Em entrevista à CNN na segunda-feira (13), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), falou sobre uma possível fusão ou incorporação do PCdoB ao PSB, "não é que o PCdoB deixará de existir", afirmou. No entanto, ao JC, a presidente nacional do partido, a vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, contrariou o governador e afirmou não haver "nenhum debate em curso sobre fusão do PCdoB com o PSB ou com qualquer outro partido".
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O PCdoB ficou enfraquecido nas eleições presidenciais de 2018 por conta da cláusula de barreira, que restringe o funcionamento do partido que não alcançar ao menos 1,5% dos votos. Para garantir acesso às eleições, ao fundo partidário e ao tempo de rádio e TV, o partido se incorporou ao Partido Pátria Livre (PPL).
Quando perguntado sobre o convite recebido pelo PSB para fazer parte da legenda e concorrer às eleições presidenciais em 2022, o governador Flávio Dino (PCdoB) disse esperar até o próximo ano para fazer a redefinição partidária, tendo em vista as novas regras de cláusula de barreira, fim das coligações proporcionais, e ressaltou a relação de proximidade do PCdoB com o PSB.
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"O PCdoB tem uma relação muito próxima com o PSB, vejamos que a nossa presidente nacional é vice-governadora de Pernambuco, com o PSB. Temos essa aliança no Recife e em outras cidades de Pernambuco, ou seja, desde o berço, temos essa aliança, uma proximidade. Um diálogo com o PSB é muito bem-vindo, muito positivo para o País. É um caminho, sim, uma aproximação maior do PCdoB com o PSB, mas nunca uma coisa unilateral minha, de que eu vou sair do PCdoB para ser candidato pelo PSB, isso, não, jamais" defendeu.
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Indagado sobre a possível fusão das siglas, Flávio Dino comentou que a prática é uma "tendência do sistema partidário" para a diminuição do número de partidos e ressaltou que não é o fim do PCdoB. "Vão haver muitas fusões e incorporações não só no campo da esquerda, e isso atende a um dos objetivos dessa reforma, que é exatamente diminuir o número de partidos. Não que o PCdoB deixará de existir, vai ser extinto, não é isso, mas como legenda eleitoral, você pode ter as chamadas federações partidárias, como fizemos na prática, uma federação do PCdoB com o Pátria Livre, que está em vigor neste momento e a tendência é que outras aconteçam, não só no nosso caso, mas também em outros segmentos na direita brasileira, que muitos partidos pequenos e médios deixarão de existir em 2021", pontuou.
Procurada pela reportagem do JC, através de nota, a presidente nacional do partido e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, ressaltou que "não há nenhum debate em curso sobre a fusão do PCdoB com o PSB ou qualquer outro partido".
"O partido hoje trabalha para ter um bom desempenho nas eleições deste ano e chegar a 2022 ainda mais fortalecido. Não existe possibilidade de ter o fim do PCdoB. O PCdoB é uma instituição que carrega e defende um sonho, uma perspectiva, que é a construção do socialismo no Brasil. Enquanto houver injustiça social, essa perspectiva não morrerá, estará sempre na ordem do dia e presente. Também não há nenhum debate em curso sobre fusão do PCdoB com PSB ou com qualquer outro partido".
A vice-governadora também falou sobre a cláusula de barreira, motivo que levou a quase-extinção do partido em 2018. "O que temos, é uma legislação autoritária no País, que institui a famosa cláusula de barreira para que uma legenda possa existir institucionalmente. É uma determinação autoritária porque tem como único objetivo reduzir a quantidade de legendas. Mas estamos nos preparando para enfrentar a cláusula de barreira. Por isso, temos projetos arrojados no Brasil todo em 2020".
Ela destacou algumas pré-candidaturas que lidera pesquisas em alguns municípios, como Porto Alegre, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Olinda, com o atual deputado estadual e ex-prefeito do Recife pelo PT, João Paulo (PCdoB), que está com a pré-candidatura confirmada. "Estamos ajustando nossa tática para nos adequarmos às novas exigências da lei eleitoral e nos reposicionarmos na cena".
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Luciana destacou, ainda, a atuação do governador do Maranhão Flávio Dino, que "aparece na cena nacional como um possível pré-candidato à presidência da República dois anos antes das eleições". "Somos hoje um partido que tem uma figura como Flávio Dino. Ele foi deputado federal duas vezes e é um governador reeleito, tudo isso dentro da legenda do PCdB. Ser odo PCdoB nunca foi empecilho para ele virar o que virou, não o impossibilitou de liderar uma frente ampla e conquistar uma vitória política contundente, de repercussão nacional", pontuou.
Também procurado pela reportagem do JC, o presidente do PCdoB em Olinda, Luciano Moraes, destacou que o partido é o que tem maior tempo de existência no Brasil e não vai acabar. "O PCdoB só acabará quando não houver mais a necessidade da existência de um partido comunista. Ele está mais vivo do que nunca. A relação com o PSB é estratégica por ser um aliado nosso, sobretudo em Pernambuco, como aliado histórico. Consideramos legítimo a postulação de qualquer partido em disputar a Prefeitura, o que nos une é o objetivo de garantir a democracia e fazer com que Olinda retome o processo de desenvolvimento e inclusão social. Vamos aguardar com muita serenidade a posição que o PSB tomar, e se não for possível estarmos juntos no primeiro turno, estaremos no segundo".