Diante da impossibilidade de aglutinação de todas as pré-candidaturas do grupo de oposição formado por partidos como o DEM, PSDB e Cidadania em torno de um único nome, conforme pontuou a direção estadual do Podemos, a delegada Patrícia Domingos lançará oficialmente sua pré-candidatura à prefeitura do Recife nesta terça-feira (4).
Havia uma expectativa que o grupo pudesse enfrentar a disputa majoritária com uma chapa única, mas até o momento nenhum dos nomes colocados para o pleito - como o ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM), o deputado federal Daniel Coelho (Cidadania) e o deputado estadual Alberto Feitosa (PSC) - indicaram uma possível desistência.
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“Tenho uma relação de diálogo muito direto com a presidente nacional Renata Abreu e com o presidente estadual Ricardo Teobaldo, desde o princípio eles acreditaram na minha história e no meu propósito de cuidar da cidade e das pessoas”, afirmou Patrícia ao JC.
A delegada reafirma que não foi possível construir uma unidade em torno de uma candidatura única que representasse a oposição, mas lembra que o bloco permanece com um único objetivo. “Nosso objetivo em comum é encerrar o ciclo de poder do PT e do PSB, então todas as candidaturas são legítimas, todos têm o direito de pleitear e participar das eleições”, declarou. Ela também não descarta que um destes partidos possam vir a compor a vice em sua chapa.
“Todo apoio do partidos de oposição é muito bem vindo e o Podemos continua se colocando nesse processo de união. Como pré-candidata a prefeita do Recife, estou aberta o diálogo”
Segundo nota divulgada, nesta quinta-feira (30), o Podemos - presidido em Pernambuco pelo deputado federal Ricardo Teobaldo, a legenda vem ao longo dos últimos meses dialogando com todos os partidos do campo oposicionista. "Com vistas à definição da melhor estratégia política para garantir uma ampla vitória dessas forças na eleição municipal do Recife", diz parte do comunicado.
"Desde o início deste processo, o nosso partido colocou o nome da delegada Patrícia Domingos ao exame dos demais partidos com a convicção de que a mesma, pelo seu espírito público, pela sua exemplar trajetória profissional, pelo seu perfil combativo e pela densidade política eleitoral já indicada nas pesquisas, enriqueceria o quadro das opções do nosso campo, juntamente com outros postulantes legitimamente apresentados que sempre contaram com o nosso maior respeito", pontua Ricardo Teobaldo.
Ainda segundo a direção do Podemos, a decisão por lançar a candidatura da delegada é vista com uma forma de fortalecer a presença das oposições no segundo turno, tendo em vista a fragmentação das candidaturas governistas. “Não é fácil unir todo esse grupo, mas acho que podemos ter duas candidaturas sim. Uma delas será a da Patrícia. Temos registrados em pesquisas que ela tem pontuado bem, em segundo e terceiro lugar, e a população ainda tem um grau de conhecimento muito pequeno sobre ela. Então, ela é a que tem maior potencial de crescimento e a menor rejeição”, declarou o dirigente estadual.
Em entrevista ao JC, logo após se filiar ao Podemos e cravar que sairia pré-candidata a prefeitura do Recife, Patricia Domingos afirmou que a população estaria mais consciente e aberta para escolher novos nomes, e que seria uma das "grandes apoiadoras da união da oposição".
"A gente vem pregando essa união desde antes da minha filiação ao Podemos.Entendemos como uma solução viável a união da oposição em torno de um projeto para que se possa encerrar um ciclo de poder extremamente longo exercido pelo PSB no estado de Pernambuco. Esse é o maior objetivo, que haja uma oxigenação, essa alternância do poder que inclusive é saudável para a democracia. É um momento da oposição voltar a protagonizar", declarou a delegada, na ocasião.
O ex-ministro da Educação e pré-candidato à Prefeitura do Recife, Mendonça Filho (DEM), afirmou ser legítimo que a delegada Patrícia Domingos lance sua pré-candidatura, no entanto, continuará defendendo a unidade das forças que estiveram juntas no palanque de 2018. Ele cita os partidos como o Cidadania, PTB, PSDB, PSC, PL, PSL.
“É um direito que assiste a Patrícia, é um caminho solo. Não sei o que orienta essa decisão, se é algo de ordem pessoal ou em sintonia com os projetos nacionais para o futuro do Podemos”, declarou Mendonça. Segundo o dirigente do DEM, mesmo colocando seu projeto político a disposição das forças de oposição, é preciso compreender a construção de uma mudança segura.
“Não tenho projeto pessoal, quero contribuir para construir a unidade dentro dessas forças. Precisamos tirar o Recife das mãos do PSB e PT. Hoje, temos uma cidade que está no fundo do poço e totalmente abandonada. Recife é a capital do desemprego, com a saúde se mostrando precária”, disparou.
O deputado federal e pré-candidato a prefeito, Daniel Coelho, também enxerga o projeto político do Podemos como um caminho isolado, apesar de reconhecer a legitimidade que cada partido possui em querer se colocar na disputa municipal. “Nós temos um bloco de sete partidos que defende a unidade, para ter uma candidatura forte e com condições de ir para o segundo turno. Nós vamos dialogar até o dia da convenção para formar um candidato e um vice com chance de vitória”, afirmou o líder do Cidadania.
De acordo com Coelho, quem quer buscar unidade precisa ter paciência e não tentar estipular prazos em cima de uma decisão. “Não podemos obrigar ninguém a estar num conjunto, é uma escolha autônoma e democrática. Outras candidaturas podem convergir, que ainda não possuem posição pública, então vamos tentar trazer esses partidos também”, declarou o parlamentar.