Candidato a prefeito de Caruaru, Raffiê Delon diz que poder público não pode ser refém da Compesa, "tem que ser parceiro", em debate da TV Jornal

No entanto, o candidato chamou atenção para que, "a partir do momento que o nosso munícipe seja penalizado, está na hora do confronto"
Alice Albuquerque
Publicado em 11/11/2020 às 17:07
Candidato a prefeito de Caruaru em debate da TV Jornal, Raffiê Delon (PSD) Foto: REPRODUÇÃO/TVJC


Em único debate televisivo dos candidatos a prefeito de Caruaru que aconteceu nesta quarta-feira (11), faltando apenas quatro dias para as eleições, o candidato Raffiê Delon (PSD) ressaltou que Caruaru tem 54% de atendimento de esgoto e "o que não pode é o poder público ficar refém da Compesa e ao Deus dará, ele tem que ser parceiro". 

Em resposta a pergunta do Delegado Lessa (PP) sobre as propostas para pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social, Raffiê afirmou que o número de pessoas em situação de rua está aumentando e será criada a "primeira casa de acolhimento do caruaruense". "As pessoas que estão na rua não é porque querem, é porque não existe programa de habitação linkado com a Secretaria de Habitação do governo do Estado e da esfera federal que venha a dar essa condição mínima de dignidade e família. O emprego é o principal programa social que qualquer temática possa abranger".

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Na réplica, Lessa lembrou ter coordenado uma audiência pública na Alepe para descobrir qual é o principal problema da população em situação de rua e que foram apresentados dois projetos de lei. "Filhos das pessoas em situação de rua, crianças e adolescentes, vão ter prioridade em escolas em tempo integral em Pernambuco. Pra caruaru, a gente quer fazer um restaurante popular, para oferecer para as pessoas refeições, alimentos a preços módicos".

Em seguida, Delon apresentou dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e que o auxílio emergencial será suspenso em dezembro, desacobertando várias famílias. "Nosso desafio é fazer uma eleição pensando nas próximas gerações. É muito delicado quando passamos na Rio Branco ou 15 de novembro de madrugada q observar crianças, adolescentes e mulheres nos sinais pedindo comida, dignidade".

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Raffiê questionou ao candidato Marcelo Rodrigues (PT) qual seria o remédio para tratar a deficiência nas escolas com relação aos dados da última Prova Brasil, que apenas 11% dos alunos atingiram a resolutividade em matemática no município e, de acordo com ele, a média nacional é de 70%. Por sua vez, o petista afirmou que devem ser feitos concursos públicos e o dinheiro da educação tem que ser investido nela.

Em réplica, Raffiê comentou ter estudado em escola pública e falou sobre a valorização dos professores pelo Plano de Cargos e Carreiras. "Somados também a preparação do estudante que está encerrando o fundamental, indo para o médio e, consequentemente, o vestibular. O cursinho popular será ampliado na área urbana e também iremos criá-lo na Zona Rural".

Na etapa que as candidatas a vice prefeita perguntavam aos candidatos, a candidata a vice Ailza Trajano (PCdoB) da chapa do candidato Marcelo Gomes (PSB), questionou quais são os projetos para a educação e para as mães da cidade, tendo em vista que as mulheres são as mais prejudicadas na pandemia e as crianças de Caruaru estão sem merenda.

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Raffiê ressaltou que "com fome não se brinca" e um dos pontos principais do plano de governo é a questão da merenda, já que o município é detentor de mais de 40 mil alunos. "Não é possível que uma prefeitura do porte de Caruaru não tenha o mínimo de capacidade administrativa para fazer licitação de merenda, e que a Justiça tenha que obrigar o poder público municipal a dar a merenda. A partir de janeiro, teremos a merenda inicial, quando o aluno chega na escola e já merenda, tendo o lanche novamente às 10h".

Delon pontuou, ainda, que, em parceria com a rede privada, vai liderar o centro municipal do empreendedorismo da mulher caruaruense "para inserir a mulher no mercado de trabalho".

Já a candidata a vice Roberta Antunes (PSD), da chapa puro sangue com Raffiê, questionou ao candidato Delegado Lessa quais serão as propostas de governo para a saúde na cidade. Por sua vez, Lessa reafirmou seu compromisso com Caruaru, "precisamos de uma UPA pediátrica, municipalizar o Hospital da Mulher, entregar a maternidade municipal".

Em tempo, a candidata comentou que a coligação deve implantar uma clínica da saúde feminina no bairro do Salgado. "Que tem uma população maior que muitas cidades do interior do Estado. Você, mulher que está grávida e não pode ter seu filho em Caruaru, vamos construir a maternidade municipal e implementar a clínica com especialização em síndromes intelectuais".

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Questionado pelo candidato Marcelo Gomes (PT) sobre o que deve ser feito para a política de distribuição de água, Raffiê foi direto e afirmou que gosta de trabalhar com números. "Apenas 54% do município tem atendimento do esgoto. O que não pode é o poder público ficar refém da Compesa e ao Deus dará. Ele tem que ser parceiro da Compesa, sim. Mas a partir do momento que o nosso munícipe está sendo penalizado, está na hora do confronto".

O petista replicou que pretende construir um cronograma com a Compesa e explicou que ela deve ter o tempo previsto para atender o saneamento ambiental e distribuição de água. "Sabemos que temos a adutora do Agreste, que foi começada com o governo Lula e está próxima a cidade. Vamos ver o cronograma, se a Compesa não fizer o que está tratado, vamos romper o contrato e estabelecer uma nova empresa".

Raffiê completou, ainda, que é necessário uma articulação com o governo do Estado e federal. "Temos o Ministério do Desenvolvimento Regional, feito para a gente levar a questão sanitária para a comunidade. Entre os três anos, não tivemos sequer um ofício protocolado para tentar ter um resgate da dignidade da nossa gente, sem esquecer da nossa área rural extensa, onde o saneamento não chega", criticou.

Impostos de Transmissão de Bens Imóveis foi o que pautou a pergunta de Delon ao candidato Marcelo Gomes (PSB), que afirmou que devem ser colocadas tecnologias que facilitem o processo, "a gente não pode admitir hoje que a pessoa passe 15 ou 30 dias para receber uma certidão", comentou, e disse que a pergunta foi uma "pegadinha" para ele.

Em pequeno confronto, Raffiê pontuou "se você acha que é brincadeira, infelizmente não sabe a importância desse imposto". "Não venham falar em incompetência, onde o candidato que não teve competência sequer de fazer sua coligação proporcional, imagine querer administrar uma cidade. A espera do ITBI não é de 15 dias, são cerca de seis meses, o que deve ser feito é dobrar o número de vistoriadores para dar agilidade aos processos burocráticos de Caruaru. Eleição é coisa séria, é necessário a gente ter firmeza e dignidade. Pegadinha a gente deixa para quem tem compromisso", alfinetou.

Questionado por jornalistas do SJCC sobre ter concorrido na última campanha como candidato a vice prefeito do deputado estadual Tony Gel, que está fora da disputa e decidiu apoiar a candidatura do socialista, Delon afirmou sentir orgulho de ter sido candidato a vice prefeito na chapa do deputado. "Muita gente pergunta se eu não me acho traído, muito pelo contrário, ele votou em uma opção que é um candidato a vereador ligado ao governo do Estado, isso é da democracia".

Nas considerações finais, Raffiê Delon lembrou da importância do voto válido e pediu que os eleitores que estão em dúvida em quem votar, façam um comparativo. "Compare quem está pronto, não só para ser candidato, mas ser prefeito e liderar um processo de transformações nas nossas vidas. Seu voto é muito importante, chega desse negócio de dizer que o voto não vale a pena e não faz diferença. Seu voto transforma a cidade. Me preparei muito para estar aqui, não caí de paraquedas, me especializei em toda a situação da nossa comunidade tanto na Zona Rural quanto na Zona Urbana. O debate é muito importante, é rico e é quando a gente reconhece que verdadeiramente está pronto para o desafio", finalizou.

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