ELEIÇÕES 2020

Ibope/JC/Rede Globo: Guia eleitoral e intensificação das campanhas consolidam liderança e embaralham 2º lugar no Recife

Segunda rodada da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo apontou crescimento de 10 pontos percentuais do candidato João Campos (PSB)

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Publicado em 16/10/2020 às 6:00 | Atualizado em 16/10/2020 às 10:21
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Pesquisa para prefeito do Recife nas eleições 2020 - FOTO: Artes/SJCC

A intensificação das campanhas na rua e o início do guia eleitoral foram decisivos para a mudança de quadro na segunda pesquisa Ibope/JC/Rede Globo, na avaliação de especialistas. a nova rodada do levantamento, feita entre entre os dias 13 e 15 de outubro, foi divulgada ontem e trouxe um avanço de 10 pontos percentuais nas intenções de voto para o deputado federal João Campos (PSB), levando-o à liderança com 33%. Ainda assim, a disputa pela prefeitura do Recife segue em empate técnico em relação à segunda colocação. O candidato Mendonça Filho (DEM) apresenta 18% das menções, Marília Arraes (PT), 14% e a Delegada Patrícia Domingos (Podemos) pontua 13%, resultado que coloca todos dentro da margem de erro.

Foram entrevistados presencialmente pelo Ibope 1001 votantes do Recife. A margem de erro máxima estimada é de três pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral com o número PE08776/2020. O levantamento foi encomendado pelo Jornal do Commercio e Rede Globo.

Com 1% das intenções de voto estão Claudia Ribeiro (PSTU), Coronel Feitosa (PSC) e Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB). Carlos (PSL) também atinge agora 1% das menções (tinha 0% no levantamento anterior). Charbel (Novo) e Thiago Santos (UP) novamente são mencionados, mas não chegam a atingir 1%. Victor Assis (PCO) não foi citado neste levantamento. Os entrevistados que declaram intenção de votar em branco ou anular o voto somam 14%, ao passo que 3% não sabem ou preferem não responder (eram 22% e 7%, respectivamente, na pesquisa anterior).

O crescimento de João Campos nas intenções de voto já era esperado. “No caso de João Campos, observamos o histórico. Ele vem de um arco de aliança muito amplo, que garante tempo de televisão e acesso a recursos de forma diferenciada em relação aos outros. Ele também tem o apoio explícito tanto do prefeito quanto do governador, embora não tenha usado, visualmente falando, sabemos que isso é muito importante no aspecto das alianças e recursos. Esperava-se um crescimento, à medida que ele fosse se apresentando, com o tempo de TV, levando em conta tudo dentro dessa lógica que eu falei”, avalia o professor do Departamento de Ciência Política da UFPE Ernani Carvalho.

A mesma percepção é tida pela cientista política Priscila Lapa, que atribui ao guia a possibilidade de maior conhecimento dos próprios candidatos e suas propostas, refletindo para alguns um deslocamento positivo e, para outros, uma estagnação quanto à evolução dos números.

“Eu avalio essa segunda rodada como realmente refletindo o início da campanha eleitoral em si, não só do guia. Nessa segunda rodada começa-se a consolidar essa dianteira de João, ao mesmo tempo que a gente começa a ver os candidatos que parecem, ao eleitor, nomes mais estagnados, que são exatamente Mendonça (Filho, DEM) e Marília (Arraes, PT). Eles não conseguiram ter um deslocamento maior dessa intenção de voto de maneira favorável”, aponta.

Ainda segundo Priscila, no movimento inverso à estagnação, está, além do candidato socialista, a candidatura da Delegada Patrícia Domingos (Podemos). “Ela está ali na margem de erro, mas tem uma movimentação de crescimento. Então a gente pode pontuar que até o momento a campanha deslocou as movimentações do eleitorado em favor de João e da Delegada”, reforça.

A movimentação em relação à intenção de votos na candidata do Podemos mantém embolada a disputa pelo segundo lugar e, consequentemente, à candidatura de oposição que poderá chegar a um segundo turno. Na primeira pesquisa, divulgada no dia 2 de outubro, o deputado federal João Campos (PSB) e o ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM) estavam tecnicamente empatados na liderança com, respectivamente, 23% e 19% das intenções de voto. Mendonça Filho também aparecia em empate técnico com Marília Arraes (PT), citada por 14% do eleitorado na primeira pesquisa. Na terceira posição, o empate técnico ainda prevalecia entre a candidata do PT e a Delegada, que aparecia com 11% das intenções de voto.

“O que temos de diferente nesta pesquisa é a variação de João Campos, a única fora da margem de erro. Os outros oscilam, Mendonça tem redução nominal, mas não chega a consistir em queda, Marília continua com 14% e Patrícia também sobe nominalmente, mas continua dentro da mesma margem de antes”, detalha o professor da UFPE e cientista político Arthur Leandro.

Com a disputa da segunda posição entre duas candidaturas à direita e uma à esquerda que, segundo os números do Ibope, mantém-se em estagnação, a possibilidade de um segundo turno entre esse dois pólos ganha iminência, abrindo espaço também para a discussão sobre a insatisfação com a classe política como um todo.

“Esse crescimento de João e movimentação de Patrícia, acho que demonstra que não necessariamente será direita contra a esquerda, como foi a eleição de 2018. Acho que vai ser mudanças das continuidades, de um novo perfil, ela representa o algo novo, ela tem polarizado isso no discurso, afirmando que é a única que pode derrotar o PSB. Realmente, ela é a novidade do momento que pode fazer frente a esse poderio da máquina da estrutura de João. Esse talvez seja o dado mais expressivo do que a intenção de votos dela”, diz Priscila.

REJEIÇÃO

A segunda rodada da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo também mostrou que os candidatos a prefeito do Recife João Campos (PSB) e Mendonça Filho (DEM) tiveram uma melhora de seis pontos em relação à rejeição, mas, ao lado do Coronel Feitosa (PSC), ambos ainda são os mais rejeitados pelos eleitores recifenses.

“Os candidatos que lideram a intenção de voto também lideram a rejeição, mas é interessante, pois os dois tiveram redução sensível com o começo da campanha. Isso mostra que a estratégia de comunicação tem sido eficaz em reduzir essa rejeição, que é o grande desafio, pois é um fator determinante no segundo turno, quando o voto decisivo vai para o ‘menos pior’, é um feito notável e sinaliza uma tendência no sentido de cristalizar a posição deles sendo os possíveis nomes num eventual segundo turno”, explica Arthur Leandro.

Na primeira rodada do levantamento, João e Mendonça tinham 36% de rejeição, cada. Agora, ambos pontuaram 28%, quando os eleitores foram questionados sobre em "quem não votariam de jeito nenhum". Já Feitosa possuía 17% de rejeição e, agora, vê esse número subir para 28%.

A candidata do PT, Marília Arraes, tinha rejeição de 20% na primeira pesquisa e viu esse índice diminuir um ponto, indo para 19%, dentro da margem de erro. Charbel (Novo) viu a rejeição dobrar de 11% para 22%. Carlos Andrade Lima (PSL) foi de 11% para 21%, assim como Victor Assis (PCO). Thiago Santos (UP) aumentou a rejeição de 10% para 21%. As menores rejeições ficaram com o candidato Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB), com 18%, Cláudia Ribeiro (PSTU), com 15%, e Delegada Patrícia (Podemos), com 14%. Os entrevistados podem citar mais de um candidato.

 

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