Temendo atitudes autoritárias por parte do Palácio do Planalto, o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), um dos líderes do MBL, criou um grupo de WhatsApp com colegas congressistas denominado "Democráticos".
>> Partidos de oposição se unem em defesa do impeachment de Jair Bolsonaro
O grupo conta com algumas dezenas de deputados, entre eles Joice Hasselmann (PSL-SP), ex-líder do governo no Congresso, Marcelo Freixo (RJ), um dos principais nomes do esquerdista PSOL, Alessandro Molon (PSB-RJ), ex-líder da oposição, e Tabata Amaral (PDT-SP), uma das expoentes da nova esquerda. As informações são da Folha de S.Paulo.
Assim como os bolsonaristas, o Partido dos Trabalhadores (PT) não foi convidado. De acordo com congressistas ouvidos pela Folha, o motivo da reunião veio da necessidade de se contrapor à ameaça de que seja instalada novamente uma ditadura no país.
"Esse grupo é importante porque reúne pessoas que realmente estão preocupadas com a manutenção do Estado democrático de direito, com a manutenção das instituições e da própria democracia no Brasil, que é justamente o que vem sendo fortemente atacada pelo presidente Jair Bolsonaro", afirma Joice, que foi uma das principais aliadas do presidente, sendo sua líder no Congresso. Hoje ela está rompida.
>> Celso de Mello em recado a Bolsonaro: 'Traidor da Constituição é traidor da Pátria'
"As declarações são muito claras, a intenção do presidente da República é, de fato, partir para uma ruptura da democracia, uma ruptura institucional. Esse grupo reúne parlamentares das mais diversas frentes, que realmente estão preocupados com o momento que o Brasil está passando e que entendem que é preciso uma união de todos", acrescenta a deputada, afirmando que Bolsonaro "sonha dia e noite com um golpe". "Não é um desejo que vem de agora, é um desejo que vem de muito tempo, e ele flerta com essa possibilidade desde o início do mandato."
Líder da bancada do PSB, o esquerdista Molon manifesta pensamento similar.
"Há um sentimento de urgência, de evitar que um regime autoritário seja implantado no Brasil. Independentemente das divergências ideológicas, que muitas vezes são numerosas e profundas, o risco da implantação de um regime autoritário no Brasil impõe a necessidade de evitar isso a todo custo, até para proteger que essas divergências possam ser manifestadas livremente."
De acordo com outros integrantes do grupo, que preferiram falar sob condição de anonimato, o objetivo também é se contrapor também ao centrão, não só a bolsonaristas e a petistas –que sob a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem relutado em participar de movimentos suprapartidários de oposição.
Segundo integrantes do grupo de WhatsApp, alguns congressistas do PT querem aderir, mas o partido não foi convidado porque, além de estar com "o filme queimado", há a própria resistência de Lula de embarcar em um movimento que não seja encabeçado pelo partido.
Em reunião do PT na segunda-feira (1º), o ex-presidente criticou os manifestos suprapartidários em defesa da democracia surgidos nos últimos dias sob o argumento de que os documentos articulados pela sociedade civil desconsideram os direitos dos trabalhadores.