RESENHA POLÍTICA

João Campos diz estar preparado para ser prefeito do Recife e rebate críticas sobre sua herança política

O pré-candidato do PSB, em entrevista ao Resenha Política, nesta segunda-feira (24), acredita que o maior desafio do Recife é a desigualdade social e não vê problema em dialogar com o governo federal em busca de recursos para a capital

Mirella Araújo
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Mirella Araújo
Publicado em 24/08/2020 às 22:02
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Para o pré-candidato a Prefeito do Recife, as conversas a respeito dos espaços que cada partido da Frente Popular do Recife irá ocupar na chapa deve ser discutido dentro do prazo das convenções partidárias - FOTO: TVJC
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Pré-candidato a prefeito do Recife pelo PSB, o deputado federal João Campos afirma estar preparado para administrar a capital pernambucana, caso seja eleito. Segundo ele, o fato de ser jovem não é um defeito, como tem sido mencionado por opositores. O socialista, que tem 26 anos e foi eleito como o deputado mais votado da história de Pernambuco para a Câmara dos Deputados, em 2018, relembra que a juventude teve papel importante em acontecimentos históricos, como na luta contra a ditadura militar e pelas eleições diretas.

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Apesar de representar a continuidade da gestão municipal do prefeito Geraldo Julio, que concluirá oito anos à frente do Executivo, João Campos também rebate a crítica de que o PSB teria instaurado uma verdadeira dinastia em Pernambuco, já que possui uma herança política herdada pelos ex-governadores Miguel Arraes (avô) e Eduardo Campos (pai). Inclusive, esse fato tem sido pontuado pelos pré-candidatos da oposição, que afirmam haver uma fadiga da população em relação à extensão de poder do PSB tanto a nível municipal quanto estadual.

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 “Quando se fala em monarquia e capitania hereditária ou é ingenuidade ou má fé, ou desconhecimento. Importante relembrar, que quando Eduardo Campos foi governador de Pernambuco e depois candidato a presidente da República, tinha uma amplíssima aprovação no Estado. Vamos lembrar quem ele apoiou para o Senado. Ele apoiou Armando Monteiro Neto (PTB), Humberto Costa (PT), depois apoiou o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB). Ele apoiou para prefeito Geraldo Julio e para o governo do Estado, Paulo Câmara, ninguém da família”, declarou Campos, nesta segunda-feira (24), em entrevista ao Resenha Política, transmitido pela TV JC, que tem realizado uma série de lives com os pré-candidatos à Prefeitura do Recife.

Para Campos, se o PSB continua sendo eleito é porque, justamente a população, tem aprovado a gestão. “Estamos aqui pela democracia e eu defendo a democracia. Não existe o conceito como esse, que além do ponto de vista errado, quando formos olhar para os movimentos históricos, é um desrespeito com quem exerce seu voto democrático, com quem nos colocou até aqui”, disparou.

ALIANÇAS

Com a proximidade do período das convenções partidárias, que será iniciado a partir do dia 31 de agosto, as movimentações para selar as alianças têm se intensificado. O PSB tradicionalmente detém o maior arco de apoio na corrida municipal, com a Frente Popular do Recife. Além dos apoios declarados recentemente pelo MDB e Republicanos, o partido agora aguarda a sinalização positiva do PSD, que deve ocorrer ainda nesta semana - os diálogos internos estão sendo finalizados e a indicação deverá ser pela permanência no na Frente.

Sobre as dissidências do bloco governista, como o PT, que lançou com apoio do seu diretório nacional a pré-candidatura da deputada federal Marília Arraes, o parlamentar avalia que essa é uma decisão autônoma do partido e que precisa ser respeitada. No caso do PDT,  mesmo com as pré-candidaturas do deputado federal Túlio Gadêlha e da ex-secretária de Habitação do Recife Isabella de Roldão, ainda não tem a saída do palanque socialista totalmente concretizada.

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A ex-secretária, inclusive, já se colocou à disposição para compor a vice com João Campos, endossando o discurso que têm sido empregado pelo socialista, de que o momento é de construção de pontes. “No processo de construção na política, primeiro se constrói um conjunto de ideias e forças, antes de discutir quais serão os espaços que eventualmente serão ocupados. Então você primeiro consolida a frente, para depois consolidar os espaços que serão ocupados”, afirmou.

Sem credenciar favoritismos, o socialista ressaltou que todos os partidos que compõem a Frente Popular do Recife possuem nomes qualificados que representam o sonho das pessoas e lutas históricas.

A coordenação de campanha de João Campos também está se desenhando. Entre os nomes convocados para auxiliar nesse processo está o do secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico. “Depois do expediente, como cidadão, vou ajudar sim na campanha e irei montar uma equipe para trabalharmos com as lideranças dos vereadores e dos pré-candidatos. Nossa participação e engajamento será ao máximo e vamos conversar com todos”, afirmou o gestor ao JC.

Um planejamento tem sido montado para que os coordenadores possam atuar em diversas áreas da cidade, dividido por zonas. No caso de Eurico, ele ficará responsável pela 159º zona, ligada à região Oeste da Cidade. “Essa é uma ação voluntária. Eu tenho uma trajetória na cidade, tenho uma vida com Recife. As escolhas têm sido feitas em função da experiência. O PSB tem uma militância concreta e orgânica no Recife”, afirma o secretário.

Em reserva, um socialista explicou que a escala dos coordenadores ainda não está oficializada e que nos próximos dias devem ocorrer algumas reuniões para tratar das estratégias do grupo, que tem nomes tanto do governo do Estado, quanto da Prefeitura do Recife. Entre estes quadros estaria o secretário de Educação e Esportes, Fred Amâncio. No entanto, o secretário negou que esteja participando da coordenação de campanha e declarou que esse é um assunto que deve ser tratado diretamente com o PSB.


RELAÇÃO COM O GOVERNO FEDERAL

Com posicionamento claro de oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), quando questionado sobre como se dará a relação na esfera federal e a busca por recursos, João Campos explica que primeiro é preciso diferenciar os interesses em prol da cidade, das bandeiras partidárias.

A fala foi em contraponto à pré-candidata delegada Patrícia Domingos (Podemos), que no domingo (23) esteve reunida com a Associação dos Cabos e Soldados de Pernambuco afirmando que “eleita, vou para Brasília buscar tudo que for benefício junto ao governo federal”. Ela também declarou que, por questões ideológicas, existe uma “guerrinha” entre o Executivo e o governo Bolsonaro.

“Não terei problema em dialogar com o governo federal, porque a institucionalidade é necessária para o exercício de um governo, para realização das obras, da infraestrutura, melhoria em diversas áreas que a cidade vai precisar”, declara. João Campos cita como exemplo o ex-governador Eduardo Campos, que trabalhou pela união de forças políticas para tirar os projetos dos papeis.

Na avaliação do parlamentar, a respeito da relação que o prefeito Geraldo Julio mantém com o governo federal, o verdadeiro desafio está no pacto federativo. “A gente fala isso há muito tempo. Nós temos uma disfunção de recursos no Brasil, que faz com que a União arrecade mais e tenha menos despesas obrigatórias”, pontuou. Enquanto o município é responsável pela sustentação das escolas municipais, postos de saúde, obras de infraestrutura urbana, com uma arrecadação muito menor.


PROJETOS PARA O RECIFE

Ao elencar a maior problemática que o Recife enfrenta atualmente, durante a sabatina do Resenha Política, o pré-candidato a prefeito João Campos enfatiza a questão da desigualdade social. No entanto, o argumento comparativo utilizado pelo socialista, para tratar da temática, é a crise no cenário nacional.

“Nós temos uma cidade que é desigual como todo o País. E a desigualdade causa desafios imensos em todas as áreas transversais, então, nós temos isso e a renda, que serão um grande desafio. São mais de 600 mil recifenses que têm uma renda per capita inferior a meio salário mínimo e isso cria um grande desafio para a cidade”, explicou o socialista.

Entre suas propostas, Campos aponta para investimentos na área de educação e formação profissional ampliando a inserção de mercado, principalmente das pessoas mais jovens, que estão em busca do primeiro emprego. O pré-candidato também afirma que é preciso reconhecer o que foi feito ao longo destes quase oito anos, desde que Geraldo Julio assumiu o Executivo municipal, mas aproveitou para fazer críticas à gestão anterior, em que a prefeitura era comandada pelo PT - inclusive, o prefeito na ocasião era João da Costa e o vice-prefeito era Milton Coelho (PSB).

“Você lembra uma cidade onde não tinha um Hospital da Mulher, não tinha Compaz, Escola do Futuro, Via Mangue, Faixa Azul, onde não tinha várias obras de infraestrutura e programas em áreas centrais como educação, que hoje tem. Muito foi feito, mas sempre haverá o que fazer”, afirmou Campos.

Sobre a problemática da habitação, o parlamentar também trouxe as dificuldades do cenário nacional para justificar o processo, muitas vezes demorado, de tirar projetos do papel. Em 2012, o prefeito Geraldo Julio havia prometido entregar os habitacionais Encanta I e II para abrigar 600 famílias que vivem em palafitas, na Comunidade do Bode, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife. No último ano de gestão do seu segundo mandato, as obras foram retomadas, na última quarta-feira (19).

“O déficit habitacional é um problema do Brasil, assim como o déficit de creches. Você pega 1,7 milhão déficit de vagas de creches que existe no País, 7,5 milhões de déficit habitacional no Brasil. Então não vai ser diferente nas grandes cidades, mas sim ter um compromisso de fazer de maneira efetiva”, declarou. “Ali (no Aeroclube) era um terreno da União, cedido ao governo do Estado, depois a prefeitura teve que adquirir, dar entrada no Programa Minha Casa Minha Vida. Não havia sido autorizado no governo da presidente Dilma Rousseff (PT), depois foi autorizado no final do governo do presidente Michel Temer (MDB), e não teve licença para construir no governo Bolsonaro. É um processo burocrático, que demora muito”, complementou.

RESPIRADORES 

Durante o Resenha o Política, João Campos foi questionado sobre as operações da Polícia Federal (PF), que investigam supostos contratos irregulares firmados pela Secretaria de Saúde do Recife, para compra de respiradores destinado ao tratamento de pacientes em situação grave, decorrente do novo coronavírus (covid-19).

Em resposta, o socialista explica que defende os órgãos de controle e o estado democrático de direito. “As investigações e os processos administrativos são importantes e fazem parte para a estabilidade democrática. O PSB governa o Estado de Pernambuco, governa a Prefeitura do Recife, não teve em todos esses anos nenhum gestor condenado por ato que foge aquilo que deve ser feito no dever democrático”, defendeu.

Para João Campos, a oposição usou de oportunismo para tratar a questão, já que a transparência do Executivo municipal tem sido premiada internacionalmente. “A Prefeitura fez uma aquisição com o compromisso de que a empresa iria se certificar, ela não se certificou, foi devolvido o dinheiro e os equipamentos. Quanto a isso não há nenhum problema”, disparou.

 

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