Candidata a prefeita do Recife, Delegada Patrícia (Podemos) apresentou suas principais propostas para a educação básica municipal durante live feita pelo Jornal do Commercio em parceria com o Todos Pela Educação, na noite desta sexta-feira (6). Durante a transmissão, a candidata prometeu que, se eleita, deve criar a primeira escola municipal focada em crianças com deficiência.
"Temos o projeto piloto de ter a primeira escola especial destinada a crianças com deficiência. Hoje, o Recife não é acessível, a acessibilidade não é discutida e teremos esse olhar de carinho e atenção para que os pais tenham essa opção e as crianças com deficiência tenham atendimento específico voltado para elas", explicou. Ainda assim, a candidata ressalta que defende que é preciso vagas para crianças com deficiência tanto no ensino regular, quanto no especial. "Tem de ter as duas opções, conversei com o grupo Eficientes e uma das pessoas, que é deficiente visual, sempre estudou em colégios convencionais e isso não afetou seu aprendizado. Mas, ouvi relatos de mães de outras crianças que não conseguem seu desenvolvimento, pois têm deficiências que não permitem acompanhar o ritmo dos outros alunos. Cada caso é um caso, queremos dar aos pais uma possibilidade de escolha e aos que precisam de atenção especial, temos esse projeto piloto e, se der certo, pretendemos ampliá-lo", explicou.
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Na entrevista, a candidata ainda foi questionada sobre quem será o secretário de educação de sua gestão, ela não quis cravar o nome, mas disse que gostaria de ter como secretário o criador do Raio-X da educação. Patrícia não quis confirmar o nome, mas o Raio-X foi uma criação do vereador do Recife André Régis (PSDB). Ele é crítico da gestão do PSB no Recife e é professor adjunto da Universidade Federal de Pernambuco. "Tenho uma vontade grande que seja um secretário qualificado na área, experiente, que entenda de educação e que dedicou a vida a estudar o tema. Criou o Raio-X da educação, que é belíssimo e usamos muitas informações. Acompanhei o trabalho dessa pessoa e a pessoa sabe que estou falando dela", disse a candidata.
Confira a entrevista com Delegada Patrícia:
Em meio à pandemia do novo coronavírus, (covid-19), há dúvida sobre o momento correto para o retorno às salas de aula. Questionada sobre qual postura seguir, caso eleita, Delegada Patrícia afirmo que vai seguir as orientações do Ministério da Saúde. "Teremos de aguardar as orientações do Ministério da Saúde e ver como estará a situação no próximo ano. Temos a tentativa de se criar um imunizante, uma vacina, mas como não sabemos como se dará, vamos poder avaliar melhor estando na gestão municipal. Mas, se houver orientação do ministério que seja para que seja mantido (as aulas), seguiremos as orientações, tendo em primeiro lugar a preservação de vida e da segurança das crianças e jovens", afirmou a candidata.
Na visão de Patrícia, há um déficit pedagógico no Recife que foi gerado não só pela pandemia. "Há uma deficiência da educação municipal aqui do Recife com 20 aos de gestão PT e PSB. Segundo o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), apenas um aluno de 100 aprende português adequadamente e, apenas, dois de 100 aprendem matemática adequadamente no ensino fundamental. Infelizmente, crianças e jovens saem sem aprender a ler e fazer conta. O que causa isso é o foco na aprovação automática e não no aprendizado do aluno. Querem aprovar a todo custo e não há avaliação desse aprendizado. Então, queremos que esse déficit seja corrigido com foco no aprendizado, com métricas de avaliação ao longo do ano e bonificando profissionais de educação que consigam atingir as metas. Não adianta formar aluno sem preparo e jogá-lo no mercado de trabalho, ele não vai se inserir", afirmou a candidata a prefeita do Recife.
Em mais de uma oportunidade, a delegada criticou a gestão do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), por uma suposta falta de diálogo com o governo Jair Bolsonaro. Para Patrícia, falta uma relação institucional. "A gestão da cidade trava guerra ideológica com o governo federal e isso faz com que os munícipes, os moradores da nossa cidade, tenham prejuízo. Sem relação institucional, quem perde é a população. Defendo o bom relação institucional com o governo estadual (de Paulo Câmara) e, principalmente, com o federal", disse a candidata. Na visão de Patrícia, há um desencontro de informações de retomada das aulas presenciais por conta desse "viés ideológico" da gestão atual. "É preciso tomar decisão sem viés ideológico, que se discuta de forma técnica, com base em dados científicos, para decidir se é seguro a retomada das aulas", completou.
Confira imagens de Delegada Patrícia durante a entrevista:
Um dos assuntos mais repetidos por todos os candidatos é a necessidade de ampliação de vagas de creche no Recife. Durante a entrevista, a delegada voltou a afirmar que uma cidade que não tem vaga de creche para todas as mães deixarem seus filhos, é uma cidade que não respeita a mulher. A candidata vem reforçando isso durante a campanha à Prefeitura do Recife e diz que, se eleita, criará o programa 'Cidade Delas', que deve contar com ações voltadas para o universo feminino da capital, entre elas, a ampliação das creches.
"Uma das propostas é a implantação de creches onde não tem, são 56 bairros sem creche, e pretendemos ampliar as vagas onde já tem. Vamos levantar as vagas necessárias, dado que a prefeitura não tem. Quando falo que vaga em creche tem a ver com violência, me perguntam como. Mas, como delegada, vi que mulheres se submetes a marido agressor por dependência financeira, isso na maioria dos casos. São mulheres que tiveram de deixar de estudar e trabalhar e, hoje, se separarem do companheiro, vão para debaixo da ponte com as crianças. Queremos as mães com independência financeira, elas precisam de vaga para estudar e trabalhar. Outro ponto é que o período de maior desenvolvimento é de zero a três anos de idade, a neurociência estuda isso, mas temos crianças sem acesso a creche, temos demanda gigantesca, crianças jogadas em casa, mães que pedem para vizinho cuidar, pede para um amigo, a criança não fica em segurança. A prefeitura precisa ser responsável para deixá-los em um lugar com segurança", disse.
Se em anos normais, os prefeitos já batem à porta do governo federal em busca de recursos, isso tende a se intensificar diante de uma pandemia. Assim, Patrícia foi questionada sobre como financiar seus projetos para a educação como construção de creche. "Tivemos a permanência do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), que foi uma alegria, a verba continua obrigatória, o aporte do governo federal, fora a verba do município. A gestão tem obrigatoriedade de disponibilizar 25% da arrecadação para a educação, em 2020, falamos de arrecadação de 6 bilhões de reais, então, pelo menos, um bilhão e meio de reais deve ir para a educação e não vemos esse valor investido hoje. Os dados da prefeitura não são claros e quem vivencia sabe disso. São escolas em casas improvisadas, um terço sem quadra poliesportiva, ouvi relato de falta de água em creche, falta de luz, banho em criança com detergente, pois não tem sabonete. Para onde vão os recursos? Vamos auditar como foi gasto esse recurso nas gestões anteriores, com esse valor da para ter estrutura adequada aos profissionais e crianças", afirmou a candidata.
Delegada Patrícia também comentou as propostas que apresentou à Associação dos Auxiliares de Desenvolvimento Infantil do Recife. Segundo a candidata, é preciso que os concursos para esse cargo requeira a formação no magistério.
"Conversei com segmentos que tratam de pessoas com deficiência e uma das queixas dos agentes de desenvolvimento da educação especial é que o quantitativo de profissionais é de 311 para aproximadamente 3900 crianças, são crianças com deficiência, sem assessoramento especial para sua adaptação. Estão em sala de aula com aprendizado reduzido e prejudicado. Além disso, esses profissionais não tem reconhecimento de categoria ligada à pedagogia, pois não há exigência para formação na educação. Assumi com eles o reconhecimento pedagógico e ampliação dessa categoria com contratação. Mas, há limitação do governo federal até 31 de dezembro do próximo ano de não haver aumento com pessoal, foi um compromisso assumido em razão da ajuda dada aos municípios na pandemia. Após o primeiro ano, no qual vamos ajustar as contas, sobrará recurso para investir nesses profissionais a partir de 2022, com concurso exigindo magistério e qualificando os que estão trabalhando hoje", afirmou.