Coronavírus

"Vamos manter as medidas", dizem governadores do Nordeste em resposta a Bolsonaro sobre novo coronavírus

A decisão dos governadores do Nordeste vem em resposta ao pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que voltou a criticar as medidas restritivas dos estados

Mirella Araújo
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Mirella Araújo
Publicado em 25/03/2020 às 16:32 | Atualizado em 25/03/2020 às 18:02
Divulgação / Secom Bahia
Rui Costa (PT), governador da Bahia, conversa com Flávio Dino (na tela, PCdoB), governador do Maranhão, durante videoconferência dos governadores do Nordeste, nesta quarta-feira (25) - FOTO: Divulgação / Secom Bahia

Atualizada às 17h46

Os governadores do Nordeste se reuniram por videoconferência, nesta quarta-feira (25), e decidiram manter todas as medidas que estão sendo adotadas para evitar a proliferação do novo coronavírus. Ainda nesta quarta (25), os 27 governadores farão reunião sem a presença de membros do governo federal. 

Em carta, os gestores que integram o Consórcio Nordeste, afirmaram que, "O momento vivido pelo Brasil é gravíssimo. O Coronavírus é um adversário a ser vencido com muito trabalho, bom senso e equilibro". 

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Eles classificaram a situação enfrentada no País, como um "momento de guerra" contra uma doença altamente contagiosa, e declararam estarem frustrados com o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), nesta terça-feira (24), quando voltou a relacionar o novo covid-19 com uma "gripezinha", e a criticar o isolamento social.

"Entendemos que cabe ao Governo Federal ação urgente voltada aos trabalhadores informais e autônomos. Agressões e brigas não salvarão o País. O Brasil precisa de responsabilidade e serenidade para encontrar soluções equilibradas", declararam os nove  governadores do Nordeste, que assinaram a carta. 

De acordo com o governador da Bahia e presidente do Consórcio Nordeste, Rui Costa (PT), a decisão prioritária dos estados, está sendo a de cuidar da vida das pessoas, e que a  responsabilidade de administrar a economia dos estados, não está sendo esquecida. “É um momento de união, de se esquecer diferenças políticas e partidárias. Acirramentos só prejudicarão a gestão da crise”, afirmou Costa. 

Um dos temas abordados na reunião foi a necessidade de o Governo Federal implementar uma ação urgente voltada aos trabalhadores informais e autônomos. Os governadores do Nordeste solicitaram ainda a necessidade urgente de uma coordenação e cooperação nacional para proteger empregos e a sobrevivência dos mais pobres.

Para a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), a prioridade no momento é a proteção da vida das pessoas, sem colocar a economia em segundo plano. "Entendemos que cabe ao Governo Federal ação urgente voltada aos trabalhadores autônomos. Agressões não salvarão o País. Precisamos de responsabilidade e serenidade para encontrar boas soluções", disse Fátima Bezerra em seu Twitter.

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Em sua página do Twitter, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT) afirmou que a carta dos governadores do Nordeste defende "a união e o bom senso". 

Nordeste

No dia anterior ao pronunciamento do presidente, em rede nacional, Bolsonaro e os governadores do Nordeste haviam se reunido,  também por videoconferência, e o tom de entendimento parecia ter prevalecido após o anúncio de R$ 88,2 bilhões para o combate ao coronavírus nos estados e municípios.

O próprio presidente declarou que os chefes do executivo estadual saíram satisfeitos do encontro, onde também foram anunciadas a suspensão da dívidas dos estados e União, por seis meses, o que corresponde a R$ 12,6 bilhões. O presidente e sua equipe ministerial também anunciaram a destinação de R$ 8 bilhões para os fundos estaduais e municipais de saúde, frisando que havia dobrado o valor pedido pelos governadores, que era de R$ 4 bilhões. 

Sudeste

Também nesta quarta-feira (25), pela manhã, houve uma reunião do presidente com os governadores do Sudeste, João Dória, de São Paulo, Wilson Witzel (PSC), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo. A videoconferência foi marcada por um embate entre Dória e Bolsonaro. 

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Após Dória criticar a condução de Bolsonaro em relação à crise do coronavírus. Bolsonaro rebateu pedindo ao antigo aliado que saísse do palanque. 

Confira o documento na íntegra:

Carta dos Governadores do Nordeste

25 de março de 2020

Em conferência realizada na tarde desta quarta-feira, 25 de março de 2020, nós governadores do Nordeste pactuamos:

1 – O momento vivido pelo Brasil é gravíssimo. O Coronavírus é um adversário a ser vencido com muito trabalho, bom senso e equilibro;

2 – Vamos continuar adotando medidas baseadas no que afirma a ciência seguindo orientação de profissionais de saúde, capacitados para lidar com a realidade atual;

3 – Vamos manter as medidas preventivas gradualmente revistas de acordo com os registros informados pelos órgãos oficiais de saúde de cada região;

4 – É um momento de guerra contra uma doença altamente contagiosa e com milhares de vítimas fatais. A decisão prioritária e a de cuidar da vida das pessoas, não esquecendo da responsabilidade de administrar a economia dos estados. É um momento de união, de se esquecer diferenças políticas e partidárias. Acirramentos só farão prejudicar a gestão da crise;

5 – Entendemos que cabe ao Governo Federal ação urgente voltada aos trabalhadores informais e autônomos. Agressões e brigas não salvarão o País. O Brasil precisa de responsabilidade e serenidade para encontrar soluções equilibradas;

6 – Ao mesmo tempo, solicitamos a necessidade urgente de uma coordenação e cooperação nacional para proteger empregos e a sobrevivência dos mais pobres;

7 - Ficamos frustrados com o posicionamento agressivo da Presidência da República, que deveria exercer o seu papel de liderança e coalizão em nome do Brasil.

WELINGTON LIMA/JC IMAGEM
O governador Paulo Câmara (PSB) - FOTO:WELINGTON LIMA/JC IMAGEM

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