geomanta - que possibilita a impermeabilização das barreiras, evitando a erosão - também integra o pacote. Ao todo, cerca de 38 mil metros quadrados estão previstos, divididos em dois lotes. As iniciativas promovem, de acordo com a gestão, a orientação da população, com o cadastro para recebimento de avisos e alertas de desastres, e campanhas educativas, ampliando o diálogo com as lideranças comunitárias.

"Nossas equipes estão nas ruas diariamente fazendo vistorias e fazendo as erradicações necessárias. O plantão está atento para receber as demandas da população 24 horas", explicou a secretária executiva de Defesa Civil, Kelly Brito. Os atendimentos são feitos pela central telefônica, através do número 0800 081 0060.

O corpo técnico conta com engenheiros, arquitetos, geólogos, assistentes sociais e demais agentes. "Todas as ações previstas para a operação já estão em curso, seguindo nosso planejamento. O mais importante aqui, e é a nossa meta, é proteger as vidas e o patrimônio das pessoas", pontuou o secretário de Gestão Urbana, Odin Neves.

No monitoramento, cerca de 50 locais estão elencados como prioridade para a Secretaria Executiva de Defesa Civil, além do atendimento às demandas espontâneas da população. Olinda possui 122 locais de alerta, entre risco baixo e alto.

PLANO DE REDUÇÃO DE RISCOS

O número de áreas em alerta pode aumentar em breve, com a finalização do Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR), que está sendo elaborado. A iniciativa do governo federal busca identificar riscos e elaborar ações estratégicas para realizar o monitoramento, redução e controle de situações em locais suscetíveis a enchentes e deslizamentos de terra.

Atualmente, são mapeadas as áreas de risco e de vulnerabilidade social para deslizamentos em barreiras e inundações em assentamentos precários, a fim de possibilitar o município a tomar decisões em locais de maior risco.

“Nosso instrumento é uma bússola para que o gestor possa melhorar a situação das áreas de risco e reduza o nível até níveis muito baixos. O risco 0 não existe, mas pode ser baixo”, explicou o professor Fabrizio Listo, do Departamento de Ciências Geográficas, coordenador do plano em Olinda e em Jaboatão dos Guararapes.

Os dois municípios pernambucanos foram escolhidos entre 18 outros do Brasil pela vulnerabilidade urbana e menor capacidade técnica que capitais, por exemplo, para lidarem com o problema sozinhos.

Em 2022, Jaboatão dos Guararapes e Olinda estiveram entre as mais afetadas pela tragédia das chuvas no Estado, com 64 e 6 mortes, respectivamente, provocadas por deslizamentos de barreiras e alagamentos. Em todo o Estado, estima-se que mais de 130 mil pessoas foram afetadas.

Tags

Autor

Veja também

Webstories

últimas

VER MAIS