ELEIÇÕES 2020

Ibope/JC/Rede Globo: pesquisa consolida indicativo de segundo turno e deve impactar estratégias de candidatos que disputam a segunda colocação

O candidato João Campos (PSB) permanece à frente na disputa pela Prefeitura do Recife, com 31% das intenções de votos

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Publicado em 30/10/2020 às 6:00 | Atualizado em 30/10/2020 às 16:23
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Pesquisa para prefeito do Recife nas eleições 2020 - FOTO: Artes/SJCC

A terceira rodada da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo, divulgada ontem, mostrou que o candidato João Campos (PSB) permanece à frente na disputa pela Prefeitura do Recife, com 31% das intenções de votos. A pouco mais de 15 dias para os eleitores irem às urnas, o levantamento já consolida os indicativos de que o novo prefeito da capital pernambucana só será conhecido no segundo turno da eleição. Considerando a margem de erro do estudo (três pontos percentuais para mais ou para menos), novamente não é possível afirmar quem ocupa a segunda posição na disputa. O empate técnico permanece entre Marilia Arraes (PT), que cresceu quatro pontos percentuais acima da margem de erro, e detém 18% das intenções; Delegada Patrícia (Podemos), citada por 16% dos eleitores, e Mendonça Filho (DEM), que recuou cinco pontos percentuais acima da margem de erro, e aparece agora com 13% das intenções de votos. A situação embolada entre três candidatos deverá impactar diretamente as estratégias das campanhas, recentralizando as discussões entre aqueles que desejam polarizar a disputa com o PSB.

A pesquisa Ibope/JC/Rede Globo foi realizada entre os dias 27 e 29 de outubro de 2020. Foram entrevistados presencialmente 1001 votantes do Recife. A margem de erro máxima estimada é de três pontos percentuais, e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral com o número PE00353/2020. O levantamento foi encomendado pelo Jornal do Commercio e Rede Globo.

Considerando a margem de erro, o candidato do PSB saiu dos 23% na primeira pesquisa, alcançou os 33% na segunda rodada e, agora, oscilou 2 pontos percentuais, mantendo-se com 31% das intenções de voto. Na disputa pelo segundo lugar, houve crescimento acima da margem de erro apenas da candidata Marília Arraes (PT), que passou dos 14% na primeira e segunda rodadas para 18% nesta última pesquisa. A Delegada Patrícia Domingos (Podemos) pontuou 16%, crescendo três pontos percentuais frente à segunda rodada do levantamento, quando tinha 13% das intenções de voto, e 5 pontos percentuais vide os 11% registrados na primeira pesquisa. Mendonça Filho (DEM) recuou acima da margem de erro, caindo cinco pontos percentuais. Tinha 19%, depois foi a 18%, mas, agora, aparece com 13% das intenções.

Os demais candidatos - Claudia Ribeiro (PSTU); Coronel Feitosa (PSC), Marco Aurelio Meu Amigo (PRTB); Carlos (PSL); Charbel (NOVO) e Thiago Santos (UP) – obtiveram até 1% de respostas, cada. Victor Assis (PCO) mais uma vez não foi citado.

“Com essa terceira rodada da pesquisa, ficou um pouco mais clara a questão das tendências. Podemos afirmar que dificilmente a eleição será definida no primeiro turno. Claro que pesquisa é um retrato, isso pode mudar a partir de eventos na trajetória da campanha, mas esses 15 dias finais são realmente decisivos, porque está tudo mais tensionado, e definitivamente a eleição entra na agenda do eleitor. Uma vez que isso acontece, há um acirramento, e nesse cenário pode ter arrancada ou desgaste dos candidatos”, avalia a cientista política e professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda Priscila Lapa.

O acirramento deverá vir justamente daqueles que aparecem com chances de encerrar o primeiro turno na segunda colocação. Nas campanhas veiculadas nesta semana, alguns dos postulantes já recalibraram as miras de suas críticas e, a partir de agora, essa tática deve ser adotada com maior intensidade.

“Na verdade, é a primeira vez em muito tempo que a gente tem uma eleição com esse perfil de quatro candidatos competitivos à Prefeitura do Recife. Tirando a primeira eleição, de 1985, já vão 35 anos dessa eleição em que a gente teve quatro candidatos competitivos. A gente tem uma renovação, pelo menos em termos de nomes, se não em termos de forças políticas, que foi muito definida pelo contexto, pelo colapso definido desde o impeachment de Dilma, isso passa também pela prisão de Lula, pela Operação Lava Jato, pela eleição de Bolsonaro, enfim, a correlação de forças no País que teve efeitos diretos na eleição recifense”, pondera o cientista político Arthur Leandro.

Estratégias

Se levado em conta apenas os votos válidos, hoje João Campos teria 38%, Marília Arraes 22% e a Delegada Patrícia 20%. Mendonça, por sua vez, está com 15%. Os votos brancos ou nulos somam novamente 14% (eram 22% na primeira pesquisa), enquanto os indecisos oscilam agora para 4% (eram 7% e 3%, respectivamente, na primeira e segunda rodada).

“A não ser que a gente tenha uma mudança extremamente significativa, que boa parte dos votos migrem para João Campos, o que parece improvável, a gente pode colocar que teremos segundo turno. Teve agora esse crescimento de Marília, que se dá em parte pela campanha de desconstrução que tem sido empregada. Ela começou a atacar mais João, e isso faz sentido, porque disputa uma boa parcela do eleitorado com ele, de centro-esquerda”, justifica o cientista político e professor da Unicap Antônio Lucena.

Os ataques entre os candidatos da direita também tendem a se intensificar. “A Delegada (Patrícia, Podemos) cresceu dentro da margem de erro, mas também em rejeição, mostrando que agora começou a briga. Ela aparecia como sendo alguém que vinha só de maneira propositiva, mas depois da divulgação de postagens em redes sociais, houve um primeiro movimento de desconstrução de sua imagem, e reação dela. Talvez o eleitor tenha avaliado o quanto essa reação foi à altura dos ataques recebidos. Essa oscilação de agora fala muito sobre o novo momento de posicionamento dela na campanha, como alvo de outros candidatos, que até então miravam só em João”, reforça Priscila Lapa.

Para a cientista política, a oscilação negativa de Mendonça Filho tem a ver com a definição de uma temática para a eleição do Recife, com uma polarização de “continuidade versus mudança”. “Mendonça protagonizou essa polarização com João Campos, mas à medida que outros candidatos foram se tornando mais participativos no processo da campanha, mais conhecidos, o eleitor foi migrando dessa escolha para outro candidato com perfil mais nessa lógica de renovação, que não foi testado antes e não se apresenta como experiência”, pontua.

ELZA FIÚZA/ABR
Tempo é curto para se viabilizar - FOTO:ELZA FIÚZA/ABR

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