O anúncio feito pelo PSB e PDT, nesta quinta-feira (12), em apoio a candidatura do ex-governador Márcio França (PSB) à prefeitura de São Paulo, foi marcado por afagos entre as siglas, com vistas a 2022, e direcionamentos que se estendem a outras cidades e regiões do país. O distanciamento com o PT, por exemplo, foi algo claro na fala do prefeiturável Márcio França, e pode ter reverberações que vão além da capital paulistana.
“Quando somamos os dois partidos, as pessoas ficam um pouco mais ligadas. Quem é da política, sabe o que isso quer dizer, é um tempo de televisão e uma força política maior, por exemplo, que o maior partido político do Brasil que é o PT”, declarou o socialista, que tem histórico de distanciamento com o Partido dos Trabalhadores.
“Nós dois juntos (PSB e PDT) somos maiores que o PT em todos os números. Não somos obrigados a ficar subjugados a nada”, completou França. O evento, capitaneado pelos presidentes nacionais Carlos Siqueira (PSB) e Carlos Lupi (PDT), contou com a participação de diversas lideranças dos dois partidos, como o vice-presidente nacional Ciro Gomes (PDT) e o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) - saudado na fala dos pedetistas.
“Estou mais uma vez grato com a presença desse governador, que é sempre muito gentil e educado, todas as vez que vou a Pernambuco. Já estou me sentindo pernambucano pela habitual gentileza de Paulo. É praxe de Pernambuco ter essa gentileza e generosidade, e isso marca o coração da gente”, declarou Carlos Lupi.
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“Por falar em Pernambuco, abraço o nosso governador Paulo Câmara, meu querido amigo, que estou revendo aqui. Teve os dois primeiros casos de coronavírus em Pernambuco, vindos da Itália, não são de contaminação local, mas já está tudo pronto lá, competente governador”, afirmou.
No Recife, considerada uma cidade estratégica, ainda não há definição se o PDT irá lançar a candidatura do deputado federal Túlio Gadêlha - que impôs diversas exigências ao partido para dar continuidade ao projeto. Caso seja levado adiante, o PDT deixaria de fazer parte da Frente Popular que buscará eleger o deputado federal João Campos (PSB).
Mas, a política da reciprocidade das legendas poderá frustrar os planos de Gadêlha. Durante o ato, Lupi não escondeu o desejo de lançar Antônio Neto como vice-prefeito, na chapa majoritária de Márcio França. “Esse ato, na minha modesta opinião, é um ato para formalizar a nossa vontade de vê-lo (Márcio França) prefeito da nossa cidade de São Paulo. Você é um homem de uma vida reta e íntegra. Meu pedido é para que São Paulo tenha a honra de ser governado por um homem com sua envergadura, lealdade e compromisso”, elogiou.
“Meu desejo pessoal, e não vou deixar de falar isso, seria essa dobradinha aqui, Antônio Neto, vice-prefeito e Márcio, prefeito. É claro não posso deixar de manifestar, o meu desejo, mas sabendo que o mais importante para nós, é a nossa vitória contra essas forças de direita raivosas”, disparou o pedetista.
Reunião para ampliar alianças
Na próxima terça-feira (17), haverá uma reunião em Brasília, entre PSB, PDT, PV e Rede para tratar das alianças nas outras cidades do País, principalmente as que têm possibilidade de disputar o segundo turno. “Nós do PSB, e, evidentemente creio que do PDT, nós poderemos ter desempenho e protagonismo que nos levará para outro patamar político. Vamos a vitória a partir de São Paulo”, afirmou o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
No Rio de Janeiro, o PSB deverá apoiar a deputada estadual Marta Rocha, candidata do PDT. Em Porto Alegre a candidata dos pedetistas é Juliana Brizola, que também poderá receber o apoio dos socialistas. Pela manhã, a Comissão da Executiva Nacional do PSB esteve reunida para tratar da conjuntura nacional nestas eleições.
Entre as ações, ficou estabelecido que as capitais farão coligações de acordo com o deferimento da Nacional, e os demais municípios seguirão as orientações dos diretórios estaduais. “A própria fala de Márcio coloca que São Paulo seria o ponto de partida para um grande processo, onde em tese, tenderia a ser mais complexo. O que mostra que temos condições de construir uma unidade e isso se desdobrar em outras capitais. Naturalmente, esse processo de construção vai se dar no Recife, que é uma cidade estratégica para os dois partidos”, explicou o deputado federal Danilo Cabral, que participou da reunião.
Acenos para Ciro
O ex-ministro Ciro Gomes também foi elogiado pelas lideranças presentes e retribuiu. “Tive a honra de integrar o PSB sob a liderança de um amigo que a fatalidade nos subtraiu e está fazendo muita falta ao Brasil, nosso companheiro Eduardo Campos”, relembrou. Em 2013, Ciro Gomes e seu irmão Cid Gomes anunciaram a saída do PSB, além de desentendimentos sobre as alianças do partido envolvendo o PT, a candidatura do então governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à presidência da República, no ano seguinte, também teria pesado para a saída dos irmãos Gomes.
Para o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, a união entre os socialistas e o PDT tem um simbolismo importante, no momento que considera ser de retrocesso, porque traz uma alternativa viável para derrotar Bolsonaro em 2022. “Um momento em que a política está em dificuldades e que nós representamos duas forças históricas com uma longa e positiva história em nosso país. Uma história de transformação, de justiça social e desenvolvimento”, afirmou Siqueira.
Ao citar quadros que estejam dispostos a propor um sistema político diferente para o Brasil, o presidente nacional do PSB citou Ciro Gomes, candidato à presidência da República, em 2018. “É possível ter uma proposta estratégica para o País, que tem quadros importantes como do nosso partido, mas também como o presidente Ciro Gomes, que já demonstrou em todas as funções que exerceu em sua vida, de prefeito de capital a governo de estado, de ministro de várias pastas, que tem propostas progressistas capazes de mudar o rumo da política brasileira”, declarou.
Nas eleições que resultaram na vitória do presidente Jair Bolsonaro, os socialistas decidiram que iriam se manter neutros. Na disputa, estavam Ciro Gomes pelo PDT e Fernando Haddad pelo PT. Já no segundo turno, os socialistas definiram que iriam apoiar Fernando Haddad, que acabou perdendo com 44,87% dos votos.
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